sexta-feira, dezembro 5, 2025

Biometano em alta: Mercedes-Benz se rende ao gás e Gas Futuro abre posto histórico

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Após o avanço do biodiesel, o gás biometano desponta como a segunda principal alternativa ao diesel fóssil tradicional no processo de descarbonização das frotas de veículos pesados, especialmente caminhões. Com quase quarenta anos de experiência jornalística no setor, acompanho de perto a evolução do gás renovável desde o início da última década. Na seção Frota Sustentável do portal Frota News, dedicada à transição energética das frotas, já foram publicados mais de 150 artigos nos últimos dois anos. Neste artigo, apresento as informações mais recentes sobre o tema. 

Caminhões Mercedes-Benz a gás

Até recentemente, a Mercedes-Benz descartava a possibilidade de desenvolver caminhões a gás no Brasil ou em qualquer outro país onde atua. Executivos da montadora alemã, até pouco tempo atrás, afirmavam: “Estamos completamente cientes de que temos competidores [que usam essa tecnologia] no Brasil. Entretanto, decidimos não desenvolver a tecnologia a gás porque ela não é livre de emissões de CO₂. É uma tecnologia que não representa o futuro. Por isso, decidimos seguir o caminho dos veículos elétricos com bateria e com célula de combustível.” 

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Mas o que fez a montadora mudar de ideia? O crescimento das frotas de grandes transportadoras com caminhões a gás da Scania — por enquanto, a única fornecedora de modelos a gás. No primeiro ano em que a Scania lançou os modelos a gás, na Fenatran de 2019, foram vendidas 10 unidades. No ano passado, esse número cresceu para 290, e, até agosto de 2025, a montadora sueca já emplacou mais de 500 unidades, acumulando quase 2.000 caminhões a gás em circulação pelo país. 

A Iveco, líder em veículos a gás na Europa, também vem se preparando para entrar nesse mercado. A empresa entregou um lote de S-Way NG (GNV/biometano) ao Grupo Cetric, para operar no transporte de resíduos. Foram negociados 28 caminhões, todos já entregues ao cliente e equipados com o motor FPT Cursor 13, de 460 cv. Os veículos possuem cilindros com capacidade total para 960 m³ de gás. 

“Acreditamos muito no gás natural e no biometano como a melhor opção de combustível de transição para o diesel. Nesse sentido, temos o S-Way NG e o Tector NG atuando em operações mistas e rodoviárias”, afirma Marcio Querichelli, presidente da Iveco para a América Latina. 

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Além disso, há uma tendência entre as empresas que realizam coleta de resíduos de renovarem suas frotas, preferencialmente com caminhões a gás — por razões óbvias. O resíduo que elas coletam é a matéria-prima para a produção de biometano. 

Durante o evento ABX 2025, promovido pela Automotive Business, a Mercedes-Benz do Brasil confirmou que está testando caminhões movidos a gás natural e biometano no país. O anúncio foi feito em 17 de setembro por Jefferson Ferrarez, vice-presidente de Vendas, Marketing e Peças e Serviços Caminhões da Mercedes-Benz do Brasil. “O mercado tem puxado cada vez mais a discussão e se aberto cada vez mais para o gás. Então, nós estamos, sim, desenvolvendo soluções para também oferecer essa possibilidade dentro do nosso portfólio”, afirmou o executivo aos jornalistas presentes. 

Seminário Educação para Logística
Realização: Frota Educação. Inscrições: Sympla

Segundo Ferrarez, protótipos já estão em fase de avaliação pela engenharia da marca no Brasil. A decisão de avançar com o desenvolvimento foi impulsionada pelo programa governamental Combustível do Futuro, que incentiva o uso de energias limpas, e pelo crescimento da infraestrutura de abastecimento. Estima-se que a oferta de biometano no país possa crescer até seis vezes até 2030. 

Os primeiros modelos a gás da Mercedes-Benz devem atender segmentos vocacionais, como colheita de cana-de-açúcar e coleta de resíduos urbanos — setores em que a logística de abastecimento é mais previsível. Já para o transporte rodoviário de longa distância, a empresa considera que ainda é cedo, devido à limitação da infraestrutura. 

Posto para frotas pesadas

Desde este mês, o complexo rodoferroviário da região de Ponta Grossa, no Paraná, conta com o posto Gas Futuro, equipado com bombas de abastecimento de gás de alta vazão. O local tem capacidade para atender até seis caminhões simultaneamente, aproximadamente 300 por dia — ou 3 mil m³ de GNV por hora. A unidade integra a Parada Vendrami, centro comercial recém-inaugurado que reúne lojas, restaurantes, escritórios, serviços como lavanderia, fretes, seguradoras, além de posto de combustíveis. 

Em breve, o posto da Gas Futuro passará a operar também com biometano, tornando-se o primeiro do Brasil aberto ao público para abastecimento de frotas pesadas. Até então, existiam apenas postos privados com esse tipo de gás renovável. 

O Gás Natural Veicular (GNV) é um combustível fóssil composto majoritariamente por metano, extraído de reservas subterrâneas de gás natural. Por ser de origem não renovável, sua queima contribui para a emissão de gases de efeito estufa, embora em menor escala que a gasolina ou o diesel. 

Caminhões a gás urbano: Scania P 280 vs. Iveco NG vs. VW Constellation 26.280 

Já o biometano é um gás renovável obtido a partir do biogás, gerado pela decomposição de resíduos orgânicos como lixo doméstico, esgoto ou resíduos agroindustriais. Após passar por um processo de purificação, o biometano atinge qualidade equivalente ao GNV, podendo ser utilizado nos mesmos veículos e infraestrutura. 

A principal vantagem do biometano está na sua pegada de carbono reduzida: por ser produzido a partir de resíduos, ele contribui para a economia circular e para a descarbonização das frotas, como já ocorre em iniciativas pioneiras no Brasil voltadas ao abastecimento de caminhões pesados. Os veículos a GNV emitem cerca de 15% menos CO₂ que os a diesel, enquanto os movidos a biometano podem reduzir até 90% das emissões, considerando o ciclo completo do combustível. 

O biometano do posto da Gas Futuro será fornecido por um centro de tratamento de resíduos do aterro sanitário do município de Ponta Grossa. “O GNV é o combustível de transição para energias renováveis. Já o biometano é a energia renovável propriamente dita, alinhando sustentabilidade e economia circular. Ele dá autonomia para um caminhão ir e vir do Porto de Paranaguá. O posto de biometano, para abastecimento de frota pesada, será a cereja do bolo nos corredores sustentáveis do Paraná”, afirma o CEO da Gas Futuro, Rodrigo Bogacz. 

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Marcos Villela Hochreiter
Marcos Villela Hochreiterhttps://www.frotanews.com.br
Atuo como jornalista no setor da mobilidade desde 1989 em diversas redações. Também nas áreas de comunicação da Fiat e da TV Globo, e depois como editor da revista Transporte Mundial por 22 anos, e diretor de redação de núcleo da Motor Press Brasil. Desde 2018, represento o Brasil no grupo do International Truck of the Year (IToY), associação de jornalistas de transporte rodoviário de 34 países. Desde 2021, também atuo como colaborador na Fabet (Fundação Adolpho Bósio de Educação no Transporte, entidade educacional sem fins lucrativos). Em 2023, fundei a plataforma de notícias de transporte e logística Frota News, com objetivo de focar nos temas que desafiam as soluções para gestão de frotas.
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