A SANY do Brasil contratou Dieter Martin Lommer como novo diretor de Vendas de Caminhões, em um movimento da fabricante chinesa para ganhar relevância em um dos mercados domicado por marcas europeias. Com mais de 25 anos de experiência na Mercedes-Benz, Lommer assume o desafio de liderar a expansão da marca no Brasil, trazendo um histórico sólido no setor automotivo e formação acadêmica em Administração de Empresas (Unip) e MBA pela ESPM.
A chegada do executivo marca um novo capítulo para a SANY, que, ao contrário de fabricantes que miram diretamente o transporte rodoviário de carga, adota no Brasil uma estratégia de nicho. O foco está em três frentes: caminhões fora de estrada para mineração e construção pesada, veículos de nova energia – com destaque para os modelos elétricos – e caminhões-guindastes.
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Um histórico de evolução no Brasil
A presença da SANY no país começou em 2007, inicialmente como distribuidora de máquinas de construção. Em 2011, a companhia inaugurou sua primeira linha de montagem em São José dos Campos (SP), em regime CKD. O passo seguinte veio com o investimento de US$ 300 milhões em uma fábrica própria em Jacareí (SP), instalada em um terreno de 500 mil m². O complexo se tornou o centro de montagem, estoque de peças e base de engenharia local, consolidando a verticalização da operação.
Esse compromisso de longo prazo abriu caminho para a diversificação do portfólio. Produtos como bombas de concreto sobre caminhões e guindastes já revelavam a vocação da marca para veículos pesados. A entrada formal no setor de caminhões é, portanto, uma extensão natural dessa trajetória.
Estratégia de nicho e diferenciação
Em vez de confrontar de imediato gigantes europeus como Scania, Volvo e Mercedes-Benz no transporte rodoviário tradicional, a SANY prioriza setores de alta intensidade. A parceria com a IRMEN Máquinas, considerada a maior concessionária SANY do mundo, é peça-chave nessa engrenagem. Apenas em 2023, foram comercializadas mais de 1.200 máquinas e mais de 300 caminhões fora de estrada, incluindo projetos relevantes com empresas como a Vale.
No campo da inovação, a eletrificação desponta como trunfo. A fabricante já disponibiliza no Brasil modelos 100% elétricos, como o caminhão fora de estrada SKT110E e o rodoviário basculante SYZ319BEV. Ambos unem potência e sustentabilidade, em linha com a pressão global por metas ESG. A parceria com a Bracell, no setor de celulose, reforça a aposta da companhia em validar a tecnologia em ambientes desafiadores.
Ecossistema de suporte e pós-venda
Um dos maiores obstáculos enfrentados por marcas chinesas no Brasil é a percepção sobre a qualidade do pós-venda. Para superar esse desafio, a SANY estruturou uma rede robusta de serviços, com estoque de peças genuínas em Jacareí, centros regionais como o da IRMEN e programas de treinamento técnico especializados, incluindo suporte dedicado aos caminhões elétricos.
Essa estratégia já rende frutos. A operação com a Vale, em Minas Gerais, mostrou ganhos concretos de produtividade, enquanto os testes com a Bracell sinalizam o interesse crescente de grandes clientes por soluções mais sustentáveis.
O próximo passo
Com a nomeação de Dieter Lommer e o avanço da estrutura comercial no país – que inclui novas contratações em áreas de vendas, marketing e manutenção, além de presença ativa em eventos voltados a transportadores –, a SANY reforça seu plano de disputar espaço no mercado brasileiro de caminhões.
Longe de ser uma entrada improvisada, a estratégia mostra-se calculada: ocupar nichos específicos, apostar na eletrificação e sustentar o crescimento com um ecossistema de suporte robusto. Com isso, a SANY busca não apenas vender caminhões, mas se posicionar como fornecedora de soluções completas para setores intensivos em transporte pesado.
