O projeto Laneshift e-Dutra, que reúne 17 empresas dos setores automotivo, logístico e energético, foi lançado com a meta de colocar 1.000 caminhões elétricos em operação diária até 2030. Esse número vai representar 1,7% do volume atual de 60 mil caminhões a diesel que circularam diariamente pela Rodovia Presidente Dutra, via que faz parte do primeiro projeto de corredor verde de transporte de cargas do país — eixo que conecta São Paulo e Rio de Janeiro.
A iniciativa é fruto da colaboração entre Volkswagen Truck & Bus (VWCO), Scania, Amazon, DHL Supply Chain, C40 Cities, Smart Freight Centre, Calstart e outros parceiros. O projeto tem potencial para evitar 75 mil toneladas métricas de CO₂, o equivalente à retirada de 16 mil carros das estradas até o fim da década.
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Para a Gigantes Elétricos — coalizão de organizações da sociedade civil que atua para acelerar a eletrificação do transporte de carga no Brasil —, o Laneshift e-Dutra simboliza um ponto de virada. Além dos ganhos ambientais, os parceiros do projeto destacam os efeitos positivos sobre a saúde pública e a competitividade.
Para Clemente Gauer, da ABVE (Associação Brasileira de Veículos Elétricos), o e-Dutra inaugura uma nova era. “Os fabricantes têm a responsabilidade de ir além da produção. É preciso investir em recarga, capacitação de frotas e colaboração com reguladores para tornar a eletrificação competitiva.”
Primeiros testes em rota real

O marco prático da iniciativa já está nas estradas. Desde outubro, Amazon, DHL Supply Chain e Scania operam o primeiro caminhão elétrico de grande porte em rota de longa distância no Brasil: um Scania 30G 4×2, com 300 kW (410 cv) e autonomia de 250 km.
O veículo circula entre Cajamar e Taubaté (SP), sendo recarregado no centro logístico da Amazon, em Guarulhos.
“Queremos demonstrar que a eletrificação também é viável em rotas longas e pesadas”, afirma Saori Yano, chefe de Sustentabilidade da Amazon no Brasil. “Nosso objetivo é acelerar a transição para cargas de baixas emissões.”
Na DHL, João Meneghetti, diretor de Sustentabilidade, reforça o pioneirismo da operação:
“Percursos longos são o maior desafio — e é justamente onde o impacto é mais relevante. Este é o primeiro passo para o corredor verde de transporte no Brasil.”
Eletropostos e corredores descarbonizados
O Laneshift e-Dutra prevê a instalação de hubs de recarga ultrarrápida a cada 100 quilômetros, abastecidos por energia solar e eólica. Esses pontos atenderão tanto caminhões quanto automóveis elétricos e serão integrados a plataformas digitais de gestão energética e monitoramento.
Em setembro, um Volkswagen e-Delivery de 11 toneladas, em parceria com a LOTS Group (Scania Group), percorreu 800 km entre Resende e Sorocaba, utilizando apenas carregadores já existentes. O trajeto serviu para mapear a infraestrutura atual e identificar gargalos técnicos.
Roberto Cortes, CEO da Volkswagen Caminhões e Ônibus, resume o propósito da marca:
“Entramos como fundadores porque acreditamos em soluções sustentáveis para todos. O Laneshift é a base de uma mobilidade inteligente e coletiva.”
Fabricantes como Volvo, Scania e Mercedes-Benz já manifestaram interesse em utilizar o corredor como campo de testes para suas novas gerações de caminhões elétricos. Grandes operadoras logísticas estudam integrar a rota a suas operações regulares, unindo eficiência operacional e reputação ambiental. Aliás, a Mercedes-Benz já realizou o seu próprio teste com o eActros:
Como resume Alex Nucci, diretor de Vendas de Soluções da Scania Operações Comerciais Brasil:
“A eletrificação é a evolução natural do transporte. É uma jornada que equilibra sustentabilidade ambiental, econômica e social. E estamos avançando com determinação.”


