Sim, ele ainda está entre nós. O bom e velho Classe G, aquele jipão quadrado da Mercedes-Benz que nasceu para enfrentar o barro com galhardia militar, agora virou um valente SUV com bateria. Pois é, caro leitor: o Classe G chegou à impressionante marca de 600 mil unidades produzidas lá na Áustria, na respeitável fábrica de Graz. E o exemplar que cravou esse número histórico não podia ser mais simbólico: um G 580 elétrico com tecnologia EQ, pintado de preto ônix metálico — uma espécie de Darth Vader germânico pronto para encarar trilhas e engarrafamentos com igual desenvoltura.
Desde 1979, quando foi lançado como um projeto quase espartano — mais voltado para o exército do que para as vitrines de Mônaco —, o Classe G virou ícone. E não qualquer ícone: daqueles que atravessam gerações, modismos e até combustíveis. Do diesel barulhento dos anos 80 aos motores V8 biturbo de hoje, agora ele entra no mundo elétrico, mas sem deixar o estilo de lado.
G de Grife
Engana-se quem acha que o G é só valentia. Ele virou sinônimo de exclusividade e, com o tempo, passou a frequentar mais ruas de Beverly Hills do que estradas lamacentas dos Balcãs. E a Mercedes sabe explorar isso como ninguém. Em 2024, lançou a nostálgica edição “STRONGER THAN THE 1980s”, um tributo à geração W460, que remete à época em que o G ainda era mais bruto do que bonito.

Mas se tem algo que define o sucesso do Classe G moderno é a personalização. Desde 2019, com o programa MANUFAKTUR, o cliente pode praticamente pintar o jipe com a cor do sofá da sala. Só em 2024, a marca já oferecia 20 mil tonalidades de pintura, boa parte delas resgatadas do túnel do tempo automotivo. E mais de 90% dos compradores entram na brincadeira.
Quadrado por fora, elétrico por dentro
O mais curioso é que, mesmo com essa eletrificação toda, o Classe G continua sendo um Classe G. Ou seja, ainda traz o chassi de longarinas, os três bloqueios de diferencial (sim, 100% bloqueáveis), tração integral de verdade e o estepe pendurado na tampa traseira — como um bom off-roader deve ser. Os faróis continuam redondos e a carroceria parece desenhada com régua e esquadro, para o deleite dos puristas.
Quando nasceu, era oferecido com quatro motores — o mais potente com singelos 150 cv — e hoje ostenta versões capazes de empurrar suas mais de duas toneladas com acelerações dignas de AMG. E agora, com a versão elétrica, entra de vez no século XXI.
No fim das contas, o Classe G é aquele tipo raro de carro que não se curva à lógica da indústria. Ele não seguiu modismos, ele os criou. E agora, mesmo com motores elétricos sob o capô, segue firme como um monolito motorizado: quadrado, exagerado, e absolutamente irresistível.


