A Raízen, licenciada da marca Shell no Brasil, anunciou a ampliação da família de aditivados Shell V-Power com a chegada do novo Shell V-Power Diesel, que passa a substituir a linha Evolux a partir de janeiro de 2026. O lançamento marca a entrada da linha premium também no segmento diesel, completando o portfólio com gasolina, gasolina Racing e etanol. A chegada acontece em um momento estratégico para o mercado: o país passou a operar com o biodiesel B15, o que aumentou os desafios de estabilidade, oxidação e formação de resíduos — questões diretamente atacadas pela formulação avançada do novo combustível.
Formulado com tecnologia global da Shell, o V-Power Diesel nasce, segundo a Raízen, com forte reconhecimento do consumidor. “Nos estudos iniciais, 72% dos entrevistados já afirmavam conhecer o produto antes mesmo de ele existir no Brasil. Eles mostraram que trazer o diesel para a linha V-Power não só fazia sentido, como era essencial para evoluir nosso portfólio”, afirma Ricardo Berni, CMO da Raízen.
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O aditivado atua na estabilização da oxidação do biodiesel, limpeza do sistema de injeção, aumento de cetano — que melhora a rapidez e segurança nas ultrapassagens —, redução de espuma no abastecimento, inibição de microrganismos e proteção anticorrosiva.
O lançamento chegará aos postos de todo o país em janeiro de 2026 com a campanha “Sinta a evolução no seu motor”, criada pela ID/TBWA, que pretende alcançar mais de 60 milhões de pessoas. O posicionamento reforça o caráter versátil do produto, voltado tanto para caminhões e ônibus quanto para SUVs e picapes a diesel — segmentos fortemente impactados pelas mudanças recentes no mercado de combustíveis.
Alta do ICMS do diesel deve pressionar custos logísticos em 2026
A novidade da Shell chega em um ambiente de preços pressionados. A partir de janeiro de 2026, o ICMS do diesel sobe R$ 0,05 por litro, atingindo R$ 1,17, conforme decisão do Confaz. O aumento anula a queda acumulada de cerca de 1% registrada em 2025 e deve ser sentido imediatamente por consumidores e frotistas, aponta o especialista Vitor Sabag, do Gasola by nstech. “Os postos repassam praticamente de imediato. No médio prazo, isso pesa no frete e no preço final dos produtos, já que dependemos do modal rodoviário”, afirma.
Sabag destaca que o ambiente político — ano eleitoral — tende a trazer sensibilidade e volatilidade aos reajustes, especialmente aqueles ligados à Petrobras. E reforça: para mitigar impactos, transportadoras precisam intensificar o monitoramento de preços, planejar rotas e negociar condições de abastecimento de forma estratégica. Em 2024, o diesel acumulou alta de 3%; já de janeiro a outubro de 2025 houve leve queda. Para cair novamente em 2026, seria necessária uma redução significativa do dólar e do barril — cenário considerado desafiador.
Be8 anuncia expansão no Piauí e projeta avanço dos biocombustíveis
Enquanto o mercado fóssil enfrenta pressões tributárias, o segmento de biocombustíveis vive um momento de expansão. Durante a COP 30, a Be8 assinou uma Carta de Intenções com o Investe Piauí para ampliar a capacidade de produção em Floriano (PI) e instalar a segunda fábrica do biocombustível renovável Be8 BeVant. O acordo inclui estudos de viabilidade, projeções de geração de empregos e apoio na busca de parceiros estratégicos e incentivos fiscais.
Segundo o presidente da Be8, Erasmo Carlos Battistella, a ampliação reforça o aumento da oferta de energias renováveis, especialmente em uma região que desponta como polo energético nacional. O BeVant, que pode ser usado puro em motores diesel, promete reduzir até 99% das emissões de GEE na comparação com o diesel fóssil e apresenta vantagens como alto teor de éster, menor acidez, lubricidade superior e baixíssimos índices de água e contaminantes. O produto foi testado com sucesso na Rota Sustentabilidade COP 30 em parceria com a Mercedes-Benz.
O movimento ocorre em sintonia com a tendência de crescimento do consumo de biodiesel no país. De acordo com a StoneX, o mercado deve atingir 9,8 milhões de m³ em 2025, alta de 9%, e 10,5 milhões de m³ em 2026 — podendo chegar a quase 11 milhões em um cenário de adoção do B16. A mistura B15 já impulsiona recordes: apenas em outubro foram 914 mil m³ vendidos. Já no balanço de janeiro a outubro, o volume alcançou 8,1 milhões de m³, avanço de 6,7% ante 2024.
O mix de matérias-primas também passa por ajustes. O óleo de soja, embora dominante, caiu de 86,4% para 81,6% do mix no quinto bimestre; já o sebo bovino avançou fortemente, impulsionado pelas tarifas de 50% impostas pelos EUA, que reduziram exportações e aumentaram a oferta interna.
Mercado em transição
A chegada do Shell V-Power Diesel, combinada ao avanço do biodiesel e a um cenário de preços mais pressionados, reforça que 2026 será um ano de profundas transformações no segmento de combustíveis. O consumidor — seja motorista urbano, seja gestor de frota — terá diante de si um mercado mais tecnológico, mais regulado e mais dependente de estratégias de eficiência. Entre novos aditivados premium, biocombustíveis renováveis e aumento de tributos, a disputa pelo melhor custo-benefício promete ganhar ainda mais peso nas decisões de abastecimento e logística.


