Em 1997, o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) tentou estabelecer medidas para garantir a segurança veicular e a redução das emissões de poluentes por meio da inspeção veicular. Mas, poucas prefeituras colocam a lei em prática.
Nesta Semana Nacional do Trânsito é o momento em que o Brasil deve refletir sobre a importância as causas de acidentes de trânsito, entre elas, a falta de manutenção dos veículos.
De acordo com o mais recente levantamento da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), somente em 2022, foram registrados 64.447 acidentes nas rodovias federais brasileiras, resultando em 52.948 vítimas, entre mortos e feridos.
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Rodovias federais
Esses números são alarmantes e equivalem a dizer que uma cidade inteira do porte de Avaré (SP), Macapá (AP), Itatiaia (RJ) ou Cianorte (PR) teria sido dizimada ou gravemente afetada devido a acidentes rodoviários, considerando apenas as rodovias federais. Vale ressaltar que existem milhares de quilômetros de estradas sob a gestão dos estados que não foram incluídos no levantamento da CNT.
O diretor executivo da Federação Nacional da Inspeção Veicular (FENIVE), Daniel Bassoli, alerta para a gravidade desses acidentes nas rodovias, que tendem a ser mais graves do que aqueles ocorridos no perímetro urbano. Segundo a pesquisa da CNT, em 2022, a média foi de sete acidentes com vítimas a cada dez quilômetros de rodovias.
Os números também revelam uma preocupação em relação aos tipos de veículos envolvidos nos acidentes. Em 2022, 44,8% das vítimas eram passageiros de automóveis, enquanto 30% eram motociclistas e 14,2% eram motoristas e passageiros de caminhões.
Bassoli enfatiza que, em colisões envolvendo qualquer veículo, os caminhões têm uma vantagem estrutural, o que os torna com uma responsabilidade maior em acidentes. Além disso, ‘Temos visto diariamente notícias de caminhões sem freios, com problemas mecânicos, desgovernados, causando acidentes e provocando traumas em inúmeras famílias. Isso tudo ocorre por falta de uma maior fiscalização’, critica.
Os caminhões
Um levantamento da Polícia Rodoviária Federal revelou que, nos quatro primeiros meses deste ano, quase metade (46%) das mortes nas rodovias federais envolvia caminhões ou carretas, totalizando 631 vítimas fatais e 1.211 feridos graves.
O diretor da FENIVE destaca a importância da inspeção técnica periódica. Ela evita muitas vezes falhas mecânicas causadas pela falta de manutenção adequada nos veículos. “Infelizmente, ainda não implementaram o programa de inspeção da frota, previsto no CTB desde 1997”, comenta.
Ademais, além do impacto humano, a pesquisa da CNT aponta um custo anual estimado de R$ 12,92 bilhões. Isso somente devido aos acidentes ocorridos nas rodovias federais em 2022.
Diante dos números alarmantes, é essencial que as autoridades intensifiquem os esforços para implementar. Além disso, fiscalizar as normas de segurança veicular e de controle de emissões, conforme estabelecido no CTB. Dessa forma, a vida de milhares de brasileiros depende disso e omissão torna os gestores públicos cúmplices dessas mortes.