Nos últimos anos, a Grande Vitória viveu uma transformação silenciosa, mas de impacto profundo: o fortalecimento do Espírito Santo como um dos mais promissores polos logísticos do país. Municípios como Viana, Serra, Cariacica e Vila Velha atraíram investimentos bilionários e remodelaram seus territórios para receber centros de distribuição, galpões e terminais capazes de conectar o estado ao Brasil e ao mundo.
Mais do que um movimento de expansão imobiliária, trata-se de uma estratégia de posicionamento econômico, que consolida a região como um hub essencial para o fluxo de mercadorias, impulsionando empregos e fortalecendo cadeias produtivas.
Viana: a capital estadual da logística
Viana talvez seja o exemplo mais emblemático desse avanço. O município acumula cerca de 800 mil metros quadrados de galpões construídos, com capacidade para armazenar aproximadamente 4,8 milhões de toneladas de carga. Não à toa, ganhou o título de “Capital Estadual da Logística”.
E o ritmo não deve parar tão cedo: a prefeitura prevê a construção de mais 1 milhão de metros quadrados de área logística nos próximos quatro anos. Parte desse crescimento se deve a empreendimentos como o Via Brasil Park, que prevê até 8 milhões de m² em lotes para operações multimodais, e ao Log Viana II, adquirido pelo BTG Pactual/Log CP por R$ 177,1 milhões — este último abriga gigantes como Amazon e Reckitt.
Serra: Private Log, um projeto bilionário
Se Viana já colhe os frutos de sua aposta logística, a Serra prepara um salto ainda maior. No Contorno do Mestre Álvaro, está em construção o Private Log, que promete ser o maior condomínio logístico da região: 620 mil metros quadrados de área bruta locável e um investimento de aproximadamente R$ 2 bilhões.
A primeira fase do projeto, prevista para 2029, incluirá quatro mega-galpões, áreas comerciais, restaurantes e até um heliponto, tudo com certificações ambientais e infraestrutura sustentável — como geração de energia solar, iluminação LED e sistemas de eficiência hídrica.

Cariacica: entre rodovias e ferrovias
Cariacica também avança de forma consistente. Com mais de 2.600 empresas do setor logístico e 259 centros de distribuição, o município é um verdadeiro entroncamento estratégico, favorecido por sua proximidade com as rodovias BR-101, BR-262 e pelas linhas férreas Vitória-Minas e Leopoldina.
O próximo passo é ainda mais ousado: um polo tecnológico e de cargas em Nova Rosa da Penha, que ocupará 1,5 milhão de metros quadrados. A proposta é integrar logística, tecnologia e serviços, ampliando a capacidade de atração de investimentos.
Vila Velha: o porto como motor de crescimento
Em Vila Velha, a logística tem um nome de peso: Terminal Portuário de Vila Velha (TVV). Operado pela Log-In Logística Integrada, o terminal acaba de expandir sua área em 70 mil metros quadrados, o que representa um aumento de 65% na capacidade operacional.
O investimento de R$ 35 milhões não é apenas em espaço: envolve a modernização da infraestrutura, com novos acessos, equipamentos e sistemas de monitoramento. Os resultados já aparecem nos números: no primeiro trimestre de 2025, o TVV registrou lucro líquido de R$ 26,5 milhões, um salto de 219% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Impactos e perspectivas
O que une esses quatro municípios é a visão de futuro: transformar o Espírito Santo em um hub logístico de referência nacional. Com novos galpões, terminais modernos e empreendimentos sustentáveis, a região consolida-se como alternativa competitiva aos grandes centros do Sudeste.
Além de movimentar a economia local, os projetos geram milhares de empregos diretos e indiretos, ampliam a arrecadação e valorizam áreas urbanas. Outro destaque é a incorporação de práticas ESG, com uso de energia renovável, sistemas de reuso de água e integração de modais de transporte.
Se os cronogramas forem cumpridos, até 2030 a capacidade logística do Espírito Santo poderá dobrar, posicionando o estado como protagonista no comércio e na distribuição de mercadorias no país.


