sexta-feira, dezembro 5, 2025

Novo estudo: Brasil pode triplicar produção de biometano até 2027 

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A Frota Sustentável, seção da Frota News com mais de 160 artigos sobre descarbonização publicados, teve acesso ao novo estudo da Copersucar sobre o potencial do biometano e publica os dados mais relevantes para o setor de transporte que busca reduzir a pega de carbono de sua logística e de seus clientes.  

De acordo com o relatório, a produção nacional de biometano deve mais que triplicar até 2027, saltando dos atuais 656 mil m³/dia para 2,3 milhões m³/dia. No longo prazo, o país tem potencial para superar 100 milhões m³/dia, o suficiente para tornar o gás renovável um dos pilares da economia verde. 

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O que é o biometano e por que ele importa 

biometano é um gás 100% renovável, obtido a partir da purificação do biogás — que nasce da decomposição de resíduos orgânicos. Ele é intercambiável com o gás natural fóssil e pode substituir o diesel no transporte pesado, mantendo desempenho semelhante, mas com emissões 90% menores de gases de efeito estufa (GEE). 

biometano
Imagem: Reprodução Estudo Copersucar
Suas principais fontes de produção estão em quatro frentes: 
  • Setor sucroenergético – resíduos da cana, como vinhaça, torta de filtro, bagaço e palha. 
  • Setor de proteína animal – resíduos de confinamentos e abatedouros. 
  • Aterros sanitários – resíduos urbanos. 
  • Saneamento básico – lodo de estações de tratamento de esgoto. 

Além do impacto ambiental positivo, o biometano promove a interiorização energética, reduz custos logísticos e gera empregos no campo, fortalecendo a economia circular. 

São Paulo: o epicentro da nova matriz energética 

Com um parque industrial robusto e uma das maiores frotas pesadas do país, São Paulo reúne as condições ideais para liderar a transição. O estado responde por 40% da produção nacional de biometano e concentra 31% dos projetos de expansão. 

O potencial paulista é gigantesco: 36 milhões m³/dia, volume capaz de substituir integralmente o consumo industrial de gás natural ou 85% do diesel utilizado no estado. 

O setor sucroenergético é o protagonista dessa virada. As usinas do interior podem gerar o próprio biometano, reduzindo custos e emissões em suas frotas e processos industriais. Essa autossuficiência energética fortalece toda a cadeia da cana-de-açúcar, tradicional motor econômico paulista. 

Caminhões e ônibus: os vetores da descarbonização 

O transporte rodoviário é responsável por um terço das emissões de CO₂ em São Paulo. A substituição do diesel pelo biometano oferece um duplo benefício: redução drástica de emissões e competitividade econômica. 

biometano
Imagem: Reprodução Estudo Copersucar

De acordo com o estudo, se o Brasil desenvolver apenas 20% do seu potencial produtivo, já será possível eliminar mais de 50% das importações de diesel — cerca de 15 bilhões de litros anuais. Isso representaria uma economia bilionária e redução de até 23 milhões de toneladas de CO₂ por ano. 

Um exemplo simbólico vem da cidade de São Paulo, que opera 12 mil ônibus urbanos. A conversão de apenas 10% da frota para biometano exigiria 350 mil m³ por dia, o equivalente a mais da metade da produção nacional atual — com benefícios imediatos na qualidade do ar e saúde pública. 

Biometano em números

Indicador  Valor/Projeção 
Capacidade atual (2024)  656 mil m³/dia 
Capacidade prevista (2027)  2,3 milhões m³/dia 
Potencial de longo prazo  +100 milhões m³/dia 
Redução de emissões  até 90% 
Empregos gerados  +20 mil (curto prazo) 
Investimentos estimados  R$ 120 bilhões 
Redução potencial de CO₂  23 milhões t/ano 
Participação paulista  40% da produção nacional 

Emprego, renda e investimentos verdes 

A expansão da cadeia do biometano deve gerar 20 mil empregos diretos e indiretos nos próximos anos e movimentar R$ 22,5 bilhões em investimentos. Considerando o biogás como um todo, o impacto chega a R$ 120 bilhões e 118 mil postos de trabalho. 

Para viabilizar o avanço, serão necessários R$ 3 bilhões em infraestrutura e até R$ 46 bilhões para construir 181 novas plantas de produção em São Paulo. A geração de renda local e o fortalecimento das cadeias agrícolas e industriais prometem um ciclo virtuoso de desenvolvimento regional. 

Desafios da transição 

Apesar do otimismo, a transição para o biometano ainda enfrenta desafios. A frota de caminhões e ônibus a gás é pequena, a rede de abastecimento ainda é incipiente e o transporte do gás comprimido (GNC) precisa ser ampliado. A frota de caminhões movidos a gás já supera a 2 mil unidades, a maioria modelos Scania, pioneira no desenvolvimento. A Iveco já começa a oferecer dois modelos, e Volkswagen Caminhões e Mercedes-Benz estão desenvolvendo as suas opções.  

Também há espaço para avanço em tecnologias de conversão e aumento da autonomia dos veículos. Um exemplo é o Grupo SADA, maior transportador de automóveis da América Latina que está fazendo a conversão de parte de sua frota de caminhões.  

A boa notícia é que os tempos de reabastecimento já se igualam aos do diesel, e novas soluções de alta vazão devem acelerar a adoção nas principais rotas logísticas do país. Ainda falta é uma rede de postos de abastecimento, o que começa a ocorrer, inicialmente, em garagens de frotistas e embarcadores, e alguns em importantes rodovias.  

Um combustível para o futuro 

Mais do que uma alternativa ao diesel, o biometano é um instrumento de política energética, ambiental e social. Com estímulos adequados e visão de longo prazo, o Brasil pode se tornar líder mundial em combustíveis de baixo carbono. 

A Copersucar destaca que, além do transporte rodoviário, o biometano liquefeito (Bio-GNL) poderá, no futuro, abastecer navios e gerar e-combustíveis, ampliando sua relevância na transição energética global. 

“O biometano é a chave para unir sustentabilidade, segurança energética e competitividade econômica. O Brasil tem matéria-prima, tecnologia e mercado para se tornar referência mundial.” — conclui o estudo da Copersucar 

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Marcos Villela Hochreiter
Marcos Villela Hochreiterhttps://www.frotanews.com.br
Atuo como jornalista no setor da mobilidade desde 1989 em diversas redações. Também nas áreas de comunicação da Fiat e da TV Globo, e depois como editor da revista Transporte Mundial por 22 anos, e diretor de redação de núcleo da Motor Press Brasil. Desde 2018, represento o Brasil no grupo do International Truck of the Year (IToY), associação de jornalistas de transporte rodoviário de 34 países. Desde 2021, também atuo como colaborador na Fabet (Fundação Adolpho Bósio de Educação no Transporte, entidade educacional sem fins lucrativos). Em 2023, fundei a plataforma de notícias de transporte e logística Frota News, com objetivo de focar nos temas que desafiam as soluções para gestão de frotas.
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