Este é um relato que pode servir de aprendizado para você, marca ou assessoria, que deseja organizar um encontro com imprensa sem cometer uma série de falhas ou os mais de 7 erros, que descreverei a seguir.
Na última quinta-feira, 24 de outubro, a convite, fui conhecer a fábrica da Knorr-Bremse, em Itupeva (SP), para um lançamento cujo destaque apresentarei mais adiante.
Seria, a princípio, mais uma coletiva de imprensa, evento que exige trabalho intenso, tempo, deslocamento, atenção e apuração rigorosa para que o conteúdo possa se transformar em uma matéria informativa.
Criminalidade no Parque Villa Lobo
O primeiro ponto a ser salientado — e que culminou em um desfecho problemático — foi o local marcado para o ponto de encontro para embarque e desembarque no transfer que levou os jornalistas ao estacionamento no número 1.315 da Av. Queiroz Filho, entrada lateral do Parque Villa Lobos.
A saída em direção a Itupeva, interior de São Paulo, conforme estava no convite para as 7h30 da manhã.
Vamos descrever o cenário: um estacionamento ermo, sem segurança, sem cobertura para proteção em caso de chuva, sem sanitários próximos para eventuais necessidades fisiológicas e, além disso, sem ninguém disponível, pelo menos nos horários de embarque e desembarque, para oferecer o mínimo de segurança ou auxílio aos convidados.
A chegada ao estacionamento já foi complicada pela dificuldade que motoristas de aplicativos tiveram para parar e localizar o local exato.
A van que nos transportou estava em condições razoáveis e sequer dispunha de água para o trajeto, que duraria mais de uma hora. Não havia nada além dos bancos de uma van de porte médio. Seguimos, então, para a fábrica, onde fomos recebidos de maneira trivial, sem muita cerimônia.
Na sede da Knorr-Bremse Brasil
Na sala da apresentação, nos ofereceram café, água, bolo e lanche de metro. Após a apresentação, fomos levados para conhecer a fábrica, que surpreendentemente, a quantidade de trabalhadores era visualmente pequena. Algo que foi destacado com orgulho pela empresa, que nos mostrou a forte presença de automação nos processos.
Prosseguimos, então, para o almoço, que contou com uma fila demorada.No refeitório geral. Durante a refeição, um dos executivos questionou uma funcionária que acompanhava a visita, se a mesa em que estávamos precisava ser desocupada, recebendo dela um gelado “sim” como resposta para deixar a mesa. Após o almoço, encerrava-se a visita, salvo para alguns colegas que ainda estavam capturando material em vídeo.
Na saída, os jornalistas, profissionais da imprensa foram revistados pela segurança da empresa. Após a devolução do crachá, outra segurança, posicionada em uma mesa, nos aguardava um a um para a revista. Mostrei espanto com a situação, e a segurança me informou que aquela era a prática padrão da empresa com seus funcionários. Com a bolsa vasculhada, entre equipamentos e meu bloco de anotações, fui liberado.
O desembarque
O retorno transcorreu sem pressa — com duas paradas no percurso sendo da fábrica até o Indico — e novamente sem água. Uma parte do grupo desceu em uma parada que me pareceu uma quarteirão do destino. Eu segui até a última parada e, ao descer, agradeci ao motorista enquanto a porta da van se fechava e o veículo seguia seu caminho.
Ainda no estacionamento, solicitei um carro de aplicativo. Foram necessárias várias tentativas, pois muitos motoristas não aceitavam a corrida ou a cancelavam. Em meio à espera, uma colega jornalista aproximou-se, também buscando um transporte de retorno. Ela havia sido deixada na parada anterior e caminho para a entrada do estacionamento lateral do Parque Villa Lobos. Perguntou se eu havia conseguido chamar um carro e se eles iriam até lá, pois estava difícil. Com calor de aproximadamente 30ºC e sem qualquer sombra de respiro, expliquei que após insistentemente, acabara de solicitar o carro, enquanto ambos aguardávamos, desamparados e com pouca movimentação nas proximidades. A colega caminha em direção ao ponto de ônibus a procura de recuo. Eu aguardo na frente ao numero 1315.
