domingo, junho 30, 2024

Transporte de cargas: As motoristas mulheres no Brasil e nos EUA

Em 1889, a duquesa Anne d’Uzés fez história ao se tornar a primeira mulher do mundo a obter uma habilitação para dirigir, na França. Sua paixão pelo automobilismo a levou a fundar o primeiro clube feminino do automóvel em seu país, abrindo caminho para gerações de motoristas mulheres.

No Brasil, as pioneiras Maria José Pereira Barbosa Lima e Rosa Helena Schorling seguiram seus passos, sendo as primeiras mulheres a conseguirem habilitação para dirigir em Vitória, Espírito Santo, em 1932.

Primeira habilidade para caminhão

A primeira mulher a obter habilitação para dirigir caminhão no Brasil foi Neiva Chaves Zelaya, carinhosamente conhecida como “Tia Neiva”. Ela nasceu em 30 de outubro de 1925 em Propriá, Sergipe. Nos anos 1950, Neiva tirou sua habilitação, comprou um caminhão e começou a transportar cargas por todo o país. Uma verdadeira pioneira nas estradas brasileiras.

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Na atualidade

No entanto, a presença feminina no setor de transporte de cargas ainda é limitada. Segundo dados da Secretaria Nacional do Trânsito (Senatran), em 2022, apenas 3,4% das condutoras habilitadas para dirigir caminhões, ônibus e carretas no Brasil eram mulheres. Esse cenário revela os desafios enfrentados pelas mulheres que desejam ingressar e se manter nesta profissão.

Recentemente, o IPTC (Instituto Paulista do Transporte de Cargas), a pedido do Setcesp (Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de São Paulo e Região), conduziu uma pesquisa revelando que o número de mulheres condutoras de caminhões em transportadoras chegou a 3%. Apesar de as mulheres representarem 26% do total de empregados no setor, a maioria ocupa cargos administrativos e operacionais, e apenas 3% estão em posições de liderança.

As estratégias nos Estados Unidos

Nos Estados Unidos, a situação mostra um avanço mais significativo. O Instituto Americano de Pesquisa em Transporte (ATRI) divulgou que 6,9% das motoristas de caminhão são mulheres. Recentemente, o ATRI lançou uma pesquisa identificando estratégias para aumentar a participação feminina na indústria e garantir sua permanência. O estudo, baseado em seis áreas-chave de desafios enfrentados por essas profissionais, apresenta um plano de ação detalhado para transportadoras, escolas de treinamento de motoristas e as próprias motoristas de caminhão.

motoristas mulheres
Na pesquisa da ATRI há muitos dados, como este gráfico sobre a evolução das mulheres como condutoras de caminhões

Em março de 2023, o Comitê Consultivo de Pesquisa do ATRI identificou essa questão como uma prioridade máxima. Entre os principais desafios estão a imagem e a percepção da indústria, a conclusão do treinamento, a escassez de estacionamento para caminhões e acesso a banheiros, além do assédio e discriminação de gênero. A pesquisa envolveu milhares de motoristas, transportadoras e escolas de treinamento, utilizando pesquisas, entrevistas e grupos focais para identificar os fatores que dificultam o sucesso e as estratégias para superar essas barreiras.

Emily Plummer, motorista profissional da Prime Inc. e uma das Capitãs da Equipe Rodoviária da América, destacou a importância da pesquisa: “A pesquisa do ATRI dá voz às milhares de mulheres motoristas de caminhão que encontraram carreiras bem-sucedidas e satisfatórias nesta indústria e encorajamento para outras mulheres considerarem empregos como motoristas de caminhão.”

Equidade de salário é melhor no setor de transporte

Um dos principais atrativos para as mulheres na carreira de motorista de caminhão é o potencial de renda. O estudo do ATRI destacou que a paridade salarial entre mulheres e homens é mais comum na indústria de transporte do que em outros setores, tornando a profissão ainda mais atraente. Além disso, a análise revelou que transportadoras com iniciativas específicas de recrutamento e retenção de mulheres têm uma porcentagem maior de motoristas mulheres (8,1%) em comparação com aquelas que não adotam tais medidas (5,0%).

Joyce Brenny, presidente e CEO da Brenny Transportation, afirmou: “Este relatório fornece um importante roteiro para a indústria aumentar o número de motoristas mulheres. Temos encontrado um tremendo sucesso e segurança aprimorada com nossas motoristas mulheres e acreditamos que outros que utilizarem esta pesquisa também experimentarão sucesso.”

Para ter acesso gratuito a pesquisa completa (em inglês) no neste link!

Sula Miranda
Sula Mirandahttps://www.frotanews.com.br
Conhecida como cantora, Sula Miranda é engajada nas causas do transporte e, por isso, colunista do Frota News. Atua também como, apresentadora de eventos, presença VIP, mestre de cerimônia para eventos corporativos, palestras para profissionais do volante, e campanhas publicitárias para todos os segmentos.
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