sexta-feira, dezembro 5, 2025

Monfredini amplia mix com Mercedes e reforça tendência de frotas multimarcas e coloridas

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A Monfredini Transportes, frotista com mais de 30 anos de atuação e forte presença no e-commerce, reforça sua estratégia multimarca ao adquirir 50 cavalos mecânicos Mercedes-Benz Actros Evolution 2045 LS. Do total, 40 unidades chegam com cabinas em cores diferentes — uma decisão que vai além da estética e revela uma tendência que já existiu e está retornando. Esse movimento se insere em movimento crescente: grandes frotistas estão ampliando o mix de marcas e apostando em frotas mais coloridas, apoiadas em fundamentos técnicos, operacionais e até científicos ligados à percepção visual.

A empresa sempre operou com frota majoritariamente formada com Scania e Volvo, além de Volkswagen. Agora, amplia essa diversidade. A opção por uma frota colorida, segundo comunicado da Mercedes-Benz, atende ao desejo do cliente por design moderno. Há quem tenha preferência pelo design de cada marca. Design visual é subjetivo; já o design funcional pode ser avaliado objetivamente — o que não se aplica a este contexto.

Mas há ciência por trás disso: cores comunicam, reforçam percepção de marca, facilitam identificação e impactam até segurança operacional. Nesse ponto, a Monfredini segue uma tendência já observada em transportadoras como Transpanorama e Buzin Transportes, entre muitas outras. Será o início do fim das frotas monocromáticas?

Arthur Monfredini, presidente da empresa, lembra que 90% dos clientes estão no e-commerce, setor que exige disponibilidade, padrão elevado de manutenção, regularidade e confiabilidade da frota. Não é somente o setor de e-commerce que exige tudo isso.

Ainda sobre cores, mesmo que o Mercado Livre tenha preferência pelo amarelo, a Amazon pelo cinza, a Shopper pelo verde e a Shopee, pelo vermelho, como a cor define a escolha de um prestador de serviço de transporte?

Frota colorida ou monocromática não determina, por si só, a eficiência de gestão — que depende de fatores estruturais, muitas vezes além do controle direto da transportadora.

Há vantagens e desvantagens nessas escolhas. As cidades e as estradas ficam mais bonitas e alegres com as cores. Mas há empresas de logísticas bastante eficientes com mega frotas monocromáticas, como a DHL (amarelo), Fedex (branco, laranja e roxo), UPS (marrom), TNT (laranja) e, no Brasil, a Braspress com uma azul único, entre outras.

Quem precisa que a carga chegue na hora certa, não está preocupado com a cor do veículo que vai fazer a entrega. Mas vivemos em sociedade, dividimos espaços em comum, como estradas e ruas. Historicamente, a cor faz diferença, principalmente em dias nublados ou em regiões áridas. Será que investir em uma frota colorida pode ser incluído em uma iniciativa do S (social) da sigla do ESG ou ASG (meio ambiente, social e governança)? É possível argumentar que sim, dado que cores influenciam humor e bem-estar.

Na logística urbana (BC2) há uma escala de prioridade: cumprir o assumido com o cliente; (se o veículo não poluir, melhor); se o veículo for bonito (melhor ainda); se o entregador estiver feliz (melhor ao quadrado), não, necessariamente, nesta ordem.

No e-commerce não há uma escala de preço de frete por causa dos critérios citados no parágrafo anterior. Alguém já viu a seguinte tabela: Entrega no horário R$ 10 com veículo a diesel e Euro 3; entrega no horário com veículo sujo e vermelho e Euro 5 (R$ 9); entrega com um dia de atraso, furgão com 20 anos de uso, branco desbotado, Euro 3 e motorista infeliz (R$ 2); ou entrega com furgão elétrico lançado em 2025, último modelo, motorista exemplar, bem remunerado e satisfeito (R$ 30).

Todos queremos a entrega perfeita pelo custo mínimo — uma equação historicamente impossível de fechar. O mundo sempre foi assim. As áreas de “compliance” estão muito perdidas, pois o mundo perfeito não se constrói em poucos anos. O que não falta no Brasil é exemplos de falhas em compliance. Não por culpa dos profissionais da área, é pela complexidade das relações humanas.

Comecei a refletir sobre assunto a partir de uma entrevista com o Roger Alm, na época, presidente da Volvo do Brasil, e atualmente, presidente mundial da Volvo Trucks. Na época, ele fez um simples comentário que me gerou importante reflexão: “A Volvo busca ser correta em todos os países em que atua, mas no Brasil, as regras mudam diariamente após ler o “Diário Oficial da União”. O que isso tem a ver com este release da Mercedes-Benz e a Monfredini pela lógica do “compliance”?

A boa notícia é que, lentamente, o mundo está mudando. E temos muito aprendizado e não temos respostas para tudo. Por isso, que a Frota News faz um jornalismo baseado na Escola de Jornalismo de Soluções para pesquisar soluções, comparar experiência, questionar releases que se apresentam como informativos, mas muitas vezes funcionam como extensão do marketing institucional. Recebemos dezenas de releases por dia, não publicamos sem fazer uma análise, checar informação e fazer mais apurações.

