sexta-feira, dezembro 5, 2025

Sono, segurança e ciência: como o cuidado biológico dos motoristas garante a eficiência da Viação Águia Branca 

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A medicina do sono deixou de ser apenas uma especialidade médica para se tornar uma ferramenta essencial de gestão nas empresas de transporte. Essa é a visão do Dr. Sérgio Barros em entrevista à Frota News. Ele é um dos maiores especialistas do país no tema e responsável há mais de 25 anos pelo acompanhamento dos cerca de mil motoristas da Viação Águia Branca, uma das maiores operadoras de transporte rodoviário de passageiros do Brasil. 

Com vasta experiência em cronobiologia e fadiga, o médico explica que o segredo para reduzir riscos nas estradas começa pela escala de trabalho. “Nossos motoristas não são escalados para turnos que contrariem sua competência fisiológica. Caso contrário, o desgaste é previsível. Cada pessoa tem um ritmo biológico próprio, e ignorar isso é ignorar a ciência”, afirma. 

Educação e prevenção como política de segurança

Para Barros, o maior desafio do setor está na conscientização — especialmente entre os pequenos transportadores. “É preciso um processo educativo. Muitos empresários ainda acreditam que é mais caro cuidar do sono do motorista, mas o custo real está no risco que correm ao não ter informação”, alerta. 

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Ele defende a criação de cursos e treinamentos voltados a gestores e condutores, com foco em escalas de trabalho e higiene do sono. “O motorista muitas vezes diz que prefere trabalhar à noite porque a estrada está mais vazia, mas ignora que o corpo humano sofre uma pressão fisiológica de sonolência nesse período. Trabalhar de noite ou de dia não é uma questão de gosto, e sim de avaliação biológica.” 

O papel da higiene e da tecnologia na cabine

sono
Dr. Sérgio Barros em entrevista ao programa do jornalista Fabrício Fabre em Vitória (ES)

Outro ponto destacado é o ambiente de descanso. A falta de higienização da cabine e do colchão, segundo o médico, é um fator de adoecimento frequente. “É comum o motorista dormir em espaços fechados e mal ventilados, o que aumenta a incidência de rinite e prejudica a respiração nasal durante o sono. Isso reduz a qualidade do descanso e pode comprometer o reflexo na direção.” 

O especialista alerta também para o uso inadequado de tecnologias, como o celular, que pode ser um grande inimigo da recuperação física e mental. “O celular é um instrumento de trabalho, não de repouso. A exposição à luz da tela atrasa o relógio biológico e reduz o tempo de sono, gerando irritabilidade e cansaço acumulado.” 

Cronobiologia e escalas seguras

Na Águia Branca, o trabalho começa com a identificação do cronotipo de cada motorista — se é diurno, noturno ou intermediário. A partir disso, a escala é adaptada. “Se o gestor obriga um motorista diurno a trabalhar à noite, os riscos de acidentes aumentam”, afirma Barros. 

Ele recomenda que mudanças de turno sejam feitas de forma gradual, com no mínimo quatro noites de adaptação. “Assim evitamos a privação crônica de sono, que é um fator de risco inegável.” O médico compara o sono a uma conta bancária: “Se você tira mais do que tem, acumula dívida — e o corpo cobra essa conta.” 

Fisiologia, não robótica

Ao encerrar a entrevista, o especialista deixa um recado direto aos gestores de frota: “O motorista não é um robô. Ele é fisiologia ambulante. Se o gestor não respeitar isso, o preço será pago por ambos — empresa e condutor.” 

Hoje, a equipe médica liderada por Barros utiliza ferramentas de avaliação clínica e laboratorial para determinar quais profissionais estão aptos a trabalhar em determinadas escalas. Casos específicos, como motoristas com apneia do sono, são tratados com o uso do CPAP — equipamento de pressão positiva contínua adaptado à cabine do veículo. 

“O CPAP é um tratamento totalmente viável. Já temos motoristas que usam o equipamento diariamente, mesmo em viagens longas. Eles entendem que cuidar do sono é cuidar da vida”, conclui o médico. 

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Marcos Villela Hochreiter
Marcos Villela Hochreiterhttps://www.frotanews.com.br
Atuo como jornalista no setor da mobilidade desde 1989 em diversas redações. Também nas áreas de comunicação da Fiat e da TV Globo, e depois como editor da revista Transporte Mundial por 22 anos, e diretor de redação de núcleo da Motor Press Brasil. Desde 2018, represento o Brasil no grupo do International Truck of the Year (IToY), associação de jornalistas de transporte rodoviário de 34 países. Desde 2021, também atuo como colaborador na Fabet (Fundação Adolpho Bósio de Educação no Transporte, entidade educacional sem fins lucrativos). Em 2023, fundei a plataforma de notícias de transporte e logística Frota News, com objetivo de focar nos temas que desafiam as soluções para gestão de frotas.
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