Os caminhões com PBT acima de 15 toneladas seguem como os “queridinhos” da indústria brasileira. Essa preferência, destacada pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), não é à toa: eles representam maior valor agregado, tecnologia embarcada e rentabilidade. Divididos entre os segmentos de semipesados e pesados, esses modelos concentram quase 80% das vendas de caminhões no país — um indicativo do seu peso estratégico para a cadeia de transporte e logística.
Pesados ainda lideram, mas em retração
De acordo com dados do setor, os pesados responderam por 42,75% das vendas de caminhões em junho de 2025, ligeiramente acima do mês anterior (42,62%). No acumulado do ano, no entanto, registram participação de 46,05%, uma queda expressiva em relação ao mesmo período de 2024, quando somavam 52,02%. Essa retração de 16% no segmento preocupa fabricantes e transportadoras, já que cada caminhão pesado movimenta cifras elevadas — em média, cerca de R$ 1 milhão por unidade.
Semipesados ganham terreno
Enquanto os pesados recuam, os semipesados demonstram fôlego: representaram 32,70% das vendas em junho, ligeiramente abaixo de maio (34,32%), mas com avanço consistente no acumulado do ano, saltando de 28,34% em 2024 para 31,97% em 2025.
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Médios em crescimento, leves estáveis
Os caminhões médios também mostram tendência positiva, passando de 15,37% em maio para 16,46% em junho, acumulando 14,04% no ano contra 11,23% no mesmo período do ano anterior. Já os leves mantêm participação estável (4,93% em junho), enquanto os semileves recuam: 3,15% no mês, com 3,06% no acumulado, ante 3,49% em 2024.
O que os números revelam
Mesmo com oscilações mensais, os dados confirmam a relevância dos pesados e semipesados, que juntos respondem por quase 80% do mercado. Mas a queda nas vendas dos extrapesados acende um alerta: com juros elevados e maior carga tributária, o financiamento — essencial para aquisição desses veículos — torna-se mais restritivo, impactando toda a cadeia produtiva.
Quando os pesados desaceleram, a indústria sente
O impacto vai além do volume de vendas. Como explica um executivo do setor ouvido pela reportagem, “é preciso vender cinco caminhões semileves para atingir o faturamento de um pesado”. Isso significa que qualquer retração nesse nicho atinge diretamente a rentabilidade das montadoras e a capacidade de renovação das frotas, refletindo no custo do transporte e, por consequência, no preço final dos produtos.
Em resumo:
Quando os pesados desaceleram, toda a cadeia — da indústria ao transporte — sente os efeitos. Reduzir juros e facilitar o acesso ao crédito é fundamental para estimular esse segmento e fortalecer o setor.