No entanto, vivemos em um momento, que espero ser passageiro, que há muitas pessoas repassando informações sem fazer um trabalho jornalístico. E há muitas grandes empresas, multinacionais, que preferem e patrocinam digitais influencers e veículos que não tem nenhum compromisso com a checagem e melhoria da informação. Por isso, que a Frota News checa, e mesmo que o release venham de uma multinacional, se tiver falha será questionada.

Só que diferentemente de alguns anos atrás, o jornalista fazia pergunta e recebia reposta com informação. Nos últimos, cada vez menos, temos respostas, apenas releases e, se respostas impossíveis por causa do “compliance”. Compliance está virando falta de transparência com a imprensa, consequentemente, com a sociedade. As empresas, não todas, estão preferindo “digital influencer”, pois não fazem investigações e perguntas difícieis.

O release com ato falho

Monfredini
O site da Monfredini, em renovação, mostra uma tendência para uma frota multicolorida desde a última compra de caminhões Scania

“Precisamos de um equipamento bom, novo, que não quebre e que tenha um pós-venda eficiente”, afirma. Lógico que esta afirmação está no release da Mercedes-Benz, pois, do contrário, seria o mesmo que afirmar que os fornecedores de caminhões concorrentes da Mercedes-Benz não estavam entregando equipamentos bons, novos, que não quebrem e que não têm um pós-venda eficiente”. Comunicado de empresa é sempre assim. Cabe ao jornalista acreditar ou não, ou fazer isso, provocar reflexão.

O comunicado da Mercedes-Benz passa a ideia que a marca é superior e, não ia dizer que todos os equipamentos comprados pelo Arthur Monfredini são bons, quanto um Mercedes-Benz. Neste caso, o problema é de comunicação, e não de equipamento.

A entrada da Mercedes-Benz, diz ele (segundo a Mercedes-Benz foi o Artur quem disse), DEVE inaugurar um relacionamento de longo prazo — ainda que, como ocorre com os grandes frotistas, a estratégia multimarca siga sendo a regra. Agora, a análise chega em uma etapa mais complexa, que nós jornalistas, sabemos por apuração pelos bastidores.

A lógica técnica da decisão

Embora atributos como tecnologia, qualidade, TCO e robustez sejam fundamentais, eles já estão consolidados em todas as marcas premium. Todas as marcas têm o mesmo discurso, e promete as mesmas entregas. Na vida real, há outros fatores para decisão (geralmente em salas com portas fechadas). Por isso, no momento crítico da compra, três fatores costumam prevalecer para grandes frotistas:

  1. Taxa de juros oferecida na operação de financiamento.
  2. Preço final após semanas de negociação.
  3. Prazo de entrega — especialmente em ciclos de produção comprometida.

Esses elementos, mais do que o modelo em si, definem a escolha. Em cenários de alta demanda, fabricantes com produção tomada não precisam conceder descontos. Já quem tem maior disponibilidade e maior capacidade de produção tende a abrir margem comercial. A taxa de juros é o fator mais dinâmico: varia conforme a capacidade financeira do banco, risco de crédito, condições de mercado e estratégias internas, fatores que vão muito além da Selic e spread bancário.

O papel (não decisivo) das cores

Variedade na paleta de cores não pesa na compra, embora contribua para identidade visual e branding. Todas as fabricantes oferecem múltiplas opções: a Mercedes-Benz apresenta sua maior variedade na Alemanha (inclusive para chassis somente na matriz), a Volvo atende globalmente sob encomenda (segundo ela) e a Volkswagen possui o catálogo mais mais concreto e amplo no Brasil. Já fizemos uma apuração sobre isso.

Análise

A decisão da Monfredini reflete a maturidade do setor: frotistas cada vez mais técnicos, combinando eficiência operacional, análise de risco financeiro e planejamento visual estratégico. A escolha da Mercedes-Benz não substitui outras marcas, mas fortalece um modelo de gestão baseado em diversificação, competitividade e disponibilidade — exatamente o que o e-commerce exige.

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Marcos Villela Hochreiter
Marcos Villela Hochreiterhttps://www.frotanews.com.br
Atuo como jornalista no setor da mobilidade desde 1989 em diversas redações. Também nas áreas de comunicação da Fiat e da TV Globo, e depois como editor da revista Transporte Mundial por 22 anos, e diretor de redação de núcleo da Motor Press Brasil. Desde 2018, represento o Brasil no grupo do International Truck of the Year (IToY), associação de jornalistas de transporte rodoviário de 34 países. Desde 2021, também atuo como colaborador na Fabet (Fundação Adolpho Bósio de Educação no Transporte, entidade educacional sem fins lucrativos). Em 2023, fundei a plataforma de notícias de transporte e logística Frota News, com objetivo de focar nos temas que desafiam as soluções para gestão de frotas.
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