A JAC Motors decidiu intensificar sua presença no Brasil. Após mais de uma década sendo representada no país pelo Grupo SHC, a montadora chinesa passa a atuar diretamente no segmento de caminhões a combustão, mirando o mercado de 9 a 25 toneladas de PBT — que responde por cerca de metade das vendas nacionais de veículos de carga.
A decisão marca uma reestruturação: a SHC segue com exclusividade nas vendas de automóveis e comerciais elétricos, área na qual a JAC já lidera o mercado brasileiro, enquanto a nova subsidiária atuará de forma independente nas linhas a diesel.
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A operação comercial começa de forma estruturada em 2026, mas o posicionamento estratégico já foi apresentado à rede e a potenciais clientes em evento realizado em São Paulo. A meta é ambiciosa: chegar a 5% de participação até 2030, com projeção inicial de 1,5% já ao fim de 2026, o que equivaleria a ao menos 700 unidades vendidas no primeiro ano.
“Estamos confiantes no potencial dessa operação, baseada em componentes reconhecidos, rede em expansão e produtos projetados para as aplicações mais comuns do mercado brasileiro”, afirma Adriano Chiarini, diretor comercial da JAC Caminhões.
Quatro modelos para estrear — e planos para pesados e extrapesados
A JAC Caminhões chega ao Brasil com um portfólio inicial de quatro veículos — um leve e um médio da linha N e dois semipesados da família A. Juntos, os modelos abrangem operações que vão da distribuição urbana ao transporte rodoviário de cargas de médias distâncias.
Os produtos se apoiam em um conjunto mecânico já consolidado entre transportadores: motores Cummins Euro VI e transmissões Eaton, Fast Gear ou ZF, conforme a versão. As cabines poderão ser simples, estendidas ou leito.
Embora os preços ainda não tenham sido revelados, a marca assegura que a proposta será de custo-benefício competitivo, entregando caminhões com itens valorizados pelo setor, como: controle eletrônico de tração e estabilidade, assistente de partida em rampa, ar-condicionado, vidros e travas elétricas, faróis e lanternas em LED e central multimídia como opcional.
Além disso, a JAC promete 2 anos de garantia para o veículo completo e 3 anos para trem de força, sem limite de quilometragem — um diferencial importante no segmento.
Os primeiros caminhões JAC no Brasil
JAC N 9.170 — Leve
Aplicações urbanas e regionais com motor Cummins B4.0 Euro VI — 170 cv, 600 Nm, transmissão: Eaton ESO 6106A, 6 marchas, manual, PBT: 9.500 kg, carga útil: 6.500 kg, entre-eixos: 3.845 / 4.475 mm e tanque: 200 litros.
JAC N 13.210 — Médio
Operações urbanas e de curtas distâncias rodoviárias com motor Cummins B4.5 Euro VI — 210 cv, 760 Nm, transmissão: Fast Gear F8JZ95CM, 8 marchas, automatizada, PBT: 12.080 kg, carga útil: 8.200 kg, entre-eixos: 4.200 / 4.700 mm e tanque: 200 litros.
JAC A 18.290 e A 25.290 — Semipesados
Cabine leito, em versões 4×2 e 6×2, com motor: Cummins D6.7 Euro VI — 290 cv, 1.100 Nm, transmissão: ZF 9AS1517TO, 9 marchas, automatizada, PBT: 16.000 / 23.000 kg, carga útil: 11.500 / 18.000 kg, entre-eixos: 4.700 e 5.300 mm / 6.050 e 6.650 mm e tanques: 400 L + opcional de 200 L
“Por enquanto, são quatro caminhões rígidos, mas vamos ampliar a oferta e entrar nos segmentos de pesados, fora de estrada e extrapesados”, adianta Rogério Gil Costa, gerente de produto.
Rede em expansão e produção local estudada
A construção da rede comercial já está em curso, com 30 endereços previstos até o fim de 2026 e 60 em 2027, começando com: Grupo Relimpp — São Paulo; Grupo Pemagri — Sergipe e Alagoas; e Grupo Vega — Pará e Amapá.
A aposta é oferecer suporte financeiro e de pós-vendas desde o início: consórcio, locação, telemetria e planos de manutenção.
Além disso, a JAC avalia nacionalizar parte da produção, com estados do Nordeste, Espírito Santo, Goiás e Paraná interessados em receber investimentos.
Desafio em um mercado dominado por gigantes
O setor de caminhões até 17 toneladas no Brasil tem forte concentração: Volkswagen e Mercedes-Benz detêm cerca de 90% desse mercado. Para conquistar território, a JAC se apoia em três pilares: preço competitivo, confiabilidade de fornecedores globais, escala industrial — presente em 27 países e discurso de que a marca não veio para testar terreno, mas para permanecer.


