Um estudo do Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP Brasil), divulgado neste mês, revela que o Brasil tem potencial para substituir 14.146 ônibus convencionais a diesel por modelos elétricos nas 21 regiões metropolitanas mais populosas do país.
A substituição, segundo a entidade, poderia ser feita no curto e médio prazo sem necessidade de ampliação das frotas — desde que os veículos escolhidos tenham mais de cinco anos de uso e consumo energético compatível com as baterias atualmente disponíveis no mercado nacional.
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O levantamento utilizou dados reais de operação de 18 sistemas de transporte coletivo urbano e concluiu que cerca de 54% dos ônibus convencionais em circulação poderiam ser substituídos por elétricos sem prejuízo à operação atual. A análise leva em consideração a viabilidade energética, a idade da frota e a compatibilidade técnica entre os modelos convencionais e os elétricos.
Viabilidade técnica e ambiental
A iniciativa considera critérios operacionais, tecnológicos e ambientais, oferecendo um panorama detalhado para orientar políticas públicas de descarbonização do transporte coletivo urbano. Um dos pilares do estudo é mostrar que a eletrificação parcial da frota não exige investimentos imediatos em ampliação de infraestrutura ou aumento no número de veículos, mas sim uma gestão eficiente da renovação da frota atual.

Além disso, a substituição contribuiria significativamente para a redução das emissões de gases de efeito estufa e da poluição local, especialmente em corredores de ônibus com grande concentração de veículos.
Contexto nacional
O Brasil tem atualmente cerca de 107 mil ônibus urbanos em operação, segundo dados da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU). A maioria desses veículos ainda é movida a diesel. Iniciativas de eletrificação já estão em andamento em cidades como São Paulo, Salvador, Curitiba e Campinas, mas ainda em escala reduzida.
Segundo o portal de monitoramento E-Bus Radar, atualmente, o Brasil conta com 1.113 ônibus elétricos, incluindo dos trólebus.

O ITDP Brasil destaca que, com planejamento e incentivos adequados, o país pode acelerar esse processo, priorizando ônibus que já estão em fase de desativação e que apresentam maior impacto ambiental.
Políticas recomendadas
Entre as recomendações do estudo estão:
- Criação de linhas de crédito específicas para aquisição de ônibus elétricos;
- Estabelecimento de metas municipais de eletrificação;
- Prioridade para veículos elétricos em licitações de transporte coletivo;
- Parcerias com fabricantes e operadores para testes e ajustes tecnológicos;
- Apoio federal à infraestrutura de recarga.
Próximos passos
O estudo serve como base para gestores públicos, operadores e fabricantes, oferecendo uma ferramenta técnica de apoio à tomada de decisão. A expectativa é que o diagnóstico sirva de impulso para a criação de programas regionais de eletrificação da frota, sobretudo nas metrópoles que concentram os maiores índices de poluição atmosférica.


