Uma breve reflexão sobre as previsões para o mercado de caminhões em 2025 me remete a dezenas de entrevistas com executivos da indústria automotiva ao longo das últimas três décadas. Muitos afirmavam não ter uma “bola de cristal”, mas arriscavam um palpite. A resposta mais marcante veio da então presidente mundial da Mercedes-Benz Truck e atual CEO global da Daimler Truck, Karin Rådström. Durante uma entrevista concedida a este jornalista, ela destacou que, mesmo diante de todas as dificuldades do momento, o Brasil era responsável por 25% das vendas globais da Mercedes-Benz (em 2021).
“É um mercado difícil, mas importante”, afirmou, lembrando que a empresa havia acabado de completar 65 anos no Brasil (e completará 69 anos em setembro deste ano), com planos de permanecer por muitos e muitos anos. “O Brasil é um dos mercados mais desafiadores do mundo por sua imprevisibilidade. Na Europa, consigo prever quantos caminhões venderemos no ano seguinte; no Brasil, não sei como será o próximo mês. Mas temos uma forte demanda e estamos crescendo. Adoraria que o país fosse mais estável, com um câmbio previsível, mas essa é a realidade com a qual precisamos conviver e trabalhar para aproveitar o grande potencial de crescimento existente aqui”, acrescentou Karin Rådström.
Pois é! Estamos iniciando 2025, e a parece que pouca coisa mudou. A entrevista da executiva continua atual, sem precisar mudar uma vírgula.
Anfavea vs. Fenabrave
No ano passado, o mercado de caminhões cresceu 15,7%, segundo dados de emplacamentos divulgados pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). Para este ano, a entidade projeta um crescimento de 1,3%, enquanto a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) prevê um aumento de 4,5%.
Não há certo ou errado nessas projeções. Afinal, o Brasil funciona assim: sem previsibilidade. No entanto, todos precisam trabalhar e vender. Os bancos, muitas vezes, lucram mais com previsões pessimistas, enquanto os vendedores na linha de frente precisam ser otimistas para convencer os clientes a assinar um cheque ou um contrato de financiamento.
Siga o canal FrotaCast
Encontrar um ponto de equilíbrio entre otimismo e precaução é um grande desafio. O ideal seria adotar uma postura de “otimista conservador”, ou seja, acreditar no potencial do mercado, mas sem ignorar os riscos. No fim das contas, todos precisamos trabalhar para sustentar nossas famílias, e isso exige confiança no futuro.
Desafios e oportunidades
Nós, da Frota News, temos plena consciência dos desafios que 2025 nos reserva. Sabemos que os juros estão altos, o dólar segue valorizado, a logística internacional impõe obstáculos e o governo continua aumentando os gastos, gerando dívidas para as próximas gerações. No entanto, há muitos setores que vão crescer neste ano, e é neles que devemos focar. Nosso compromisso é identificar oportunidades e apontar caminhos para nossos leitores.
Acompanharemos de perto todos os segmentos da economia para fornecer informações que ajudem os transportadores a tomar decisões mais seguras e estratégicas. Além disso, daremos ênfase a reportagens que contribuam para tornar o transporte mais eficiente, incentivando investimentos assertivos em equipamentos, tecnologias, serviços e, sobretudo, treinamentos.
Portanto, continue acreditando no seu negócio. Como bem disse Karin Rådström, o mercado brasileiro é desafiador, mas essencial.