As empresas especializadas no transporte de automóveis estão sendo solicitadas por seus clientes a reduzir as emissões de poluentes de suas operações. E já há resultados. Depois da iniciativa do Grupo SADA, que converteu caminhões a diesel em versões movidas a biometano e GNV para atender à General Motors (GM), agora é a vez da Tegma Gestão Logística apresentar seu próprio projeto de descarbonização.
Em uma operação inédita, a Tegma é responsável pelo transporte da frota elétrica da Chevrolet — que será utilizada pela GM durante a COP30, em Belém (PA) — utilizando caminhões híbridos a gás natural. A ação evitou a emissão de 3,5 toneladas de CO₂, demonstrando que a logística também pode contribuir de forma concreta para a transição energética.
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“A Tegma vem conduzindo um projeto-piloto de caminhões híbridos diesel-GNV, com resultados expressivos em economia de combustível e redução de emissões. A iniciativa faz parte de um plano mais amplo da empresa para incorporar soluções de descarbonização à sua frota, em linha com a estratégia global da GM”, afirma Nivaldo Tuba, diretor-presidente da Tegma.
Retrofit com menos risco financeiro
O projeto-piloto Dual-Fuel da Tegma consiste na conversão de caminhões a diesel para operarem com a proporção de 70% diesel e 30% GNV. O investimento inicial foi de R$ 65 mil por unidade, aplicado em dois veículos da frota.
Em vez de apostar de imediato em caminhões dedicados a gás — que exigem aquisição de novos ativos — a empresa optou por realizar um retrofit, reduzindo o risco operacional e o impacto financeiro. A estratégia também incorpora valor ASG (Ambiental, Social e Governança) a veículos já existentes, permitindo testar a tecnologia em rotas reais de operação.
Essa proporção de combustão híbrida mantém o desempenho necessário para o transporte de cargas pesadas e garante segurança operacional em regiões com infraestrutura de abastecimento de GNV ainda limitada.
Resultados iniciais e potencial de expansão
Os indicadores detalhados de desempenho ainda estão em fase de mensuração, mas os resultados preliminares já são considerados expressivos. Segundo Nivaldo Tuba, a combinação diesel-GNV proporcionou economia de combustível e redução significativa de emissões, validando o conceito técnico e financeiro do projeto.
O GNV, além de emitir até 30% menos CO₂ que o diesel, oferece custo competitivo por quilômetro rodado, o que é decisivo para a rentabilidade no transporte de cargas. O foco do piloto é calcular o retorno sobre o investimento (ROI) com base nessa economia real.
Comprovada a eficiência, a Tegma poderá ampliar o uso da tecnologia Dual-Fuel em sua frota, consolidando um modelo de transição energética viável para o transporte rodoviário pesado.
Alinhamento estratégico com a General Motors
A relevância do projeto da Tegma ultrapassa o ganho operacional. Ele se insere diretamente no movimento de descarbonização da cadeia logística da General Motors, que tem meta global de neutralizar suas emissões até 2035.
A frota híbrida da Tegma é responsável pelo transporte dos veículos elétricos da Chevrolet — incluindo os modelos Blazer EV, Equinox EV e Spark EUV — destinados à COP30. O simbolismo é forte: veículos elétricos sendo transportados por caminhões híbridos, numa demonstração prática de como o setor automotivo pode alinhar produção, distribuição e sustentabilidade.
“Nosso projeto de descarbonização está em sintonia com a estratégia global da GM”, reforça Tuba. “Ao atender às metas de compliance ambiental, a Tegma se consolida como parceiro estratégico essencial na logística automotiva do futuro.”
Biometano: o próximo passo da transição energética
O GNV é apenas o começo. A Tegma já sinalizou, em seu Relatório Integrado 2024, que estuda novas tecnologias sustentáveis — entre elas, caminhões movidos a biometano, combustível renovável derivado de resíduos orgânicos.
O biometano é quimicamente idêntico ao GNV, mas tem origem limpa, o que permitirá à empresa migrar de forma imediata quando a produção em escala se tornar economicamente viável no Brasil.
Essa compatibilidade torna o investimento atual em kits Dual-Fuel uma escolha “agnóstica de gás”, ou seja, capaz de operar com qualquer tipo de combustível gasoso, seja fóssil ou renovável.


