O Espírito Santo desponta como um dos estados mais promissores do Brasil em termos de desenvolvimento logístico nos próximos anos. Dados do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) revelam uma carteira de investimentos públicos e privados que ultrapassa os R$ 120 bilhões até 2029, envolvendo mais de 1.100 projetos com valores superiores a
R$ 1 milhão. Essa injeção de recursos está reconfigurando o território capixaba e demandará uma nova arquitetura logística para dar conta do crescimento.
Além da robustez econômica, o que chama atenção é a interiorização dos investimentos: se até 2010 cerca de 70% dos aportes estavam concentrados na Região Metropolitana da Grande Vitória, hoje essa proporção se inverteu. Aproximadamente 70% dos projetos agora estão voltados para o interior do estado, o que impõe desafios e oportunidades para a malha logística estadual.
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Indústria, energia e saneamento puxam investimentos
Mais de R$ 100 bilhões da carteira de projetos estão concentrados em setores estruturantes como indústria, construção civil, eletricidade, gás e saneamento. Entre os projetos emblemáticos está o da Petrobras, que elevou seu investimento de R$ 25 bilhões para R$ 35 bilhões, consolidando o Espírito Santo como peça-chave na produção e escoamento de óleo e gás. Já a ES Gás, distribuidora regional, planeja aplicar R$ 1 bilhão em sua malha de distribuição.
Além disso, os setores logístico, imobiliário e turístico também registram crescimento, criando uma cadeia de demanda integrada por transporte de cargas, passageiros, insumos e serviços.
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Avanços na infraestrutura impulsionam a conectividade logística
O setor de infraestrutura se tornou o grande alicerce para dar suporte ao avanço econômico. Entre os projetos em destaque estão a construção e modernização de aeroportos regionais nas cidades de Cachoeiro de Itapemirim, Linhares e nas Montanhas Capixabas. Entre 2019 e 2024, mais de R$ 17 bilhões foram destinados à aviação regional, garantindo melhor acesso e viabilidade para o transporte aéreo de cargas e pessoas.
Esse investimento é acompanhado por obras rodoviárias de grande porte. A duplicação da BR-262, por exemplo, deve ter início em 2026. O edital será publicado em novembro deste ano, e as obras, orçadas em R$ 8 bilhões no total, preveem a construção de túneis e pistas duplas ligando a divisa com Minas Gerais até a Grande Vitória.
Só os três primeiros trechos, que abrangem áreas entre a Região Metropolitana e a Região Serrana, devem absorver R$ 5,5 bilhões. A obra promete dar fim a gargalos logísticos, melhorar a segurança viária e acelerar o escoamento da produção agrícola, industrial e turística.
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Porto de Tubarão pode se tornar nova porta de saída do milho brasileiro para a China
Na esfera portuária, a VLI, operadora logística multimodal, aguarda autorização do Ministério da Agricultura para iniciar a exportação de milho para a China a partir do Terminal de Produtos Diversos (TPD), no Porto de Tubarão, em Vitória. Essa operação já ocorre com destino à Europa, mas a entrada no mercado chinês pode multiplicar o volume de cargas no terminal capixaba.
O TPD integra o Corredor Centro-Leste, elo logístico entre a ferrovia Vitória-Minas e a malha do Centro-Atlântico, e é peça-chave no escoamento de grãos e fertilizantes provenientes do Centro-Oeste e Sudeste brasileiros.
O Brasil é atualmente o terceiro maior produtor mundial de milho, com safra estimada em 115 milhões de toneladas em 2025. A autorização para exportar o cereal à China abre uma nova janela estratégica para o Espírito Santo, fortalecendo o papel do estado como hub logístico nacional.
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Frota comercial acompanha expansão com perfil diversificado
De acordo com dados do Ministério dos Transportes consolidados em dezembro de 2024, o Espírito Santo conta com uma frota total de 2.494.996 veículos, sendo grande parte voltada para atividades comerciais.
- Caminhões e caminhões-tratores: 85.205 caminhões e 24.317 cavalos mecânicos, números que não consideram veículos com placas de outros estados que operam na região.
- Reboques e semirreboques: 47.372 reboques e 33.150 semirreboques, veículos essenciais para grandes volumes de carga, especialmente no agronegócio, na indústria e na mineração.
- Veículos utilitários: 44.580 unidades, amplamente usados na logística urbana e no transporte leve.
- Ônibus e micro-ônibus: 17.571 ônibus e 9.878 micro-ônibus registrados, com atuação significativa no transporte coletivo urbano, fretamento e turismo rural.
Essa infraestrutura veicular será crucial para atender à nova onda de expansão e interiorização da produção, exigindo também investimentos em manutenção de vias, pátios logísticos, terminais rodoviários e centros de distribuição.
Logística de precisão com drones no campo
O agronegócio também passa por uma revolução tecnológica no estado. O Espírito Santo ocupa a 7ª posição nacional em número de operadores de drones agrícolas registrados no Sipeagro. São 75 empresas especializadas, duas cooperativas e dois agricultores que operam 163 drones para fins como monitoramento de solo, pulverização, controle de pragas e mapeamento georreferenciado.
Essa inovação aumenta a produtividade e, por consequência, o volume de mercadorias a serem transportadas — seja para beneficiamento, seja para exportação. A integração entre tecnologia no campo e infraestrutura de escoamento será um dos principais vetores do crescimento logístico rural.
Agroturismo capixaba entra na rota nacional e fortalece a mobilidade turística

Além da movimentação de cargas, o Espírito Santo também se destaca na mobilidade de pessoas. Desde julho de 2024, Venda Nova do Imigrante, na Região Serrana, foi oficialmente reconhecida como a capital nacional do agroturismo. A cidade já se destacava por sua gastronomia artesanal, vinícolas familiares e tradições herdadas dos imigrantes italianos.
Com o novo título, o turismo rural da região tende a crescer, exigindo melhorias na mobilidade regional, no transporte de visitantes e na distribuição de produtos locais — muitos dos quais chegam hoje a outros estados e até ao exterior.
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Conclusão: o futuro logístico
Com bilhões de reais em investimentos, interiorização da produção, crescimento do agronegócio, expansão portuária e modernização da malha rodoviária e aérea, o Espírito Santo consolida-se como um território estratégico para o setor de transporte e logística no Brasil.
As projeções apontam para um cenário de alta demanda por soluções inteligentes, sustentáveis e integradas. Empresas de transporte, operadores logísticos, desenvolvedores de infraestrutura e autoridades públicas precisarão atuar de forma coordenada para garantir que esse potencial se converta em resultados concretos — com fluidez operacional, competitividade regional e ganhos sociais para toda a população capixaba.


