O que há de sucesso e desafios na transição energética dos mercados de caminhões europeus e brasileiros em comum? Ou diferente. Todos os fabricantes de caminhões e ônibus no Brasil são europeus, com algumas exceções. Então, precisamos entender o que acontece na Europa, pois tem reflexo no Brasil. Vamos entender?
A European Automobile Manufacturers’ Association (ACEA), equivalente à Anfavea no Brasil, está em rota de colisão com os políticos da União Europeia. Isso é público e está em toda imprensa europeia. E há um executivo de uma montadora suéca muito corajoso que está exponto a incoerência entre desejos polítcios e viabilidades industriais.
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Os políticos europeus querem fazer a transição energética na canetada e querem que alguém paguem a conta. Este alguém chama-se fabricante de veículos europeu. Não pode ser a BYD. Tem que ser empresas europeias. Como resolver este embrólio? Ninguém ainda sabe. A reflexão a seguir é sobre o impacto do que ocorre na indústria automotiva europeia que pode ter impacto no Brasil.
O problema não é de engenharia, e sim político
Todas as montadoras de caminhões europeias já oferecem, em seus portfólios, modelos elétricos a bateria (BEV). O problema é que os transportadores não querem comprá-los — e, diante disso, a UE ameaça multar os fabricantes pelo fato de os clientes resistirem à adoção da tecnologia. A China fez isso, mas é uma ditadura política. A Europa se classica como democracia. Mas, quando o assunto é transição energética, porque uma “ditadura” é mais eficiente do que uma “democracia”. Vamos tentar entender essa história?
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O CEO da Scania explica
Há CEO de montadora que está exponto o problema para a opinião pública. Christian Levin, CEO do Scania Group, presidente do Conselho Executivo do TRATON GROUP e do Conselho de Veículos Comerciais da ACEA, é o mais expoente em chamar a sociedade para o debate.
Ele não é o primeiro entre todas montadoras, mas no segmento de caminhões, é o primeiro. Carlos Tavares, que foi CEO da Peugeot e Stellantis já expos o custo da transição energética as pressas, como explicar assim: “vamos fazer, não durante o mandato dos políticos”.
O presidente do conselho da Toyota também, Akio Toyoda. A Toyota é a montadora mais corajosa no planeta. Vamos fazer transição energética? Vamos, mas conforme a realidade possível. No Brasil, temos etanol. E a Toyota foi primeira montadora a criar um veículo híbrido movido a etanol, agora copiado pelas outras montadoras, como a Stellantis. A Scania foi a primeira montadora a criar o caminhão movido a biometano.
O recado é simples: transição energética não se faz em um mandato político, mas com planejamento. As pressas, vai dar errado. E está dando errado.
Se os CEOs das montadoras europeias não estão entendendo essa lógica dos políticos da UE, quem vai entender? E será que os CEOs das montadoras brasileiras compreendem por que as políticas de biocombustíveis no Brasil são melhores que as ideias europeias? Sim.
A China, para resolver esse impasse, taxou os veículos a diesel e os combustíveis fósseis de forma que se tornassem mais caros do que os elétricos. Será essa a solução? A indústria de caminhões está “temerosa” de que esse seja um dos caminhos. Decisões políticas similares já foram adotadas no Brasil, como a recente política de incentivos do “Carro Verde”, entre outras.
Vale a pena acompanhar de perto essa disputa para que o Brasil não repita o mesmo enredo. Um bom ponto de partida é a entrevista de Christian Levin, CEO do Scania Group, presidente do Conselho Executivo do TRATON GROUP e do Conselho de Veículos Comerciais da ACEA. Ele detalha as dificuldades da transição do transporte rodoviário de cargas para a eletrificação e afirma que essa mudança vai ser um grande desafio se nada diferente for feito pelos demais agentes da descarbonização. Levin diz verdades que muitos não querem ouvir.
A boa notícia é que o Brasil conta com alternativas como os biocombustíveis — entre eles, o biometano. Importante frisar: o impasse europeu envolve o transporte de cargas. No caso do transporte urbano de passageiros, os ônibus elétricos avançam bem e têm futuro promissor. Pela primeira vez, soluções tecnológicas para cargas e passageiros seguem caminhos distintos — um fato inédito que merece atenção.
Os números: a Scania emplacou 112 caminhões elétricos na Europa, conforme o último relatório da empresa. No Brasil, a Scania já emplacou mais de 2.000 caminhões a gás desde o lançamento em 2019.


