O Brasil figura entre os países com maiores oportunidades para o setor segurador. Embora não exista um ranking global específico para seguros contra roubo de cargas, a demanda por esse tipo de cobertura está diretamente ligada aos índices de criminalidade e ao volume logístico de cada nação.
Nesse cenário, o país se destaca negativamente: registra um dos maiores números de roubos de cargas do mundo, superando mercados como México e África do Sul. Esse contexto impulsiona um segmento de seguros robusto e lucrativo. Em nações com cadeias de suprimentos extensas, como os Estados Unidos, o setor de seguros de transporte de carga também movimenta cifras bilionárias.
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Entre as principais operadoras globais, empresas como Chubb, Zurich, Allianz, AIG e Mapfre oferecem soluções específicas para o segmento. No Brasil, elas competem com grandes seguradoras nacionais, como Porto Seguro, Bradesco Seguros, Sompo Seguros e HDI Seguros.
Faturamento com a venda de seguro
De acordo com a Agência iNFRA, o mercado global de seguros movimenta cifras bilionárias. No Brasil, apenas no primeiro trimestre de 2025, a arrecadação com prêmios de seguro de transporte somou R$ 1,57 bilhão, alta de 10,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. Em escala mais ampla, considerando todos os tipos de seguros, o mercado brasileiro arrecadou R$ 751 bilhões em 2024.
O relatório “Análise de Roubo de Cargas”, da nstech, aponta que os ataques cresceram 24,8% no primeiro semestre de 2025. Já dados da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística) indicam que, em 2024, as perdas chegaram a R$ 1,2 bilhão — valor cinco vezes menor que o faturamento obtido com prêmios de seguro no início de 2025.

O impacto atinge toda a cadeia logística: aumento de custos operacionais, necessidade de investimentos extras em segurança e tecnologia, atrasos nas entregas e adoção de rotas mais longas para evitar áreas de risco. Essas medidas elevam o custo final ao consumidor e reduzem a competitividade dos produtos brasileiros. O cenário evidencia a necessidade de investir mais em prevenção do que apenas na contratação de seguros.
Marco regulatório impulsiona contratação
Desde a promulgação da Lei 14.599/23, tornou-se obrigatória a contratação dos seguros RCTR-C (Responsabilidade Civil do Transportador Rodoviário de Carga), RC-DC (Responsabilidade Civil do Transportador Rodoviário por Desaparecimento de Carga) e RC-V (Responsabilidade Civil de Veículo). A medida aumentou a demanda por esses produtos e reduziu o custo de venda para as seguradoras, já que a adesão é mandatória.
Entre janeiro e maio de 2025, segundo a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), o RC-DC arrecadou R$ 570 milhões, alta de 8,1%, enquanto as indenizações somaram R$ 239 milhões (+12,4%). Já o RCTR-C avançou 1,5%, totalizando R$ 721 milhões em prêmios, com indenizações de R$ 521 milhões (+5,2%). Os números confirmam a alta lucratividade do setor.
Portaria ANTT amplia fiscalização
O mercado deve ganhar novo fôlego com a Portaria SUROC nº 27/2025, publicada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) em 11 de agosto. A norma prevê a suspensão do Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas (RNTRC) de empresas que não comprovarem a contratação dos seguros exigidos.

Para Esteves Colnago, diretor de Relações Institucionais da CNseg, a medida representa um avanço significativo:
“Essa normativa traz uma evolução no método de fiscalização, substituindo documentos físicos por um modelo digital e integrado, o que promete maior eficiência e controle sobre a obrigatoriedade da cobertura de seguros no transporte de cargas, aumentando a segurança para toda a cadeia logística.”
O sistema digital deverá estar plenamente operacional até 10 de março de 2026. Até lá, a ANTT fornecerá às seguradoras um manual técnico para integração via webservice, garantindo o envio automático das informações de contratação dos seguros RCTR-C, RC-DC e RC-V.


