O Sinaceg (Sindicato Nacional dos Cegonheiros) também está em alerta máximo. A entidade se prepara para um possível “apagão logístico” no futuro, uma ameaça real e crescente que paira sobre a indústria de transporte de veículos zero-quilômetro no Brasil. A profissão de cegonheiro, tradicionalmente passada de pai para filho, enfrenta uma crise de sucessão sem precedentes, e a falta de interesse das novas gerações pode comprometer a fluidez de um dos segmentos mais estratégicos da logística nacional.
O problema reflete um cenário mais amplo, como aponta um estudo do Senatran (Secretaria Nacional de Trânsito), que registrou uma queda de 20% no número de caminhoneiros no Brasil na última década. A vida na estrada, marcada por longos períodos longe de casa, condições de trabalho extenuantes e a violência nas rodovias, afasta os mais jovens. “Não é mais uma profissão que passa de geração para geração,” lamenta Maurício Munhoz, da Transportes Munhoz & Munhoz. O desinteresse é tanto que, segundo Ivan da Silva, da Transmiúdo Transportes, os filhos de cegonheiros preferem atuar na gestão dos negócios da família a assumir o volante.
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Como a Senaceg se prepara

Para combater essa tendência, o Sinaceg aposta na modernização e na formação como chaves para atrair novos talentos. A 25ª Expo de Transportes do ABCD, conhecida como a Feira do Cegonheiro, é um dos eventos centrais nessa estratégia. A feira, que acontecerá em São Bernardo do Campo (SP), de 25 a 27 de setembro, apresentará o que há de mais moderno em caminhões e tecnologias. “Caminhões equipados com tecnologia, maior conforto e segurança deixam a jornada menos desgastante,” destaca José Ronaldo Marques da Silva, o Boizinho, presidente do Sinaceg. A ideia é mostrar que a profissão pode ser mais atrativa com o auxílio da tecnologia.
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Além da tecnologia, a formação de novos cegonheiros é vista como uma solução fundamental. Márcio Galdino, diretor regional do sindicato, explica que o setor estuda parcerias com transportadoras e centros de treinamento para viabilizar o acesso de jovens à profissão. Diferentemente do passado, quando motoristas novatos passavam meses em treinamento prático com profissionais experientes, hoje os altos custos operacionais inviabilizam esse modelo. A feira não será apenas uma vitrine de negócios, mas um espaço para atrair e inspirar a próxima geração de cegonheiros. Ítalo Nogueira, diretor da Conexão Eventos, resume o espírito do evento: “Mais do que um evento de negócios, estamos preparando três dias de festa para todos se sentirem em casa.”


