quinta-feira, novembro 21, 2024

Entrevista: Setcesp mostra caminhos para descarbonização, como o Despoluir

O setor de transporte rodoviário de carga (TRC) é apontado como responsável por cerca de 20% das emissões totais do país. A saber, segundo o Boletim Ambiental do Despoluir, Programa Ambiental do Transporte da Confederação Nacional do Transporte (CNT). Muitas ações são realizadas para a descarbonização das atividades por todos os envolvidos, desde o desenvolvimento de caminhões movidos por energias mais limpas etc.  

O maior desafio é cuidar da frota de milhões de caminhões existentes. Aliás, com cerca de 2,18 milhões de unidades, segundo relatório de 2023 do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças). A idade média é de 12,2 meses, sendo que os mais novos estão em frotas de transportadoras de médio e grande porte, e os mais velhos com autônomos e pequenos transportadores.   

Neste contexto, o Programa Despoluir cumpre importante papel ao fazer a inspeção para detectar falhas de manutenção e as possíveis correções. 

Para entender melhor, a Frota News entrevistou Adriano Depéntor, presidente do Setcesp (Sindicado das Empresas de Transporte de Carga da Região de São Paulo e Região).  Confira: 

1). Quantos caminhões já foram checados desde o início do programa? 

R – Iniciamos esse serviço em 2020 e de lá para cá já realizamos as aferições em mais de 15.000 veículos, isso só no Setcesp. Se você for ver o Programa Despoluir, todo esse número ultrapassa os 4 milhões de aferições. 

2). Como é a adesão de associados e não associados? 

R- Os associados ao Setcesp possuem gratuidade em toda frota própria, independente se ele irá em nossa base ou se iremos até ele, já o não associado tem alguns custos, como o deslocamento e diária do técnico.  

3)  O teste pode ser feito somente por pessoa jurídica, ou autônomo também pode? 

R – O autônomo também pode realizar, as terças-feiras temos uma base que fica localizada em 1 unidade do SEST SENAT mais estratégica, e ele pode ir até esse local e realizar o teste na hora.  

4). Os testes promovidos pelo Setcesp são realizados quantas vezes por ano e quantos veículos são testados em cada ação? 

R – Os testes são realizados durante todo o ano de acordo com nossa agenda, que tem como base os dias da semana de terça a sábado, já a quantidade de veículos acaba variando um pouco de acordo com a procura, mas sempre são no mínimo 16 veículos e pode chegar até 40 veículos por dia.  

5). Ao longo dos anos há uma mensuração de aumento de adesão e conscientização sobre o tema? 

R- Com certeza, ao longo dos anos aumentou muito a procura e adesão das empresas, o que é muito positivo para todos. Aliás, para se ter uma ideia no primeiro ano do serviço atendemos 51 empresas, já em 2024 já passamos de 150 empresas atendidas. Além disso, mais de 5.000 testes realizados só neste primeiro semestre. 

Creio que ao longo do tempo que as empresas de transporte estão cada vez mais voltadas ao tema ESG, e isso só traz benefícios visto que o Brasil tem grande dependência do Transporte de Carga Rodoviário. 

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Fernanda Veneziani, coordenadora da Comissão de Sustentabilidade do Setcesp, explica que a entidade adota uma série de iniciativas voltadas à sustentabilidade. “A transição energética é crucial para a redução das emissões de gases de efeito estufa. Com a adoção de fontes de energia mais limpas e renováveis, pode-se mitigar as mudanças climáticas e promover o uso mais sustentável de recursos naturais, além de reduzir a poluição do ar, solo e água”, destaca Veneziani.  

O vice-coordenador da Comissão de Sustentabilidade do Setcesp, Ricardo Melchiori, reforça que o segmento de Transporte Rodoviário de Cargas tem feito sua parte na redução das emissões. “Muitas empresas já adotaram processos e equipamentos que geram menos impactos ao meio ambiente. Isso inclui desde a otimização do uso de recursos até programas de renovação de frota. Com a adoção de veículos leves movidos a motores elétricos e pesados movidos a gás natural ou biometano. Mesmo a troca por veículos mais novos, ainda que movidos a diesel, mas com tecnologia mais moderna, contribui para a redução das emissões de GEE”, explica Melchiori. 

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Os desafios

Entretanto, a transição energética no TRC não está isenta de desafios. O alto custo inicial de tecnologias e combustíveis alternativos é uma barreira significativa, e a viabilidade econômica da transição depende de políticas públicas de incentivo e da redução desses custos. Além disso, a infraestrutura de recarga e abastecimento de veículos híbridos e elétricos ainda é insuficiente, especialmente para operações de longas distâncias. 

Para superar esses desafios, medidas conjuntas são necessárias, incluindo investimentos em pesquisa, bem como, desenvolvimento e inovação, incentivos fiscais e subsídios. Além de campanhas de conscientização e treinamento. Melchiori sugere que ampliar as discussões sobre a otimização das operações de transporte e a renovação da frota de carga do Brasil, especialmente dos caminhoneiros autônomos, é uma das soluções para garantir o sucesso da transição energética. “A frota de caminhões em circulação no Brasil possui 3,80 milhões de unidades, com idade média de 21,7 anos. Assim, a renovação da frota precisa estar na pauta do governo federal”, afirma. 

Certamente, com o compromisso do setor e as ações em curso, a expectativa é que a transição energética no TRC acelere nos próximos anos. Espera-se um aumento na participação dos biocombustíveis na matriz energética, avanços na produção de biometano e a expansão da frota de veículos elétricos e híbridos. Além disso, novas tecnologias, como veículos movidos a hidrogênio e combustíveis sintéticos, têm o potencial de contribuir ainda mais para a descarbonização do setor. 

“Embora o Brasil tenha mostrado liderança em várias áreas da transição energética, é crucial continuar avançando e enfrentar os desafios para garantir um futuro sustentável e energeticamente eficiente”, conclui Veneziani. 

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Marcos Villela Hochreiter
Marcos Villela Hochreiterhttps://www.frotanews.com.br
Atuo como jornalista no setor da mobilidade desde 1989 em diversas redações. Também nas áreas de comunicação da Fiat e da TV Globo, e depois como editor da revista Transporte Mundial por 22 anos, e diretor de redação de núcleo da Motor Press Brasil. Desde 2018, represento o Brasil no grupo do International Truck of the Year (IToY), associação de jornalistas de transporte rodoviário de 34 países. Desde 2021, também atuo como colaborador na Fabet (Fundação Adolpho Bósio de Educação no Transporte, entidade educacional sem fins lucrativos). Em 2023, fundei a plataforma de notícias de transporte e logística Frota News, com objetivo de focar nos temas que desafiam as soluções para gestão de frotas.
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