A Jomed Transportes, de Guarulhos (SP), começou a abastecer caminhões com biometano em um ponto próprio instalado dentro de suas dependências de Guarulhos (SP), em parceria com a Ultragaz, que será responsável pela infraestrutura e pelo fornecimento do gás renovável.
A iniciativa segue os passos de outras empresas, como a Reiter Log, que inaugurou seu primeiro posto a gás em Itapecerica da Serra (SP), em fevereiro de 2024, e expandiu a rede com novos pit stops em Quatro Barras (PR), Nova Santa Rita (RS) e, em agosto de 2025, dentro da nova filial em Barueri (SP).
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Não são apenas transportadoras que seguem essa trilha. Há também embarcadores que, em parceria com prestadores de serviço de transporte, investem na solução, como L’Oréal, PepsiCo, Unilever e Natura.
Frota de caminhões a gás
A Jomed conta atualmente com 19 caminhões a gás que operam em São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul. Embora esteja fortalecendo sua frota, há operações maiores, como a da TransMaroni, que já soma 50 unidades.
Segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), desde 2018 foram emplacados 2.480 caminhões a gás no Brasil. Mais de 90% desses veículos são produzidos pela Scania; a Iveco também oferece modelos, mas sua presença ainda é limitada — pouco mais de 100 unidades.
Para garantir o abastecimento, a Jomed contratou a Ultragaz, que integra o mesmo grupo controlador dos Postos Ipiranga. Tanto a Scania, na produção de caminhões, quanto o Grupo Ultra, na distribuição de gás, são pioneiros no desenvolvimento de soluções alternativas a gás ao diesel fóssil para veículos pesados.

O segmento cresce de forma acelerada no país, favorecido pelas condições para a produção de biometano, mas ainda é pouco explorado por outras montadoras de caminhões e distribuidoras de combustível. Além de Scania e Iveco, a Volkswagen Caminhões e Ônibus estuda o mercado, que tende a deixar de ser um nicho. Já a Mercedes-Benz e Volvo mantêm o foco em caminhões a diesel e, futuramente, elétricos. No segmento de ônibus, temos Scania, Iveco — como promessa —, Agrale e Marcopolo com o Volare. Além desses, a Toyota lançou a primeira picape a biometano.
Infraestrutura para biometano
Atualmente, as 12 usinas autorizadas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) produzem 500 mil metros cúbicos diários de biometano. Outras 11 aguardam autorização para iniciar a produção. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) estima que o Brasil tenha potencial para produzir até 30 milhões de m³/dia.
Os investimentos reforçam essa expectativa. A Gás Verde, concorrente da Ultragaz, por exemplo, ampliou seu aporte em R$ 926 milhões para elevar a produção a 650 mil m³/dia.
Na sede da Jomed Transportes, a Ultragaz instalou um sistema de abastecimento de biometano do tipo off-grid, projetado para oferecer eficiência e economia de tempo. A solução utiliza uma Unidade de Potência Hidráulica (HPU) para garantir vazão e pressão constantes.
O sistema transfere o biometano diretamente das carretas de armazenamento para os tanques dos caminhões, eliminando a necessidade de recompressão. Com isso, reduz em cerca de 50% o consumo de energia no processo de abastecimento e acelera o reabastecimento dos veículos.
No Brasil, o biometano é produzido majoritariamente a partir de aterros sanitários, com expansão para resíduos agroindustriais (cana-de-açúcar, proteína animal etc.). A MWM Motores já desenvolve projetos de produção em fazendas de suínos.
O custo de um posto de abastecimento de gás na transportadora
A instalação de um posto de abastecimento de gás — seja Gás Natural Comprimido (GNC) ou biometano — na sede de uma transportadora representa um investimento estratégico, cujo valor varia de R$ 1,5 milhão a R$ 4 milhões.
O custo final depende do tipo de gás, da logística de suprimento e do volume diário de abastecimento. Um posto de GNC pode custar de R$ 1,5 milhão a R$ 3 milhões, enquanto o de biometano tende a ser mais caro, variando de R$ 2 milhões a R$ 4 milhões.
Esses valores incluem a compra de equipamentos de compressão e armazenamento, sistemas de segurança, obras civis e todo o processo de licenciamento ambiental e técnico. A capacidade de abastecimento influencia diretamente o custo, assim como a localização, já que estar próximo a uma rede de gás natural ou a uma usina de biometano reduz despesas logísticas.
Redução de custos e modelos de parceria
Para diminuir o investimento inicial, há alternativas como parcerias com distribuidoras, caso de Ultragaz e Gás Verde, que podem financiar ou operar parte da infraestrutura. Outra opção são os modelos de comodato ou leasing, nos quais a distribuidora instala o posto e cobra apenas pelo volume de gás consumido.
Projetos sustentáveis voltados à redução de emissões podem acessar linhas de crédito facilitadas por instituições como o BNDES e a Finep, além de incentivos estaduais, como isenção de ICMS.


