Durante um encontro on-line, líderes das três unidades da DHL no Brasil discutiram os impactos da geopolítica, o avanço das plataformas asiáticas e o papel da inovação logística na preparação para a Black Friday e o Natal. Participaram da conversa Mirelle Grisios, CEO da DHL Express Brasil; Erick Brenner, CEO da DHL Global Forwarding Brasil; e Plínio Pereira, CEO da DHL Supply Chain Brasil, sob a mediação de Marcela Cunha, diretora executiva da ABOL.
A Frota News acompanhou o debate e sintetiza, a seguir, os principais pontos e perspectivas apresentados pelos executivos sobre a alta temporada de 2025.
Com o fim de ano se aproximando e o comércio eletrônico brasileiro em ritmo acelerado, executivos da DHL participaram de um debate promovido pela Associação Brasileira de Operadores Logísticos (ABOL) para discutir os desafios e as tendências da alta temporada de 2025.
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Para Mirelle Grisios, a DHL Express tem enfrentado um cenário internacional de grande volatilidade geopolítica, com tensões comerciais e mudanças regulatórias impactando os fluxos de remessas. “A complexidade da logística internacional exige agilidade e comunicação transparente com os clientes”, disse.
Segundo ela, embora o fluxo entre Ásia e Estados Unidos tenha diminuído, houve aumento em outras rotas, e o Brasil ainda não registrou queda significativa no volume de exportações. “É um momento que requer proximidade com o cliente e adaptação contínua”, completou.
A executiva também ressaltou a importância das micro e pequenas empresas, que já representam 60% da base de clientes da DHL Express. Em parceria com o Sebrae, a empresa lançou o portal Acelera, que oferece consultoria e capacitação gratuita para ajudar pequenos negócios a exportar. “Apenas 1% das PMEs brasileiras exportam. Queremos mudar esse número com apoio logístico e educativo”, afirmou.
Fluxos regionais e multimodalidade
Representando a DHL Global Forwarding, Erick Brenner apontou mudanças estruturais nas rotas comerciais e um aumento de 12% no fluxo da Ásia para o Brasil. “Hoje temos picos constantes ao longo do ano, e não apenas em períodos como o Golden Week ou o Ano Novo Chinês”, observou.
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Para lidar com essa nova dinâmica, a DHL aposta na plataforma MyDHLI, que permite rastreamento em tempo real e cálculo de emissões de carbono, e em soluções multimodais que combinam transporte marítimo, rodoviário e aéreo. “Essas alternativas garantem flexibilidade e custo competitivo, especialmente em períodos de alta demanda”, explicou Brenner.
Ele também destacou o impacto da sobrecapacidade marítima atual, que reduziu tarifas, mas deve ser ajustada nos próximos meses. “Os armadores já planejam reduzir navios e rotas — os blank sailings — para equilibrar o mercado”, disse.
E-commerce, automação e novas tendências de consumo
Na esfera doméstica, Plínio Pereira destacou a força do e-commerce, que continua crescendo mesmo após o pico da pandemia. “A temporada de pico, iniciada em outubro e novembro, define o novo patamar de crescimento para o ano seguinte”, afirmou.
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Pereira explicou como a DHL Supply Chain atende tanto marketplaces digitais quanto indústrias omnichannel, integrando soluções de fulfillment, cross-docking e last mile. Ele também apresentou novidades tecnológicas, como robôs com inteligência artificial para agendamento de entregas — uma inovação introduzida em 2025 que substitui processos manuais. “O chatbot interage com o consumidor e otimiza o agendamento, sem que ele perceba que fala com uma máquina”, relatou.
O executivo abordou ainda o avanço do live commerce e do comércio social, impulsionados por plataformas como TikTok e WhatsApp, que exigem logística mais ágil e previsível. Para isso, a DHL vem ampliando a DHL Fulfillment Network e testando pontos de retirada e devolução (PUDO), que agilizam entregas e reduzem custos.
Alta temporada com picos diluídos e novos hábitos
Um dos pontos mais debatidos foi a mudança no calendário do varejo. A chegada dos grandes marketplaces asiáticos, segundo os executivos, tem introduzido “peak seasons mensais” — promoções no dia 1/1, 2/2, 3/3 e assim por diante. Essa prática, embora distribua parte da demanda, não eliminou os picos tradicionais da Black Friday e do Natal.
Para 2025, a DHL prevê um crescimento de dois dígitos nas vendas on-line e aumento de 11% a 15% nos volumes de remessas durante o último trimestre, segundo Mirelle Grisios. As campanhas agressivas de frete grátis devem intensificar o consumo e exigir turnos extras nos centros de distribuição.
Resiliência, pessoas e agilidade
No encerramento, os três executivos destacaram os principais aprendizados do ano. Para Mirelle Grisios, o foco foi manter a resiliência e a conformidade em meio às mudanças regulatórias. Plínio Pereira enfatizou o cuidado com as pessoas — “com mais de 24 mil colaboradores, investir em desenvolvimento é o segredo para sustentar o crescimento” —, enquanto Erick Brenner resumiu em duas palavras: agilidade e flexibilidade.
“Na logística, é preciso sempre ter uma carta na manga. O mercado muda o tempo todo, e quem não se adapta, para”, concluiu Brenner.


