Demanda recorde, baixa vacância e investimentos bilionários impulsionam o mercado de galpões logísticos no Brasil, com destaque para projetos em
São Paulo, Paraná e Santa Catarina que visam atender transportadores,
operadores logísticos, e-commerces e data centers
O mercado de galpões logísticos no Brasil atravessa um momento histórico de expansão em 2025. A absorção bruta no primeiro trimestre alcançou 1,1 milhão de metros quadrados, o maior volume registrado nos últimos quatro anos, segundo dados da Binswanger Brazil. Essa forte demanda, somada à entrega abaixo do esperado de novos empreendimentos e à baixa taxa de vacância, tem pressionado os preços de aluguel em todo o país.
A vacância caiu para 7,9%, o menor índice da história, enquanto o preço médio nacional de locação chegou a R$ 29,10/m², com aumento de 11,6% em relação ao ano anterior. Em São Paulo, o valor é ainda mais alto: R$ 31,80/m², com salto de 17%.
Com atrasos estimados em 20% nas entregas previstas para este ano, o mercado deve se manter aquecido até o fim de 2025, o que tem impulsionado investimentos bilionários em infraestrutura logística em estados estratégicos como São Paulo, Paraná e Santa Catarina.
Leia também:
Agronegócio precisa ser mais “pop” na COP30
As 10 maiores empresas de transporte do mundo
Noma do Brasil amplia portfólio de produtos com a linha Work Series
O cenário é explicado por uma combinação de entregas abaixo do esperado e forte demanda por espaços bem localizados e estruturados, especialmente nas regiões Sudeste e Sul. De acordo com André Romano, diretor da JLL, “a escassez de novos imóveis e a alta demanda continuam a impactar diretamente os preços”.
A consultoria estima que, mesmo com novos projetos em andamento, cerca de 20% do estoque previsto para 2025 pode sofrer atrasos, mantendo o mercado em equilíbrio até o final do ano.
Fulwood estreia em Santa Catarina com parque logístico de R$ 115 milhões
A Fulwood, uma das principais desenvolvedoras de condomínios logístico-industriais do Brasil, anunciou sua estreia em Santa Catarina com o lançamento do GCR Business Park, empreendimento de R$ 115 milhões localizado entre Florianópolis e o Porto de Itajaí. Com inauguração prevista para maio, o condomínio contará com 50.102,89 m² de área locável, oferecendo infraestrutura moderna para empresas dos setores de varejo, alimentos, bebidas, farmacêutico, autopeças, logística e indústrias leves.
O projeto inclui galpões de alto padrão, com pé-direito de 12 metros, piso com capacidade para 6 toneladas/m², vãos livres de até 22,5 metros, ventilação cruzada e isolamento termoacústico, além de 104 vagas para carretas e carros, carregamento para veículos elétricos, portaria blindada e monitoramento 24h.
“O GCR Business Park reforça o compromisso da Fulwood com o desenvolvimento do setor logístico em Santa Catarina”, afirma Gilson Schilis, CEO da Fulwood. A empresa encerrou 2024 com taxa de vacância de apenas 2,3%, e deve entregar 150 mil m² de ABL em 2025, incluindo também o Guarulhos Business Park, já inaugurado.
Galoppo investe R$ 1 bilhão em novo polo logístico no Rodoanel
Um dos maiores movimentos no setor vem da gestora de fundos imobiliários Galoppo, que anunciou a construção de um megaempreendimento logístico em Santana do Parnaíba (SP), com investimento estimado em R$ 1 bilhão. O projeto, localizado às margens do Rodoanel, contará com três galpões totalizando 260 mil m² de Área Bruta Locável (ABL).
O CEO da Galoppo, Claudio Algranti, destaca a importância da localização: “O local possui boa disponibilidade de energia, está em uma área com mão de obra qualificada e tem acesso facilitado a pontos estratégicos do estado, o que pode atrair empresas de e-commerce, operadores logísticos e até data centers.”
A Luft Logistics já firmou carta de intenção para ocupar 100 mil m² do novo empreendimento por pelo menos cinco anos. Os demais espaços devem ser ofertados a empresas de comércio eletrônico e operadores logísticos, com possibilidade futura de adaptação para data centers, devido ao potencial energético da região.
Além disso, a Galoppo planeja investir mais R$ 400 milhões em novos ativos em 2025, incluindo negociações avançadas para a aquisição de um galpão em Campinas (SP) e expansão em Garuva (SC), onde já possui 22 mil m² e pretende adquirir mais 51 mil m².
Acro Cabos expande em Curitiba e triplica capacidade logística no Sul
A Acro Cabos de Aço, referência em soluções para movimentação de cargas, também ampliou sua atuação logística ao inaugurar um novo armazém em Curitiba (PR), com capacidade 250% maior que o espaço anterior. O novo galpão, localizado no bairro Boqueirão, terá 1.200 m² de área construída e será essencial para melhorar a pronta-entrega na região Sul.
Segundo o CEO Rafael Simon, “Curitiba é um hub logístico estratégico, com excelente infraestrutura rodoviária e proximidade com centros comerciais e industriais do Sul e Sudeste”. O executivo revelou que, a partir de 2026, o local deve receber também atividades produtivas, gerando empregos e fortalecendo a presença da empresa na região.
Grupo Kyly aposta em galpão sustentável em Santa Catarina
No interior catarinense, o Grupo Kyly, maior fabricante de roupas infantis do Brasil, está investindo R$ 8 milhões em um novo galpão logístico de 5 mil m² em Pomerode (SC). O projeto, parte do plano diretor da empresa, visa reduzir o impacto do tráfego urbano da cidade ao concentrar em um único local o armazenamento da pluma de algodão utilizada na fiação da marca Fio Puro.
Com o novo galpão, a empresa eliminará a necessidade de caminhões atravessarem o centro da cidade para transportar matéria-prima entre unidades, o que representa uma solução logística mais eficiente e sustentável. “Este projeto reflete o nosso compromisso com a eficiência operacional e responsabilidade com a comunidade local”, afirma Robson Heidemann, presidente da Kyly.
Se inscreva no Canal FrotaCast:
Cenário futuro: investimentos e planejamento para evitar gargalos
O momento atual exige planejamento logístico apurado por parte de transportadoras, embarcadores e operadores logísticos. Com estoques apertados, preços em alta e alta demanda por localizações estratégicas, empresas que antecipam suas necessidades de armazenagem podem garantir melhores condições e reduzir riscos operacionais.
Além disso, a diversificação de usos dos galpões — com potencial para abrigar centros de dados, atividades industriais e de cross-docking — mostra como a logística está no centro da transformação da infraestrutura empresarial brasileira.
A expectativa para o segundo semestre é de manutenção do ritmo de investimentos, apesar de uma possível leve alta na vacância com as entregas previstas. O desafio será equilibrar custo, demanda e sustentabilidade, mantendo a eficiência logística como prioridade máxima para toda a cadeia de suprimentos.


