Com base nos dados consolidados de vendas acumuladas entre janeiro e outubro de 2025, o mercado chinês de caminhões pesados mostra sua dimensão estratégica global e evidencia um cenário de forte concentração entre os principais fabricantes locais, além de taxas expressivas de crescimento impulsionadas pela retomada econômica, renovação de frota e investimentos em infraestrutura.
A Sinotruk mantém a liderança isolada do ranking, com 253.255 caminhões pesados vendidos, crescimento anual de 23,25% e 27,26% de participação de mercado. O desempenho reforça a posição do grupo como principal referência do segmento na China, sustentado por ampla capilaridade, portfólio diversificado e forte presença em aplicações rodoviárias e fora de estrada.
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Na segunda posição aparece a FAW Jiefang, com 176.116 unidades, avanço de 16,67% e 18,96% de market share. Logo atrás, a Shacman ocupa o terceiro lugar, somando 148.161 veículos, crescimento de 19,08% e 15,95% de participação, seguida de perto pela Dongfeng Motor, que comercializou 146.307 caminhões, registrando alta de 24,37% e 15,75% do mercado.
Esses quatro fabricantes concentram juntos mais de 78% das vendas entre os dez maiores, evidenciando um mercado altamente dominado por grandes grupos nacionais.
Destaque para crescimentos acelerados
Um dos principais destaques do período é a Foton, que aparece na quinta posição com 117.887 unidades vendidas, mas chama atenção pelo crescimento anual de 99,91%, praticamente dobrando seu volume em relação ao ano anterior e alcançando 12,69% de participação.
Também se sobressaem fabricantes de menor escala, porém com taxas de expansão muito elevadas. A XCMG, tradicionalmente associada a máquinas de construção, vendeu 30.127 caminhões, com crescimento de 87,89%. Já a CAMC apresentou avanço de 108,72%, somando 10.106 unidades, enquanto a Chery Trucks registrou o maior crescimento percentual do ranking, de 140,32%, ainda que com volume mais modesto, de 5.996 caminhões.
Fabricantes em estabilidade e retração pontual
Entre os dez maiores, a JAC Motors foi a única a registrar leve retração no período, com queda de 1,42%, totalizando 11.212 unidades e 1,21% de participação. A BAIC Trucks, por sua vez, aparece na nona posição, com 8.080 caminhões vendidos, crescimento de 57,02% e 0,87% do mercado.
No acumulado dos dez maiores fabricantes, o volume chega a 906.977 caminhões pesados, o que representa 97,67% do mercado total chinês no período analisado. O dado reforça não apenas a escala da indústria local, mas também o alto nível de concentração e competitividade entre os líderes, em um ambiente marcado por inovação tecnológica, avanço de veículos mais eficientes e crescente atenção a soluções de menor impacto ambiental.
O desempenho de 2025 confirma a China como o maior e mais dinâmico mercado de caminhões pesados do mundo, com fabricantes cada vez mais preparados para competir globalmente — cenário que segue no radar de montadoras, fornecedores e operadores logísticos internacionais.
Além dos três entre os 10 maiores fabricantes de caminhões chineses, acaba de chegar ao Brasil a SANY Trucks, divisão da SANY do Brasil:
China x Brasil: o que os números revelam para o mercado brasileiro
A liderança e o ritmo de crescimento dos fabricantes chineses de caminhões pesados contrastam fortemente com a realidade do mercado brasileiro, que opera em outra escala e com dinâmica distinta. Enquanto a China ultrapassa 900 mil caminhões pesados vendidos em apenas dez meses, o Brasil costuma registrar, em um ano considerado positivo, volumes totais significativamente inferiores, mesmo somando caminhões médios e pesados. Essa diferença evidencia não apenas o tamanho do mercado chinês, mas também sua capacidade de absorver rapidamente novas marcas, tecnologias e modelos de negócio.
Nesse contexto, chama atenção o avanço de fabricantes que já mantêm operação comercial no Brasil, como Foton, JAC Caminhões e XCMG. Na China, essas três marcas apresentaram crescimentos acima da média em 2025.
No Brasil, porém, o desafio dessas marcas é outro: competir com fabricantes historicamente estabelecidos, rede de concessionárias madura e forte fidelização do cliente, além de atender às exigências regulatórias locais, como o Proconve P8.
Ainda assim, a experiência chinesa indica que esses grupos chegam com musculatura industrial, escala produtiva e velocidade de desenvolvimento suficientes para pressionar preços e acelerar a renovação de frota — algo particularmente relevante em um país com idade média elevada dos caminhões em circulação.
A leitura comparativa sugere que, embora o Brasil não replique o volume chinês, o desempenho dessas marcas em seu mercado de origem funciona como um termômetro estratégico. Se conseguirem adaptar portfólio, pós-venda e financiamento à realidade brasileira, Foton, JAC Caminhões e XCMG tendem a ampliar gradualmente sua participação, sobretudo em aplicações fora de estrada, construção, agronegócio e transporte regional, onde o custo-benefício tem peso decisivo na compra.


