sábado, dezembro 6, 2025

Brasil na rota da eletrificação com chegada recorde da BYD e novos investimentos da Stellantis

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A chegada do maior navio de transporte de veículos do mundo ao Porto de Itajaí, trazendo mais de 7 mil modelos elétricos da BYD, e o anúncio da produção de híbridos na fábrica da Stellantis em Goiana (PE), marcam uma nova fase na logística da mobilidade sustentável no país.

O Brasil deu neste mês dois passos com impactos na cadeia logística e mobilidade elétrica. De um lado, o supernavio BYD Shenzhen atracou em Itajaí (SC) com a maior remessa de veículos eletrificados já enviada da China ao país. Do outro, a Stellantis revelou seus planos para eletrificar a produção nacional a partir de 2026, com a introdução da plataforma Bio-Hybrid em sua fábrica de Goiana (PE). Os dois movimentos, embora distintos, apontam para um mesmo caminho: a transformação da infraestrutura logística e produtiva para atender a um mercado cada vez mais voltado à sustentabilidade e à inovação.

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Chegada do cargueiro chinês BYD Shenzhen

O setor de logística brasileiro registrou nesta semana um marco histórico com a atracação do BYD Shenzhen, o maior navio transportador de veículos do planeta, no Porto de Itajaí (SC). Em sua primeira viagem internacional, o cargueiro trouxe mais de 7 mil veículos elétricos e híbridos da fabricante chinesa BYD (Build Your Dreams), na maior remessa já recebida pelo Brasil desse tipo de tecnologia.

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Foto: Divulgação/BYD

Com 219,9 metros de comprimento e capacidade para até 9.200 automóveis, o navio do tipo Ro-Ro (roll-on/roll-off) é uma peça-chave na nova estratégia global da BYD de verticalizar sua logística marítima. Equipado com sistema de propulsão híbrido — que combina Gás Natural Liquefeito (GNL) com energia elétrica — o BYD Shenzhen também se destaca por reduzir de forma significativa as emissões de gases poluentes no transporte marítimo, reforçando o compromisso com práticas logísticas mais sustentáveis.

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Porto de Itajaí: um hub em ascensão

A escolha do Porto de Itajaí para a operação logística não foi aleatória. Com estrutura adaptada para receber embarcações de grande porte e localização estratégica na Região Sul, o porto vem se consolidando como ponto de entrada relevante para veículos importados, especialmente os eletrificados. A operação de desembarque foi realizada com o apoio de equipes especializadas e seguiu protocolos rigorosos de eficiência e segurança.

“A chegada do BYD Shenzhen demonstra que o Brasil está preparado para operar em alto nível logístico quando se trata de mobilidade elétrica. O Porto de Itajaí já se posiciona como um hub de entrada e distribuição desses veículos”, afirma um executivo ligado à operação.

Logística integrada e sustentável

Com o crescimento da demanda por carros elétricos no Brasil, a logística de importação precisa evoluir em paralelo. A BYD já trabalha com uma frota de cargueiros própria e pretende expandir ainda mais esse modelo. Além do Shenzhen, a marca opera os navios Explorer No.1, Changzhou e Hefei, com previsão de chegar a oito embarcações até 2026. O objetivo é garantir independência logística, reduzir custos operacionais e ampliar o controle sobre prazos e rotas.

A operação realizada em Santa Catarina marca uma transição importante: da logística tradicional para uma logística verde, conectada com as metas ambientais globais e as exigências do consumidor moderno.

Impactos para o mercado e próximos passos

Além da entrega recorde, a operação sinaliza uma mudança de patamar para o mercado brasileiro de veículos eletrificados. A chegada em massa desses modelos vai permitir uma distribuição mais ágil para os concessionários, reduzir prazos de entrega e democratizar o acesso à tecnologia elétrica em diversas regiões do país.

A expectativa é que novas operações desse porte se tornem mais frequentes com o início da produção nacional da BYD, prevista para começar em breve na planta de Camaçari (BA). A estratégia integrada de importação e produção local deve transformar o Brasil em um centro logístico e industrial de relevância para o setor automotivo verde na América Latina.

Fábrica da Stellantis em Goiana

Enquanto a BYD movimenta o setor logístico com operações de importação recorde, a Stellantis traça planos ambiciosos de eletrificação com foco na produção nacional, com significativo impacto na logística. Em comemoração aos 10 anos de sua planta em Goiana (PE), o grupo anunciou um novo ciclo de investimentos de R$ 13 bilhões até 2030 apenas para a unidade pernambucana, parte dos R$ 30 bilhões que serão aplicados em todo o país.

O presidente da Stellantis América do Sul, Emanuele Cappellano, revelou que a partir de 2026 a fábrica passará a produzir veículos sobre a nova arquitetura Bio-Hybrid, que combina motores bicombustíveis com níveis variados de eletrificação. O primeiro modelo híbrido será derivado de um produto já em linha, e depois dele a planta dará início à renovação total de seu portfólio, com seis novos modelos previstos até 2028 — todos com algum nível de eletrificação.

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Além disso, a fábrica continuará focada na produção de veículos da plataforma média, com expectativas de nacionalização do Peugeot 3008, hoje montado na Europa sobre a STLA Medium, mesma base da nova geração do Jeep Compass. A flexibilidade de plataformas permitirá à montadora explorar soluções modulares e híbridas, maximizando a eficiência produtiva.

Cappellano destacou que a produção será altamente nacionalizada, com o objetivo de reduzir custos e garantir preços mais acessíveis aos consumidores. Hoje, a unidade de Goiana já emprega 6,4 mil pessoas diretamente e sustenta uma cadeia de 38 fornecedores locais — número que a Stellantis pretende quase triplicar até 2030, chegando a 100 parceiros industriais na região.

Para o setor de logística, essa movimentação representa um novo desafio: integrar, com eficiência e sustentabilidade, as cadeias de suprimentos de veículos híbridos e eletrificados, tanto importados quanto de produção nacional. A transição energética em curso exigirá não apenas investimento industrial, mas também modernização logística em todas as etapas — da chegada de peças ao escoamento de produtos acabados.

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Marcos Villela Hochreiter
Marcos Villela Hochreiterhttps://www.frotanews.com.br
Atuo como jornalista no setor da mobilidade desde 1989 em diversas redações. Também nas áreas de comunicação da Fiat e da TV Globo, e depois como editor da revista Transporte Mundial por 22 anos, e diretor de redação de núcleo da Motor Press Brasil. Desde 2018, represento o Brasil no grupo do International Truck of the Year (IToY), associação de jornalistas de transporte rodoviário de 34 países. Desde 2021, também atuo como colaborador na Fabet (Fundação Adolpho Bósio de Educação no Transporte, entidade educacional sem fins lucrativos). Em 2023, fundei a plataforma de notícias de transporte e logística Frota News, com objetivo de focar nos temas que desafiam as soluções para gestão de frotas.
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