O mercado de utilitários esportivos e picapes a diesel acaba de ganhar um novo ingrediente na formação de preços — e não é nada que agrade os consumidores. Com a publicação do Decreto nº 12.549/2025, que regulamenta o programa Carro Sustentável dentro do plano Mover, o governo criou o chamado IPI Verde: uma nova forma de tributar veículos baseada em critérios ambientais e tecnológicos.
Na prática, enquanto os compactos nacionais de baixo consumo receberam isenção total do IPI, picapes e SUVs a diesel entraram na ponta oposta da tabela, com acréscimos que podem elevar a alíquota em até 13,5 pontos percentuais.
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Por que o diesel foi o alvo
A lógica é simples: veículos movidos a diesel têm emissões maiores de poluentes e, por isso, recebem um acréscimo automático de 12 pontos percentuais na alíquota de IPI. Somam-se a isso penalidades extras para motores mais potentes — de 0,75 a 1,5 ponto percentual para modelos acima de 143 cv —, o que coloca a maioria dos SUVs e picapes médias a diesel no topo da tabela do novo imposto.
Assim, um SUV a diesel pode saltar de 18,8% para até 19,8% de IPI, enquanto uma picape média passa de 3,9% para até 6,4%.
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Impacto no bolso: quanto isso muda o preço?
Apesar do aumento expressivo na alíquota, o repasse ao consumidor será moderado. Na ponta do lápis, o preço de um SUV de R$ 300 mil sobe cerca de 2,5%, o que equivale a R$ 9 mil a mais. Para as picapes médias, o impacto é menor: cerca de 1,1% de acréscimo, algo próximo de R$ 3,6 mil no mesmo patamar de preço.
Quem são os mais afetados?
Modelos como Toyota SW4 e Chevrolet Trailblazer, ambos com motores a diesel acima dos 200 cv, estão entre os que mais sentirão o peso do novo imposto. Picapes médias como Ford Ranger, Chevrolet S10 e Toyota Hilux também terão aumento, mas em menor intensidade.
Quem ganha com isso?
Se os utilitários a diesel foram penalizados, os compactos sustentáveis se beneficiaram. Modelos como Chevrolet Onix, Fiat Mobi, Renault Kwid e Volkswagen Polo Track já registram queda de preços com a alíquota zerada. Essa “soma zero” deixa claro o objetivo do governo: financiar a redução de impostos dos veículos menos poluentes com a cobrança maior dos que mais emitem.
E agora?
O IPI Verde entra em vigor em outubro de 2025. Até lá, montadoras e concessionárias ajustam suas estratégias para absorver parte do impacto e evitar repasses agressivos. Para os consumidores, a mudança pode ser um empurrão para considerar alternativas mais limpas — híbridos, elétricos ou até versões flex dos utilitários.
Em resumo: o decreto não pretende apenas arrecadar mais, mas acelerar a transição para uma frota menos poluente, com incentivo direto aos compactos nacionais e pressão sobre utilitários a diesel — os campeões de emissões.