Foi então que o pior aconteceu.
Fui abordado por um assaltante armado com revólver, acompanhado por dois comparsas ao fundo. Apontando uma arma, ele deu a ordem:
— Não brinca! — gritou, mostrando o revólver.
— Passa os celulares e o relógio!
Em meio a um turbilhão de pensamentos e à sensação de impotência, vi meus pertences serem roubados à mão armada. O assaltante saiu rapidamente em meio aos carros.
Caminho em direção a colega, que me presta auxilio e ainda atônito peço para que ela avise ao meu escritórios e redação o ocorrido, enquanto uma senhora que aguardava no ponto de ônibus e presenciou o crime, me indicou ir até a delegacia, me acompanhando e prestando todo o suporte, onde registrei o boletim de ocorrência, na 91ª DP, que foi indiscutivelmente prestativa e solicita para comigo.
Caro leitor e colegas,
O despreparo, a falta de comprometimento da marca e da assessoria Alfapress Comunicações me causaram vergonha e indignação. Vergonha pelo descuido com os jornalistas e desrespeito com grandes montadoras e fabricantes que, ao contrário, demonstram dedicação e cuidado ao nos receber. Aqui não se trata de luxo ou custo. O objetivo não é comparar experiências, pois o simples, quando oferecido com respeito e atenção, pode transformar qualquer ambiente.
Meu Editor e Publisher, Marcos Villela, que já visitou centenas de fábricas no Brasil e em mais de 30 países do mundo, comentou que jamais foi revistado como convidado dessas empresas em quase 40 anos de jornalismo. Após ouvir o relato, ficou espantado com tamanha falta de organização e despreparo. Com permissão dele, compartilho suas palavras no LinkedIn.
O outro lado
Em conversa com a sócia da Alfapress, Cecília Strang e auxiliares, ela disse que o transfer foi contratado pela Knorr-Bremse e que haviam garantido que o local escolhido era seguro, contrariando as estatísticas, os fatos por mim apresentados e o B.O a ela encaminhado. Afirmou que não estava gostando do rumo da minha conversa, afirmando novamente que havia planejado com detalhes para o conforto dos convidados. Endosso; no local não havia sanitários, água ou qualquer assistência básica necessária. Em contradição com os fatos, afirmaram, repetidas vezes, que o estacionamento era apropriado e que inicialmente usariam o estacionamento do Shopping Villa Lobos, mas, devido ao horário, aceitaram a sugestão do transfer e optaram pelo estacionamento “seguro” na Av. Queiroz Filho, número 1315. Me dei o direito ao silêncio. Dali em diante, meu microfone por mim, foi deixado mudo, uma vez que a minha “conversa” não seria relevantes, estavam cheias de certezas.
Durante a reunião, manifestei minha insatisfação e angústia com os acontecimentos, citando todos os fatos. A crítica não foi aceita pela assessoria, que em tom amistoso e incongruente, encerrou a ligação informando que já haviam contatado a responsável, Knorr-Bremse, que por sua vez também foi responsavel pelo transporte e que tentariam novamente um diálogo na segunda-feira.
Deixo claro que não espero e nem busco reembolso ou ressarcimento, o Grupo Frota News me fez o ressarcimento total assim como toda assistência necessária. Agradeço aqui, a manifestação de apoio dos grandes colegas e veículos.
Meu compromisso, enquanto profissional e representante deste veículo de comunicação, é com os fatos, com a verdade e com o poder da voz do jornalismo, que merece respeito!
A Knorr-Bremse fica o desejo de que sua postura no Brasil seja digna e que aprenda a receber, convidar e organizar visitas e lançamentos de forma adequada. A marca é referência mundial no segmento, mas no Brasil ainda há muito a ser melhorado.
A assessoria, desejo humildade para reconhecer seus erros e evoluir com o aprendizado. Que, em próximos eventos, tenham mais atenção aos detalhes e à segurança dos convidados.