sexta-feira, dezembro 5, 2025

Lecar adia produção para 2027, reforça ambição industrial e planos de vendas planejados

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Diante das especulações que circulam nas redes sociais, o fundador e CEO da Lecar, Flávio Figueiredo de Assis, aproveitou a presença de dezenas de jornalistas nas coletivas do Salão do Automóvel de São Paulo para atualizar as informações sobre a implantação da primeira fábrica brasileira de veículos híbridos flex, prevista para Sooretama (ES).

Ele reconheceu que é natural existir ceticismo diante do projeto, afirmando que muitos duvidam que um empreendedor brasileiro possa criar uma montadora 100% nacional — especialmente após várias tentativas frustradas no passado, em um setor dominado por gigantes globais.

Durante o evento, Assis confirmou que o cronograma industrial sofreu ajustes. A produção dos primeiros modelos, o SUV 459 e a picape Campo, antes prevista para agosto de 2026, foi adiada para o segundo semestre de 2027.

A mudança é consequência direta do calendário de obras da fábrica, cuja construção está programada para começar apenas no primeiro trimestre de 2026.

“É uma montadora em fase de desenvolvimento e temos longa jornada pela frente para criar ambiente e tornar o carro viável”, afirmou o executivo.

Fábrica ainda no papel, mas com apoio político e estratégico

O projeto industrial apresentado pela empresa no Salão — atualmente em forma de maquete virtual — destaca os fatores que levaram à escolha de Sooretama (ES), entre eles: 38 km da WEG, fornecedora dos componentes elétricos e onde são produzidos mais de 50 mil motores por ano; incentivos fiscais da SUDENE; acesso facilitado a portos e pontos estratégicos de exportação.

O prefeito da cidade, Fernando Camiletti, esteve presente na apresentação e reiterou o apoio do município ao empreendimento. A cidade de Sooretama foi fundada em 1994 — antes era um distrito de Linhas — e conta com uma população de quase 29 mil habitantes. Segundo o prefeito, 50% do município é considerado reserva da Mata Atlântica, e os 90% restantes são propriedades rurais. A economia principal vem da atividade cafeeira e outras da agricultura e pecuária, além da agroindústria.

A Lecar projeta uma capacidade anual de 120 mil veículos e a criação de 1.300 empregos diretos e indiretos, caso o plano se concretize. Esses números significam uma capacidade projetada. No entanto, a produção inicial pode começar em poucas mil unidades e depois pode crescer conforme o projeto vai ficando mais maduro, processo conhecido com o jargão “ramp-up de produção”.

Protótipos estáticos chamam atenção no estande

No Salão, a marca exibiu os modelos 459 e Campo em forma de protótipos não funcionais — mockups construídos em isopor e compensado. Havia expectativas de ter, pelo menos, uma unidade do 459 real, mas também adiada.

O chassi que representa o sistema de propulsão também foi exibido separadamente, reforçando que a empresa ainda está na fase inicial de engenharia e validação.

Tecnologia híbrida flex promete autonomia de 1.000 km

Um dos pilares da estratégia da Lecar é o sistema híbrido-flex com extensor de autonomia (range extender), já utilizado em outros modelos, como o recém-lançado Leapmotor C10, a nova marca chinesa do grupo Stellantis, também apresentado no Salão.

Nesse conjunto, o motor a combustão funciona apenas para gerar eletricidade, sem tracionar diretamente as rodas.

Principais características anunciadas:

  • Motor 1.0 turbo flex HR10DDT — da Horse, joint venture Renault–Geely (o mesmo do Renault Kardian). Este motor também já é utilizado pela Marcopolo em seus modelos de ônibus híbridos, como o Volare Attack 9 Híbrido apresentado na Lat.Bus 2024, e em outro protótipo maior mostrado na COP30. Este motor funciona somente como gerador de energia para alimentar as baterias.
  • Motor elétrico e inversor fornecidos pela WEG.
  • Potência: 165 cv
  • Torque: 26,3 kgfm
  • Autonomia estimada: até 1.000 km com etanol, sem necessidade de recarga externa.

Vendas antecipadas e expansão comercial

Lecar
Rodrigo Rumi, VP de Marketing e Inovação da Lecar

Mesmo sem um veículo funcional, a Lecar mantém sua estratégia agressiva de comercialização. A empresa oferece os modelos em um sistema de compra programada, com parcelas a partir de R$ 2.212,50 e prazos de 48, 60 ou 72 meses sem juros, explicou Rodrigo Rumi, vice-presidente de Marketing e Inovação da Lecar. A picape Campo foi anunciada em pré-venda por R$ 159.300.

No plano de expansão, a empresa mira uma rede de 150 pontos de venda até o fim de 2026, com forte integração de lojistas de seminovos. Segundo a marca, cinco grupos já estariam aptos a operar a partir de dezembro de 2025.

Tático: o “Troller melhorado”

A surpresa da Lecar no Salão foi o conceito Tático, um SUV com apelo off-road que a empresa posiciona como uma alternativa mais refinada ao extinto Troller. A proposta é combinar robustez, tração 4×4 e o sistema híbrido flex. O projeto foi apresentado apenas com por meio de fotos criadas por computação gráfica.

Entre dúvidas e expectativas, um caminho ainda em construção

A Lecar segue desafiando o ceticismo natural que acompanha qualquer novo projeto automotivo nacional. Embora ainda esteja na fase de maquetes virtuais e protótipos estáticos, a empresa demonstra ambição, articulação estratégica e capacidade de atrair parceiros relevantes para sua proposta de veículos híbridos flex.

Os próximos anos serão decisivos para que a marca transforme planos em produto, mas o interesse gerado no Salão do Automóvel e a transparência sobre os desafios indicam que a Lecar está disposta a trilhar um caminho constante. Caso consiga cumprir o cronograma industrial e validar sua tecnologia, poderá abrir uma nova página para a indústria automotiva brasileira — algo que só o tempo, e a evolução do projeto, serão capazes de confirmar.

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Marcos Villela Hochreiter
Marcos Villela Hochreiterhttps://www.frotanews.com.br
Atuo como jornalista no setor da mobilidade desde 1989 em diversas redações. Também nas áreas de comunicação da Fiat e da TV Globo, e depois como editor da revista Transporte Mundial por 22 anos, e diretor de redação de núcleo da Motor Press Brasil. Desde 2018, represento o Brasil no grupo do International Truck of the Year (IToY), associação de jornalistas de transporte rodoviário de 34 países. Desde 2021, também atuo como colaborador na Fabet (Fundação Adolpho Bósio de Educação no Transporte, entidade educacional sem fins lucrativos). Em 2023, fundei a plataforma de notícias de transporte e logística Frota News, com objetivo de focar nos temas que desafiam as soluções para gestão de frotas.
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