quinta-feira, dezembro 26, 2024

Desafios da eletrificação de frotas: uma análise entre FedEx e DHL

A FedEx possui, no mundo, uma frota com mais de 80.000 veículos, além de cerca de 700 aviões. No Brasil, ela anuncia que investiu em 15 motos elétricas para compor a frota, complementando a frota com 10 vans elétricas.

Se uma empresa que tem faturamento anual equivalente a R$ 454 bilhões está insegura para investir em veículos elétricos, como as empresas de transportes menores estão? Entendemos que o 25 veículos elétricos na frota da FedEx é um teste, não uma renovação de frota. E existem razões para essa insegurança, no mundo todo. No Brasil, mais ainda.

É só ver como os moradores de São Paulo que estão vivendo apagões nos últimos meses. O conflito foi judicializado por prefeitos, ministérios públicos, Procon, entidades de proteção do consumidor, empresas prejudicadas pela falta de energia e consumidores finais.

O problema é muito complexo, e virou um conflito gigante entre a Enel e o prefeito de São Paulo. Além disso, de muitas cidades do interior paulista. O mesmo em Minas Gerais com a Cemig. E o mesmo em diversos estados do Brasil. Ou seja, não adianta ter bons veículos elétricos, ter uma produção de energia sustentável se não há infraestrutura segura para entregar a energia para o consumidor final.

É um questionamento importante, pois, temos há problemas na eletrificação de frotas que precisamos entender.

Planejado x executado

Pelos planos anunciados pela Ambev com a Volkswagen Caminhões e Ônibus, a frota de caminhões VW e-Delivery (primeiro e único caminhão 100% elétrico a bateria fabricado no Brasil) teria que ter 1.600 unidades na frota. Dezembro de 2023 já passou e a meta não foi cumprida nem em 20%. Segundo a Anfavea (associação dos fabricantes), em 2023, foram emplacados 465 caminhões e ônibus, bem menos do que as 749 unidades de 2022. E a maioria é de modelos importados da China.

FedEx
Fonte: Carta da Anfavea de janeiro de 2024

Há muitos gargalos

Existem problemas que precisam ficar mais claros para a sociedade. A FedEx promete um investimento até 2040 para ter 100% da frota com veículos elétricos. Pode ser se o investimento for exponencial. Pelo que estamos assistindo no presente, será muito desafiador ter uma frota com veículos 100% elétricos. Há investimentos em infraestrutura de recarga de veículos elétricos? Sim, mas precários.

Na semana passada, a Volvo Cars Brasil anunciou uma parceria com o McDonald’s para ter carregadores nas lojas de sanduíches. Os carregadores são de baixa potência, de 7,4 kW e 22 kW, os mais baratos e ineficientes. Um carregador de 7,4 kW é vendido por R$ 7 mil no Mercado Livre. Um carregador de alta potência pode chegar a R$ 300 mil, incluindo os custos de instalação. Os preços estão caindo com o aumento da demanda, mas ainda são altos.

A potência e a qualidade da estação de carregamento muda o tempo que o veículo ficará imobilizado para a recarga das baterias. Pode variar de mais de 24 horas para minutos. Quantas horas o cliente ficará comendo sanduíches para esperar a recarga do carro elétrico?

A minha experiência em um eletroposto com carregador de 7,4 kW em uma unidade da Porto Seguro foi de 3 horas para uma carga suficiente para rodar 28 quilômetros. Se eu quisesse a carga completa, eu teria que ficar 19 horas na Porto Seguro. O artigo sobre esta experiência está abaixo.

Para a transição energética ocorrer é preciso fazer mais do que a FedEx está fazendo, pois temos exemplo melhor. A DHL Supply Chain tem apresentado ações mais convincentes, incluindo todas as fontes de biocombustíveis, como biometano e HVO.

Leia também:

DHL anuncia política de transporte verde para a frota, incluindo o Brasil

No Brasil, a DHL já possui 85 veículos de carga elétricos. Ainda é pouco, mas 70 a mais do que a FedEx. No entanto, a DHL tem um plano transparente para a transição energética. Ela anunciou investimento equivalente a R$ 2,8 bilhões para a transição energética só nos países da América Latina, tendo o Brasil como um mercado importante para isso.

Estamos comparando duas gigantes da logística, e não uma gigante com uma média. Podemos comparar duas gigantes do setor de bebidas. Em logística, a AB InBev dá uma surra na The Coca-Cola Company. No Brasil, a Ambev dá uma surra na Coca-Cola FEMSA. É só comparar os números.

Mesmo que a Ambev ainda não tenha alcançado os objetivos para 2023, no setor de bebidas ela é muito superior em logística do que os concorrentes.

Trabalhamos para aprender com os erros e acertos dessas empresas, e esses comparativos de líderes de segmento de mercados nos ensinam muito. E servem para empresas de logística de qualquer porte.

Saiba mais:

Grupo Volvo aposta no hidrogênio para alcançar emissões líquidas zero

No site do Frota News há dezenas e dezenas de artigos sobre o tema para mostrar a evolução da transição energética. A transição energética acontecerá, mas não será fácil e nem barata. Por isso é importante o debate, a busca do conhecimento e, principalmente, o compartilhamento de experiências.

quisesse a carga completa, eu teria que ficar 19 horas na Porto Seguro. O artigo sobre esta experiência está abaixo.

Para a transição energética ocorrer é preciso fazer mais do que a Fedex está fazendo, pois temos exemplo melhor. A DHL Supply Chain tem apresentado ações mais convincentes, incluindo todas as fontes de biocombustíveis, como biometano e HVO.

No Brasil, a DHL já possui 85 veículos de carga elétricos. Ainda é pouco, mas 70 a mais do que a Fedex. No entanto, a DHL tem um plano transparente para a transição energética. Ela anunciou investimento equivalente a R$ 2,8 bilhões para a transição energética só nos países da América Latina, tendo o Brasil como um mercado importante para isso.

Distribuição de bebidas

Estamos comparando duas gigantes da logística, e não uma gigante com uma média. Podemos comparar duas gigantes do setor de bebidas. Em logística, a AB InBev dá uma surra na The Coca-Cola Company. No Brasil, a Ambev dá uma surra na Coca-Cola FEMSA. É só comparar os números.

Mesmo que a Ambev ainda não tenha alcançado os objetivos para 2023, no setor de bebidas ela é muito superior em logística do que os concorrentes.

Trabalhamos para aprender com os erros e acertos dessas empresas, e esses comparativos de líderes de segmento de mercados nos ensinam muito. E servem para empresas de logística de qualquer porte.

No site do Frota News há dezenas e dezenas de artigos sobre o tema para mostrar a evolução da transição energética. A transição energética acontecerá, mas não será fácil e nem barata. Por isso é importante o debate, a busca do conhecimento e, principalmente, o compartilhamento de experiências.

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Marcos Villela Hochreiter
Marcos Villela Hochreiterhttps://www.frotanews.com.br
Atuo como jornalista no setor da mobilidade desde 1989 em diversas redações. Também nas áreas de comunicação da Fiat e da TV Globo, e depois como editor da revista Transporte Mundial por 22 anos, e diretor de redação de núcleo da Motor Press Brasil. Desde 2018, represento o Brasil no grupo do International Truck of the Year (IToY), associação de jornalistas de transporte rodoviário de 34 países. Desde 2021, também atuo como colaborador na Fabet (Fundação Adolpho Bósio de Educação no Transporte, entidade educacional sem fins lucrativos). Em 2023, fundei a plataforma de notícias de transporte e logística Frota News, com objetivo de focar nos temas que desafiam as soluções para gestão de frotas.
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