Quando falávamos em viagem de ônibus, com certeza conforto não é o que vinha em nossa mente. Isto devido as escolhas antigas que transportadores faziam, por exemplo, de chassis e carrocerias de menor custo. Portanto, os baixos investimentos na qualidade da frota faziam nos crer que a viagem de ônibus estaria longe de ser uma boa escolha, a não ser que o motivo fosse exclusivamente economia. Orçamento apertado. Que na verdade, nunca foi barato para o consumidor. Uma péssima entrega. Pouca concorrência e zero assistência.
As tecnologias já existiam, mas não era de interesse das grandes empresas rodoviárias investir, pois não havia concorrência dentro rodoviária. As fabricantes Scania, Mercedes-Benz e Volvo já lideravam o setor no quesito de tecnologia de segurança e sustentabilidade e na oferta de modernidade nos chassis, já quando a pauta era carroceria, a Marcopolo trazia opções ao mercado do simples ao luxo, garantindo design e conforto de ponta.
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Bem, ao longo dos últimos anos, acompanhamos uma grande revolução nas estradas no transporte de passageiros. O conforto passou a ser destaque na categoria além de uma série de tecnologias agregadas ao passageiro sem falar no fator principal – segurança. Mas há que se deve tal mudança? Vamos entender.
Demandas sustentáveis
Neste mercado, de empresas de transportes de passageiros tínhamos as gigantes que eram gigantes pois conseguiam se atualizar com o tempo. Com dinheiro para investimento, se mantinham em um mercado cada vez mais fechado e exigente com as grandes demandas sustentáveis, atuais e essenciais. Mas há ressalvas.
Aí, a oferta ficava difícil. Os preços de agências que faziam as vendas ao consumidor final eram altos. A demanda grande, mas a circulação de capital ficava concentrado nas mesmas operadoras, pois bancar o custo de estrutura e operação era possível.
Os preços eram altos pela falta de competitividade
Com um mercado mais competitivo, se faz necessário melhorar a frota e o nível tecnológico. Este investimento veio com o surgimento do fretamento colaborativo, aumentando a concorrência nas rotas. O efeito fez com que os preços antes altos por falta de concorrentes se tornassem menores com muito mais ofertas nos trajetos.
Isso também reduziu a ociosidade de pequenas transportadoras de passageiros. A tecnologia permitiu comunicar os preços naquele mesmo trajeto para os clientes. Dando a ele opções de mercado. Sem taxas, em um clique no celular e de forma eficaz.
No trecho São Paulo – Campinas, por exemplo, há passagens que partem de R$ 5,90, dando ainda ao cliente a possibilidade de escolha de qual empresa e categoria de conforto contratar para sua viagem, e demais exigências, o que antes, no guichê da rodoviária, a escolha era apenas do destino, poucos tipos de assento, e se pagava o valor, e ponto final.
Fretamento colaborativo
Aí está a importância do fretamento colaborativo. Termo dado ao transporte de fretamento intermediado por uma plataforma de tecnologia. Antes de a Buser surgir, a intermediação era feita por agências de viagem, guias turísticos, escolas e eventos. O que a tecnologia fez foi facilitar essa relação, intermediando o contato entre passageiros e empresas de fretamento. Por atuar sob demanda, diminui os custos de operação e evita a ociosidade, e o usuário consegue economizar até 60% do frete. Com essa clareza de preços, as grandes operadoras antigas tiveram que dividir uma fatia do mercado. Por outro lado, o número de passageiros que passaram a utilizar o ônibus pela facilidade da tecnologia e o preço justo, aumentou bastante.
As operadoras antigas precisaram melhorar sua forma de atuação e, aí meu caro, uma avalanche começa. Por isto, acompanhamos uma verdadeira revolução de mercado para iniciativas como as do app rosinha (Buser) e a perseguição contra a inovação. Mas não é novidade, a Uber, aplicativo semelhante, porém de carros, teve essa mesma perseguição pois tudo que foge do padrão das grandes comandantes de mercado assusta. Causa alvoroço e desestabiliza o sistema tradicional.
Entendo que muito ainda precisa ser fomentado nesta discussão, principalmente em termos de regulamentação, de segurança e principalmente de livre mercado, isso por nós mesmos, passageiros. Trazer nossos desejos na hora da compra de uma passagem, por exemplo.
O fato é e que precisa ser entendido o quanto essa iniciativa revolucionou o transporte de passageiros ofertando melhores preços, melhor estrutura e mais segurança. O que antes poderia ser descrito como no primeiro parágrafo, agora é tido como uma alternativa eficaz, segura e moderna para se viajar, em vez de formas antigas. Sem mencionar o grande impacto ambiental de viagens colaborativas, tais como as de ônibus. Proibir rotas e concorrência não é democrático. Limitar o mercado é ser tendencioso e traz uma série de questionamentos, mas os deixo para o próximo artigo.
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