A Volvo do Brasil foi a primeira fabricante a lançar o bafômetro que impede a partida de caminhões e ônibus, chamado por de Alcolock. Agora, um brasileiro desenvolve um bafômetro mais sofisticado e que pode ser instalado em qualquer caminhão, e diversos outros tipos de veículos. Ele já está sendo testado no Brasil para combater um dos maiores flagelos no trânsito: a condução sob influência do álcool. O projeto é apoiado pela Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) e está em fase inicial de testes em carretas nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo.
Um dos maiores defensores do projeto é Ricardo Prates, um professor de 60 anos, tetraplégico e agente de Educação/Conscientização da Operação Lei Seca do Estado do Rio de Janeiro. Prates, que sofreu um grave acidente há 30 anos devido à condução sob influência do álcool, hoje usa sua experiência para conscientizar sobre os perigos dessa prática.
O etilômetro veicular, criado pela startup SIGHIR Enterprise do Rio de Janeiro, com desenvolvimento tecnológico realizado pela Unidade Embrapii Instituto Federal Fluminense — IF Fluminense, tem como objetivo principal evitar que motoristas embriagados coloquem suas vidas e as de outros em risco.
Funcionamento do etilômetro veicular
Ao entrar no veículo, o motorista sopra em um bafômetro instalado no painel. Se houver detecção de álcool, o sistema bloqueia automaticamente o motor, impedindo a partida. A tecnologia inclui telemetria e câmeras para registrar a identidade do condutor no momento do teste.
Além disso, para evitar fraudes, o etilômetro realiza testes surpresa durante o trajeto. Uma mensagem de voz solicita que o condutor estacione. Por certo, de forma que possa realizar nova checagem. Todo o processo é acompanhado em tempo real, permitindo averiguação do comportamento do motorista por câmeras e pelos índices de velocidade, aceleração e frenagem, entre outros.
Testes do bafômetro
O projeto do etilômetro veicular já recebeu mais de R$ 1 milhão em investimentos e está atualmente em fase de testes.
Quatro protótipos estão em operação, sendo uma delas instalada em carro de passeio e três em carretas da transportadora Expresso Predileto e Lógika Transportes. Ambas são especializadas em cargas pesadas e perigosas para o setor de petróleo e gás.
Os primeiros resultados foram tão bem-sucedidos. Dessa forma, um lote inicial de 80 unidades já está sendo produzido e deve ficar pronto até fevereiro de 2024. A empresa distribuirá algumas amostras do etilômetro a empresas interessadas para testes internos e aplicará cerca de 50 unidades em uma nova etapa de testes, principalmente instalando-as nos veículos da Expresso Predileto e Lógika. A expectativa é que o etilômetro seja lançado no mercado em breve.
Desafios superados
O projeto enfrentou desafios para tornar a tecnologia viável comercialmente. Dessa forma, comparado a um bafômetro alemão existente no mercado, o modelo brasileiro oferece soluções práticas e avançadas a um custo significativamente menor. A equipe da Unidade Embrapii IF Fluminense trabalhou para superar desafios como a substituição de sensores e a utilização de canudos descartáveis genéricos.
“O setor de transporte e logística lida com vários tipos de seguros, como o de vida, o da carreta, o do casco do veículo, o da carga e o contra terceiros. Portanto, um dos maiores riscos que podem comprometer todos esses seguros é um acidente envolvendo álcool. Por isso, as empresas do setor de logística precisavam de recursos tecnológicos para monitorar o consumo de bebidas alcoólicas pelos motoristas. No entanto, não havia no mercado um etilômetro que pudesse se integrar com câmeras e com a telemetria, para atender a essa demanda. Foi então que lançamos o desafio à Unidade Embrapii IF-Flu e eles aceitaram”, conta Ricardo de Barros Tostes, CEO da SIGHIR Enterprise.
O empresário, que também é CEO da Expresso Predileto e da Lógika Transportes, foi o responsável por apresentar a ideia à Unidade Embrapii. Dessa forma, e diante da viabilidade do projeto, criou a startup SIGHIR Enterprise, com o propósito específico de levar adiante a pesquisa. Para o futuro, ademais, os planos são ampliar a tecnologia para uso em vários outros tipos de meios de transporte e equipamentos que dependam de condução humana, como guindastes, empilhadeiras, barcos e aeronaves.
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