domingo, dezembro 14, 2025

A escalada do custo da energia que pesa no frete e na inflação brasileira

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Nos últimos 25 anos, os preços da energia elétrica e do gás natural dispararam muito acima da inflação brasileira, impondo um impacto silencioso porém profundo sobre toda a cadeia logística e, por consequência, no custo do frete rodoviário. Segundo a Associação Brasileira de Consumidores de Energia (Abrace), essa escalada energética é um dos vetores responsáveis pelo IPCA acima da meta em diversos anos.

De 2000 a 2024, enquanto o IPCA acumulou 326%, a tarifa de energia elétrica subiu 1.299% — quase quatro vezes mais. O gás natural foi ainda mais além: aumento de 2.251% no mesmo período, ou seja, sete vezes mais que a inflação geral. Esses aumentos comprometem diretamente a competitividade da indústria e do setor de transporte, um dos mais afetados pelo alto custo da energia.

Frete como vetor de repasse de custos

O transporte rodoviário é altamente dependente de combustíveis fósseis e energia elétrica. Além do diesel, insumo principal da operação de caminhões, o setor consome energia em terminais logísticos, oficinas, armazéns, pátios e também nos veículos elétricos que começam a integrar as frotas. Com o aumento dos preços desses insumos, o frete é o primeiro a sentir — e, quando possível, repassar — o impacto.

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Um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) simulou os impactos do aumento do diesel no período entre julho de 2017 e janeiro de 2019. O preço do diesel subiu 15,6%, o que implicaria um aumento natural de 4,7% no frete. No entanto, com a implementação do tabelamento do frete naquele período, o reajuste efetivo chegou a 12,1%. O excedente de 7,4 pontos percentuais impactou diretamente o PIB (-0,11%), o desemprego (+0,22%) e a inflação medida pelo IPCA (+0,34 p.p.).

Energia cara, logística cara, Brasil mais caro

O custo da energia é um fator transversal na economia. A Abrace aponta que, em diversos produtos básicos como pão e leite, até 85% a 92% dos aumentos de preços podem ser atribuídos ao custo energético — desde o cultivo, passando pela industrialização até o transporte.

Quando o frete encarece, o efeito é uma cascata: indústrias ajustam suas margens, varejistas sobem os preços e o consumidor final sente o peso no bolso. O frete, que representa cerca de 4% a 5% do custo industrial de diversos produtos, se torna um multiplicador de aumentos, especialmente em um país de dimensões continentais como o Brasil.

Uma agenda de competitividade

Para especialistas do setor, conter os reajustes abusivos da energia e garantir previsibilidade nas tarifas são medidas essenciais para evitar que o frete siga como vetor inflacionário. Além disso, políticas públicas de eficiência energética e estímulo ao uso de fontes renováveis no transporte e na indústria logística são caminhos estratégicos para quebrar o ciclo da inflação estrutural.

Dizem que o Brasil é privilegiado por natureza ao ter fontes de energia em abundância e não termos dinheiro para usufruir?

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Marcos Villela Hochreiter
Marcos Villela Hochreiterhttps://www.frotanews.com.br
Atuo como jornalista no setor da mobilidade desde 1989 em diversas redações. Também nas áreas de comunicação da Fiat e da TV Globo, e depois como editor da revista Transporte Mundial por 22 anos, e diretor de redação de núcleo da Motor Press Brasil. Desde 2018, represento o Brasil no grupo do International Truck of the Year (IToY), associação de jornalistas de transporte rodoviário de 34 países. Desde 2021, também atuo como colaborador na Fabet (Fundação Adolpho Bósio de Educação no Transporte, entidade educacional sem fins lucrativos). Em 2023, fundei a plataforma de notícias de transporte e logística Frota News, com objetivo de focar nos temas que desafiam as soluções para gestão de frotas.
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