sexta-feira, dezembro 5, 2025

Crise na ANP ameaça fiscalização enquanto fraudes em combustíveis disparam no Brasil

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Agência intensificou fiscalizações em 2025, mas enfrenta cortes orçamentários que afetam operações e ameaçam a segurança no transporte rodoviário, favorecendo o aumento das fraudes

A adulteração de combustíveis segue como um desafio crítico para o transporte rodoviário brasileiro. Em 2025, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) iniciou o ano com uma ofensiva contra fraudes: somente nos dois primeiros meses do ano, foram coletadas cerca de 530 amostras de óleo diesel B e biodiesel — um salto de quase 80% em relação ao mesmo período de 2024.

A fiscalização resultou na interdição cautelar de três distribuidoras em São Paulo por irregularidades na mistura obrigatória de biodiesel, com possibilidade de multas de até R$ 500 milhões em caso de reincidência.

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Essas ações ocorrem em um cenário contraditório. Ao mesmo tempo em que a ANP reforça a vigilância, a própria agência enfrenta uma crise orçamentária sem precedentes. A partir de 28 de julho, a sede da ANP no Rio de Janeiro passará a funcionar apenas às quartas e quintas-feiras.

Em Brasília, o expediente já foi reduzido desde o início do mês, e os cortes orçamentários também levaram à suspensão do canal 0800, da pesquisa semanal de preços dos combustíveis e da fiscalização contínua da qualidade nas bombas. A agência opera com apenas R$ 105,7 milhões em orçamento discricionário — valor 82% menor do que o registrado em 2013.

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Para especialistas do setor, como Kassio Seefeld, CEO da startup TruckPag, o risco de abastecimento com combustível adulterado pode ser mitigado por meio de tecnologia e gestão inteligente.

O alerta é relevante, sobretudo diante do recorde de consumo de diesel no Brasil. De acordo com o Instituto ILOS, em 2024 o país consumiu cerca de 67 bilhões de litros do combustível — maior volume da série histórica. Desses, aproximadamente 78% foram direcionados ao transporte rodoviário, que inclui caminhões, ônibus e veículos comerciais leves.

fraudes
Kassio Seefeld, CEO da TruckPag. Crédito da imagem: Mariana Gurgacz

Seefeld destaca ainda que a manutenção preventiva é uma aliada contra os impactos de combustíveis adulterados. “Manter os motores em bom estado permite que eventuais falhas sejam detectadas e corrigidas com agilidade, antes que causem danos maiores à frota”, pontua. Além disso, a conscientização das equipes operacionais é considerada vital.

“Treinamentos contínuos e alertas sobre sinais de combustível ruim, como perda de potência ou aumento no consumo, ajudam os motoristas a agir rapidamente.”

Na visão do executivo, a soma de tecnologia, gestão e capacitação pode formar uma barreira robusta contra práticas fraudulentas. “A colaboração entre abastecimento, manutenção e operação cria uma rede de proteção. Isso, somado a processos bem definidos, evita muitas dores de cabeça para as empresas”, conclui.

Enquanto o setor privado se mobiliza para conter os prejuízos, a fragilidade da ANP preocupa. Com menos recursos, a agência pode não conseguir manter a fiscalização necessária em um mercado que movimenta bilhões de litros de combustíveis — e onde a confiança do consumidor está diretamente ligada à atuação do regulador.

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Marcos Villela Hochreiter
Marcos Villela Hochreiterhttps://www.frotanews.com.br
Atuo como jornalista no setor da mobilidade desde 1989 em diversas redações. Também nas áreas de comunicação da Fiat e da TV Globo, e depois como editor da revista Transporte Mundial por 22 anos, e diretor de redação de núcleo da Motor Press Brasil. Desde 2018, represento o Brasil no grupo do International Truck of the Year (IToY), associação de jornalistas de transporte rodoviário de 34 países. Desde 2021, também atuo como colaborador na Fabet (Fundação Adolpho Bósio de Educação no Transporte, entidade educacional sem fins lucrativos). Em 2023, fundei a plataforma de notícias de transporte e logística Frota News, com objetivo de focar nos temas que desafiam as soluções para gestão de frotas.
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