Durante a Lat.Bus, o presidente e CEO do Banco Mercedes-Benz, Leonardo Piccinini, recebeu a Frota News, entre outros jornalistas do setor, para explicar como funcionam as duas linhas de financiamento para os empresários do setor de transporte de passageiros, principalmente, do transporte público urbano.
Antes de tudo, vamos entender por que existem essas linhas de financiamento e os bancos de montadoras.
No Brasil, se a indústria automotiva dependesse dos financiamentos oferecidos pelos bancos comerciais convencionais, ela já teria falido. Portanto, para proteger as próprias vendas, todos os fabricantes de veículos realizam suas próprias instituições financeiras. Por quê? O problema maior não é a taxa Selic, hoje em 10,50%, definida pelo Banco Central do Brasil. Além disso, há vários fatores que interferem no juro pago pelo cliente do banco, como perfil, escore de crédito, valor envolvido, garantias, impostos, taxas bancárias, entre outros. Agora tem o responsável principal pelos juros: spread bancário.
O spread bancário é o nome que os bancos dão para a taxa de lucro e risco. Na verdade tem mais a ver com lucro, pois a taxa de risco dentro do spread, que serve também para obrigar os bons pagantes pagarem pelos inadimplentes. Portanto, o risco do banco é transferido para os outros clientes. Um banco só tem prejuízo por problemas de gestão de erros na avaliação da economia. Uma crise econômica, uma guerra, problemas climáticos, entre outros, pode levar um banco errar na previsão da taxa de inadimplência. Para garantir o lucro e possíveis riscos que o banco não tem controle, os juros pago pelo cliente é quase o dobro da taxa Selic no setor de veículos.
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As linhas de financiamento
Entendido a necessidade dos bancos de montadoras, há também a necessidade das linhas de crédito. Para isso contam com as linhas de financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). A transição energética no setor de transporte só pode acontecer com financiamentos com juros justos e menos burocracia. Esta é a principal função dos bancos de fabricantes, uma vez que oferecem spreads bancários menores do que os bancos comerciais e, além disso, fazem esforços para reduzir a burocracia para os clientes frotistas.
Nesse sentido, o presidente e CEO do Banco Mercedes-Benz nos explica cada uma delas, principalmente, por ser o primeiro banco aprovado pelo BNDES e Caixa Econômica Federal para oferecer dois importantes financiamentos para a transição energética das frotas de ônibus no Brasil. São o Finame Fundo Clima, do BNDES, e o Refrota, programa federal que retorna com força total e administrado pela CEF, porque vai utilizar os recursos dos trabalhadores, o FGTS. Ambos os produtos visam beneficiar empresas de transporte público e urbano, com condições atraentes que visam não só a modernização das frotas, mas também a promoção de uma mobilidade mais sustentável.
Comparativo dos dois fundos
Essas duas linhas de financiamento contam com juros muito menores das demais oferecidas no mercado financeiros. Veja no quadro abaixo as principais diferenças.
Linha de crédito | Fundo Clima | Refrota |
Taxa de juros | 10,33% | 10,27% |
Percentual do valor financiado | 100% para ônibus e caminhões elétricos ou híbridos, e até 30% do total a ser investido em infraestrutura de carregamento | 95% para ônibus urbano a diesel ou elétrico. Não financia a infraestrutura de carregamento |
Prazo | 180 meses | 87 meses para ônibus tipo 1: < 13,20 metros
128 meses para ônibus maior de 13,20 metros 164 meses para ônibus elétrico |
Carência para o pagamento da 1ª parcela | 60 meses | 15 meses para ônibus tipo 1: < 13,20 metros
20 meses para ônibus maior de 13,20 metros 20 meses para ônibus elétrico |
Quem pode ser beneficiado | Empresas com faturamento superior a R$ 300 milhões | N / A |
Limite por cliente | R$ 150 milhões | N / A |
Valor disponível para a linha de financiamento | R$ 10,4 bilhões. Portanto, após o uso do Finame Clima acaba ou novo valor é disponibilizado | N / A |
Os dados de prazos e carência acima são os limites estabelecidos pelo BNDES. No entanto, cada banco credenciado para oferecer essas linhas de crédito podem estabelecer outros prazos, desde que não sejam superiores ao do banco governamental. O Banco Mercedes-Benz está trabalhando com limite máximo de 120 meses e carência de 12 meses para o Fundo Clima.
Refrota pelo BMB
No caso do Refrota, por meio do BMB, serão oferecidas as melhores condições. Em particular, as empresas poderão financiar até 95% do valor do veículo em até 96 meses, já incluindo a carência de até seis meses, com condições sujeitas à política de crédito da instituição. A taxa total de juros para o cliente final é de 9% ao ano e o indexador é a Taxa Referencial (TR). Não há cobrança de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
“O Finame Fundo Clima é mais do que uma oportunidade financeira; é um compromisso com o futuro. Estamos proporcionando aos nossos clientes condições especiais para investir em tecnologias de ponta que não só beneficiam as empresas, mas também a sociedade e o meio ambiente”, afirma Leonardo Piccinini.
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