quinta-feira, novembro 21, 2024

ESG NA LOGÍSTICA: O DESCARTE RESPONSÁVEL DE ÓLEO LUBRIFICANTE USADO

O óleo lubrificante desempenha um papel crucial no funcionamento eficiente dos motores, porém o descarte inadequado desse líquido viscoso pode ocasionar danos graves ao meio ambiente e à saúde pública. Nesta reportagem, vamos explorar a importância da logística reversa e do descarte adequado de óleo lubrificante usado ou contaminado (OLUC) para motores, medidas essenciais que tanto indivíduos quanto empresas devem adotar para contribuir com a preservação do ecossistema, melhorar práticas de sustentabilidade e seguir diretrizes de ESG (ambiental, social e governança).

De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o Brasil consome cerca de 1,3 bilhão de litros de óleo lubrificante anualmente, dos quais aproximadamente 40% são recolhidos e destinados à reciclagem.

Esse processo possibilita a recuperação do óleo básico, resultando na produção de novos lubrificantes. Por outro lado, os restantes 780 milhões de litros são descartados de maneira irregular, acarretando danos irreparáveis ao meio ambiente.

Fonte: Instituto Jogue Limpo

Responsabilidade dos frotistas

Nos casos dos frotistas, a alta quilometragem percorrida pelos veículos anualmente, especialmente os pesados com motores de grande porte, intensifica o consumo de óleo, elevando a responsabilidade dos gestores de frotas e dos profissionais ligados à SSMA (Segurança, Saúde e Meio Ambiente).

Um litro de óleo lubrificante usado tem potencial para contaminar até um milhão de litros de água, além de prejudicar a fertilidade do solo e gerar poluentes atmosféricos quando queimado.

Papel de Indivíduos e Empresas

Por sorte, existem soluções simples que podem minimizar esses impactos negativos. Indivíduos e empresas desempenham um papel fundamental na promoção do descarte correto de óleo lubrificante. A medida mais importante e primordial é jamais despejar óleo usado em ralos, solo ou água. Em vez disso, o óleo deve ser coletado e entregue em pontos de coleta apropriados e autorizados pela ANP: Relação de agentes autorizados — Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (www.gov.br).

Muitas cidades e municípios disponibilizam locais específicos para o descarte de óleo lubrificante usado. Esses pontos de coleta direcionam o óleo utilizado para processos de reciclagem ou tratamento adequado, evitando a poluição ambiental.

Além disso, algumas oficinas e lojas de autopeças também aceitam óleo usado, simplificando o processo de descarte responsável. Há também empresas especializadas encarregadas da coleta de óleo lubrificante usado.

Instituto Jogue Limpo

As empresas podem contar também com o Instituto Jogue Limpo, uma associação de fabricantes e importadores de óleo lubrificante. Essa entidade é responsável por coordenar a logística reversa das embalagens plásticas de óleo lubrificante usadas e do próprio óleo lubrificante usado ou contaminado (OLUC).

O objetivo desse Instituto é assegurar que fabricantes e importadores sigam a legislação e implementem um sistema de logística reversa para destinar corretamente os resíduos, independentemente dos sistemas públicos de limpeza.

O Instituto Jogue Limpo presta um serviço gratuito aos geradores, possui acordo setorial firmado com o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e é oficialmente reconhecido pelo MMA e pelas Secretarias de Meio Ambiente estaduais (SEMAs) como sistema oficial de logística reversa do setor.

Reciclagem e Reutilização Inteligente

Uma vez coletado, o óleo lubrificante pode passar por um processo inteligente de reciclagem e reutilização. A reciclagem do óleo lubrificante envolve a purificação e refinamento do óleo usado para remover impurezas e contaminantes.

O óleo reciclado pode então ser reprocessado e empregado novamente como lubrificante em motores ou até mesmo como matéria-prima na produção industrial.

A coleta de óleo lubrificante usado é realizada por empresas especializadas, que possuem veículos e equipamentos adequados para evitar vazamentos e acidentes.

Essas empresas são responsáveis por transportar o óleo até instalações de rerrefino, onde ele é submetido a diversos processos físicos e químicos para eliminar impurezas e recuperar o óleo básico.

Esse produto pode ser utilizado na fabricação de novos lubrificantes ou em outras aplicações industriais. Dessa forma, contribuindo para a economia circular.

Não Misturar com Outras Substâncias

Danilo Silva, engenheiro de Aplicações da Motul, destaca a importância dessas práticas. “O descarte inadequado de óleo lubrificante usado ou contaminado não apenas prejudica o meio ambiente. Também impossibilita a reutilização da matéria-prima essencial na fabricação de novos lubrificantes. Certamente, com os avanços tecnológicos atuais, é viável obter óleo básico rerrefinado de alta qualidade. Decerto, em conformidade com as normas mais modernas da indústria de lubrificantes”, disse.

Assim, a Motul ainda enfatiza que evitar a mistura do óleo lubrificante usado com produtos químicos, combustíveis, solventes, água e outras substâncias é vital para viabilizar a reciclagem. Ademais, a contaminação do óleo por outros elementos dificulta o processo de recuperação e reutilização.

Contudo, apesar dos benefícios ambientais e econômicos do rerrefino, persistem desafios consideráveis para expandir a coleta e reciclagem do óleo lubrificante usado no Brasil. Por fim, entre esses desafios estão a falta de conscientização dos consumidores. Há ainda insuficiência na fiscalização por parte das autoridades competentes. Além disso, há concorrência desleal de empresas não regulamentadas que oferecem preços mais baixos pelo óleo usado e descarte inadequado das embalagens plásticas que contêm resíduos do produto.

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Marcos Villela Hochreiter
Marcos Villela Hochreiterhttps://www.frotanews.com.br
Atuo como jornalista no setor da mobilidade desde 1989 em diversas redações. Também nas áreas de comunicação da Fiat e da TV Globo, e depois como editor da revista Transporte Mundial por 22 anos, e diretor de redação de núcleo da Motor Press Brasil. Desde 2018, represento o Brasil no grupo do International Truck of the Year (IToY), associação de jornalistas de transporte rodoviário de 34 países. Desde 2021, também atuo como colaborador na Fabet (Fundação Adolpho Bósio de Educação no Transporte, entidade educacional sem fins lucrativos). Em 2023, fundei a plataforma de notícias de transporte e logística Frota News, com objetivo de focar nos temas que desafiam as soluções para gestão de frotas.
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