Levantamento da Confederação Nacional do Transporte (CNT) analisa mais de 2,8 milhões de vínculos empregatícios e destaca desafios em qualificação e retenção de profissionais no setor
O setor de transporte no Brasil ainda é predominantemente masculino e registra altos índices de rotatividade entre seus trabalhadores. É o que revela o Painel CNT do Perfil do Trabalhador no Transporte, pela Confederação Nacional do Transporte. Com base em dados da Rais (Relação Anual de Informações Sociais), do Ministério do Trabalho e Emprego, o estudo analisou mais de 2,8 milhões de vínculos formais ativos em todo o país.
Segundo o levantamento, 81,1% dos profissionais que atuam no transporte são homens. A maior parte da força de trabalho está na faixa etária entre 30 e 69 anos, o que representa mais de 2,2 milhões de pessoas empregadas nesse segmento essencial para a economia nacional.
O transporte rodoviário de cargas (TRC) lidera entre os modais, com mais de 1,3 milhão de vínculos, equivalente a 46,6% do total. No entanto, outras atividades da cadeia logística também possuem papel relevante. O setor de armazenamento e serviços auxiliares reúne mais de 543 mil empregos, enquanto os serviços postais e de entrega somam 154,7 mil. Os modais ferroviário, aeroviário e aquaviário aparecem com participação menor, mas compõem a diversidade da matriz logística.
“A importância do setor de transporte vai além do deslocamento de pessoas e mercadorias. Ele conecta regiões, movimenta a economia e gera milhões de oportunidades. Os dados do Painel CNT evidenciam esse potencial e apontam caminhos para o avanço da qualificação e valorização da mão de obra”, afirma Fernanda Rezende, diretora executiva interina da CNT.
Escolaridade e qualificação

A escolaridade predominante entre os trabalhadores do setor é o ensino médio completo, que corresponde a 63,3% dos vínculos formais — cerca de 1,7 milhão de pessoas. Por outro lado, 243,3 mil profissionais ainda têm o ensino fundamental incompleto ou não possuem escolaridade formal, o que reforça a necessidade de políticas voltadas à capacitação.
No extremo oposto, 258,5 mil trabalhadores têm ensino superior completo, e pouco mais de 3 mil possuem mestrado ou doutorado, o que indica uma presença ainda restrita de profissionais altamente qualificados.
Alta rotatividade e estabilidade reduzida

O levantamento também chama atenção para a baixa estabilidade no setor. Apenas 15,7% dos profissionais — cerca de 443,7 mil — estão há mais de dez anos na mesma empresa. Em contrapartida, 270 mil vínculos possuem menos de três meses, e outros 410,8 mil estão entre seis e doze meses. Esses dados indicam uma elevada rotatividade e possíveis desafios na retenção de talentos.
Concentração regional

A distribuição geográfica dos vínculos reforça a centralidade do Sudeste no setor. A região concentra 31,8% dos empregos formais no transporte, com São Paulo liderando o ranking — são quase 900 mil vínculos ativos. Minas Gerais e Rio de Janeiro também se destacam, seguidos pelas regiões Sul (18,9%) e Nordeste (13,1%).

Acesso aos dados
O Painel CNT do Perfil do Trabalhador no Transporte está disponível em plataforma digital e interativa, oferecendo filtros detalhados por faixa etária, gênero, raça, escolaridade, tempo de vínculo, segmento de atuação, entre outros critérios. A ferramenta permite uma visão abrangente e personalizada da realidade do setor e pode ser acessada gratuitamente no site da CNT.


