O Polo Industrial de Manaus (PIM) está se preparando para atravessar a estiagem amazônica de 2025 sem comprometer suas linhas de produção. A estratégia tem sido antecipar a importação de insumos, evitando gargalos logísticos que nos últimos dois anos afetaram a navegação nos rios da região. Esse movimento, embora motivado por um desafio local, abre uma janela de oportunidades para operadores de transporte e logística em outras partes do Brasil, já que a demanda por alternativas de escoamento e abastecimento tende a se intensificar.
Segundo o Centro da Indústria do Estado do Amazonas (CIEAM), o faturamento da Zona Franca de Manaus (ZFM) já alcançou R$ 99 bilhões no primeiro semestre de 2025, alta de quase 14% em relação ao ano anterior. A previsão é de que o faturamento anual chegue a R$ 240 bilhões, impulsionado por setores como motocicletas, eletroeletrônicos, ar-condicionado e plásticos. Para atender a esse ritmo de crescimento e reduzir riscos, as empresas têm buscado maior previsibilidade na cadeia de suprimentos, o que exige operações mais ágeis e diversificadas de transporte.
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Expansão da demanda logística nacional
A antecipação de importações já trouxe reflexos: somente em julho, as compras externas da ZFM cresceram 27%, movimentando quase US$ 1,4 bilhão, segundo o Painel Econômico do Amazonas. Essa concentração de cargas amplia as possibilidades de atuação de transportadores rodoviários e operadores multimodais em estados como Pará, Rondônia, Acre, além das rotas de integração com o Sudeste e o Nordeste.
Com as dificuldades fluviais previstas para os próximos meses, cresce a importância de corredores alternativos – como a BR-319, que liga Manaus a Porto Velho, e a BR-174, em direção a Roraima e Venezuela – além do uso de centros de distribuição em estados vizinhos para armazenagem estratégica. Para transportadoras e operadores logísticos de todo o Brasil, isso significa novas demandas por frota dedicada, soluções intermodais e gestão de estoques.

Confiança empresarial reforça projeções
O cenário de otimismo também ajuda a sustentar esse movimento. O Índice de Confiança do Empresário Industrial no Amazonas (ICEI-AM) marcou 61,48 pontos em julho, bem acima da média nacional de 46,1 pontos, apurada pela CNI. A leitura do CIEAM é que a confiança do empresariado local está apoiada não apenas na retomada das importações, mas também na estabilidade logística construída ao longo dos últimos dois anos de estiagens severas.
Para André Ricardo Costa, Coordenador de Indicadores do CIEAM, esse contexto projeta um segundo semestre de expansão econômica, no qual a logística será peça-chave. “O setor industrial demonstra capacidade de adaptação, assegurando cadeias produtivas mesmo diante de riscos. Esse movimento reforça a confiança no desempenho do Amazonas e abre espaço para parcerias estratégicas com operadores logísticos em todo o país”, afirma.
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Oportunidade para operadores de transporte
Diante desse cenário, os operadores de transporte e logística podem enxergar na Zona Franca de Manaus um mercado em ascensão, disposto a investir em soluções integradas que garantam agilidade, redução de custos e resiliência. A antecipação de insumos, ao invés de ser apenas uma medida preventiva, está se transformando em uma alavanca para ampliar redes de distribuição, consolidar rotas alternativas e criar novas oportunidades de negócios em todo o território nacional.


