O ano de 2026 será mais do que uma sequência de datas comemorativas para a Mercedes-Benz. Será, sobretudo, um marco simbólico de como a história do automóvel, do transporte de cargas e da própria engenharia moderna se confunde com a trajetória da marca alemã. Ao longo de doze meses, a empresa celebrará aniversários que vão desde os 140 anos do nascimento do automóvel até os 100 anos da fusão entre Benz & Cie. e Daimler-Motoren-Gesellschaft, origem da então Daimler-Benz AG e da marca Mercedes-Benz como é conhecida hoje.
O calendário inclui ainda 130 anos dos primeiros veículos de transporte, 50 anos da icônica série 123, 20 anos do Museu Mercedes-Benz, em Stuttgart, além de marcos decisivos em segurança veicular, veículos comerciais, esportivos e no automobilismo. A companhia informou que os detalhes de cada celebração serão divulgados ao longo do ano por meio de comunicados oficiais.
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Para pesquisadores, jornalistas e entusiastas, a Mercedes-Benz também mantém um vasto acervo histórico de acesso público. O banco de dados multimídia Classic M@RS reúne documentos, imagens e registros de toda a trajetória da marca, disponíveis gratuitamente mediante cadastro. Já a Crônica Ilustrada Mercedes-Benz, também online, oferece uma narrativa visual da evolução tecnológica e cultural da empresa.
O nascimento do automóvel e a consolidação de uma era
Dois eventos de 1886 formam a espinha dorsal da história que será celebrada em 2026. Em 29 de janeiro, Carl Benz solicitou a patente de seu veículo de três rodas com motor a gás, amplamente reconhecido como o nascimento do automóvel. Pouco depois, em 8 de março, Gottlieb Daimler encomendou uma charrete que daria origem ao primeiro automóvel de quatro rodas, equipado com um motor de combustão de alta rotação.
Esses desenvolvimentos paralelos, inicialmente independentes, moldaram os fundamentos técnicos e conceituais da mobilidade moderna. Quatro décadas depois, em 28 e 29 de junho de 1926, a fusão entre Benz & Cie. e Daimler-Motoren-Gesellschaft consolidaria essa herança em uma única empresa, criando uma marca que passaria a ser referência global em engenharia, luxo e inovação.

Segurança: uma assinatura técnica da marca
Entre os aniversários mais simbólicos de 2026 está o 75º aniversário do pedido de patente da carroceria de segurança, feito por Béla Barényi, em 3 de janeiro de 1951. Sua aplicação em produção começou em 1959, nos sedãs W 111, conhecidos como “rabo-de-peixe”, e redefiniu os padrões de proteção veicular ao introduzir o conceito de zonas de deformação programada.
A tradição de inovação em segurança segue presente em outros marcos do calendário, como a apresentação, em fevereiro de 1986, dos sistemas ASR, ASD e da tração integral 4MATIC, tecnologias que anteciparam a eletrônica embarcada como pilar da segurança ativa.
Ícones de produto e influência cultural
Poucos modelos sintetizam tão bem o equilíbrio entre engenharia, conforto e longevidade quanto a série 123, apresentada em 27 de janeiro de 1976, que completa 50 anos em 2026. Reconhecida por sua robustez e confiabilidade, a linha tornou-se um símbolo global da marca, especialmente em mercados onde durabilidade era fator decisivo de compra.
Outros lançamentos marcantes reforçam esse legado, como o Mercedes-Benz 300 (W 186) e o 220 (W 187), apresentados no Salão de Frankfurt de 1951 e considerados precursores diretos do atual Classe S. Já em 2001, o SL da série R 230 levou inovações técnicas ao segmento de roadsters de luxo, enquanto o SLK (R 170), lançado em 1996, inaugurou um novo nicho com seu teto rígido vario-roof.
Veículos comerciais: a gênese do transporte moderno
A Mercedes-Benz também usará 2026 para reforçar seu papel fundador no transporte de cargas. Em 18 de agosto de 1896, Gottlieb Daimler apresentou o primeiro caminhão motorizado do mundo, vendido ao British Motor Syndicate, em Londres. Poucos meses depois, em 5 de dezembro do mesmo ano, a Benz & Cie. entregou o que é considerado o primeiro furgão da história, antecipando conceitos logísticos que hoje sustentam cadeias globais de suprimento.
Outro símbolo dessa versatilidade é o Unimog, cujo protótipo começou a ser testado em 9 de outubro de 1946. Criado como “Equipamento Motorizado Universal para Agricultura”, o modelo evoluiu para um dos veículos mais multifuncionais já produzidos, atravessando décadas e aplicações civis e militares.
Automobilismo: tecnologia testada no limite
A história esportiva da Mercedes-Benz também ocupa espaço central nas celebrações de 2026. Em 1901, o Mercedes 35 PS dominou a “Nice Week”, levando o secretário-geral do Automobile Club de France a declarar: “Entramos na era Mercedes.” Décadas depois, em 1926, Alfred Neubauer introduziu seu revolucionário sistema de sinalização para pilotos, um marco na gestão de corridas.
Mais recentemente, vitórias como a do Sauber-Mercedes C8, em Nürburgring, em 1986, marcaram o retorno da marca ao automobilismo de alto nível. No mesmo espírito de inovação, o C 111-II D estabeleceu recordes mundiais em 1976, enquanto, quase meio século depois, o Concept AMG GT XX repetiu o feito em Nardò, em 2025.
A presença constante da Mercedes-Benz na Fórmula 1 também será lembrada, especialmente pelo 30º aniversário do primeiro Safety Car oficial da marca, em 1996, e pelo quinto título de Bernd Schneider no DTM, em 2006, consolidando-o como o maior campeão da categoria.
Museu e memória como estratégia de marca
A celebração dos 20 anos do Museu Mercedes-Benz, inaugurado em 19 de maio de 2006, completa esse panorama histórico. Mais do que um espaço expositivo, o museu tornou-se um ativo estratégico da marca, conectando passado, presente e futuro em uma narrativa que reforça valores como inovação contínua, excelência técnica e visão de longo prazo.
Uma história que projeta o futuro
Ao reunir aniversários que atravessam automóveis, caminhões, segurança, automobilismo e cultura industrial, a Mercedes-Benz transforma 2026 em um exercício de memória estratégica. Mais do que reverenciar o passado, a marca sinaliza que sua história segue sendo um ativo central para enfrentar os desafios da mobilidade contemporânea — da transição energética à digitalização.
Em um setor cada vez mais pressionado por mudanças tecnológicas e regulatórias, a Mercedes-Benz aposta em algo raro: a capacidade de usar 140 anos de história não como nostalgia, mas como fundamento para seguir moldando o futuro do transporte.


