A reforma tributária vai mudar profundamente a forma como o transporte rodoviário de cargas paga e repassa impostos no Brasil. Com início da transição em 2026 e conclusão prevista para 2033, o novo sistema promete simplificar tributos, mas também traz desafios importantes para as mais de 200 mil transportadoras do país — especialmente as que hoje estão no Simples Nacional.
Para ajudar transportadores e gestores de frota a entenderem o que está por vir, reunimos as principais dúvidas em formato de perguntas e respostas.
1. Quando a reforma começa a valer?
A transição terá início em 2026 e será concluída em 2033. Nesse período, os atuais tributos (PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS) serão substituídos pelo IVA Dual, formado pela CBS (federal) e pelo IBS (estadual/municipal).
2. O que muda na cobrança de impostos para o transporte?
A principal mudança é que os impostos passam a ser cobrados no destino do serviço, e não mais na origem. Ou seja: o lugar onde o frete é consumido determinará a tributação, e não onde a transportadora está sediada.
3. Isso afeta a logística das cargas?
Sim. Com a nova lógica, indústrias e distribuidores tendem a se aproximar dos mercados consumidores. Isso pode alterar rotas, volumes transportados e até reduzir a importância de alguns polos logísticos criados apenas por incentivos fiscais.
4. O que acontece com os benefícios fiscais que existem hoje?
Eles serão gradualmente eliminados a partir de 2029. Em 2033, não haverá mais incentivos ligados à localização, acabando com o chamado “turismo tributário”.
5. E as transportadoras do Simples Nacional?
Esse é um dos pontos mais críticos. Hoje, cerca de 200 mil transportadoras estão no Simples. Como o regime não permite aproveitar todos os créditos tributários, muitas devem ser obrigadas a migrar para o regime regular (Lucro Real) para não ficarem em desvantagem competitiva.
6. Por que a folha de pagamento preocupa?
A folha de salários é um dos maiores custos do transporte. Mas a reforma não prevê créditos sobre essa despesa. Isso significa que serviços prestados a pessoas físicas, MEIs, empresas do Simples, associações ou condomínios podem ficar mais caros, já que esses clientes não geram créditos.
7. A tecnologia vai ser realmente necessária?
Mais do que nunca. A nova realidade exige controle preciso de custos, tributos e rotas. Softwares de gestão de frota, combustível, pneus e manutenção deixam de ser opcionais: passam a ser ferramentas de sobrevivência no setor.
8. O que os transportadores devem fazer já?
- Revisar o regime tributário com apoio contábil.
- Identificar custos ocultos (resíduo tributário).
- Investir em sistemas de gestão e automação.
- Acompanhar os clientes e eventuais mudanças nos centros de distribuição.
- Capacitar equipes para entender e se adaptar às novas regras.
Fontes: Paulo Raymundi, CEO da Gestran, e Lucas Ribeiro, fundador e CEO da ROIT.


