A Frota Sustentável, seção da Frota News com mais de 160 artigos sobre descarbonização publicados, teve acesso ao novo estudo da Copersucar sobre o potencial do biometano e publica os dados mais relevantes para o setor de transporte que busca reduzir a pega de carbono de sua logística e de seus clientes.
De acordo com o relatório, a produção nacional de biometano deve mais que triplicar até 2027, saltando dos atuais 656 mil m³/dia para 2,3 milhões m³/dia. No longo prazo, o país tem potencial para superar 100 milhões m³/dia, o suficiente para tornar o gás renovável um dos pilares da economia verde.
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O que é o biometano e por que ele importa
O biometano é um gás 100% renovável, obtido a partir da purificação do biogás — que nasce da decomposição de resíduos orgânicos. Ele é intercambiável com o gás natural fóssil e pode substituir o diesel no transporte pesado, mantendo desempenho semelhante, mas com emissões 90% menores de gases de efeito estufa (GEE).

Suas principais fontes de produção estão em quatro frentes:
- Setor sucroenergético – resíduos da cana, como vinhaça, torta de filtro, bagaço e palha.
- Setor de proteína animal – resíduos de confinamentos e abatedouros.
- Aterros sanitários – resíduos urbanos.
- Saneamento básico – lodo de estações de tratamento de esgoto.
Além do impacto ambiental positivo, o biometano promove a interiorização energética, reduz custos logísticos e gera empregos no campo, fortalecendo a economia circular.
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São Paulo: o epicentro da nova matriz energética
Com um parque industrial robusto e uma das maiores frotas pesadas do país, São Paulo reúne as condições ideais para liderar a transição. O estado responde por 40% da produção nacional de biometano e concentra 31% dos projetos de expansão.
O potencial paulista é gigantesco: 36 milhões m³/dia, volume capaz de substituir integralmente o consumo industrial de gás natural ou 85% do diesel utilizado no estado.
O setor sucroenergético é o protagonista dessa virada. As usinas do interior podem gerar o próprio biometano, reduzindo custos e emissões em suas frotas e processos industriais. Essa autossuficiência energética fortalece toda a cadeia da cana-de-açúcar, tradicional motor econômico paulista.
Caminhões e ônibus: os vetores da descarbonização
O transporte rodoviário é responsável por um terço das emissões de CO₂ em São Paulo. A substituição do diesel pelo biometano oferece um duplo benefício: redução drástica de emissões e competitividade econômica.

De acordo com o estudo, se o Brasil desenvolver apenas 20% do seu potencial produtivo, já será possível eliminar mais de 50% das importações de diesel — cerca de 15 bilhões de litros anuais. Isso representaria uma economia bilionária e redução de até 23 milhões de toneladas de CO₂ por ano.
Um exemplo simbólico vem da cidade de São Paulo, que opera 12 mil ônibus urbanos. A conversão de apenas 10% da frota para biometano exigiria 350 mil m³ por dia, o equivalente a mais da metade da produção nacional atual — com benefícios imediatos na qualidade do ar e saúde pública.
Biometano em números
| Indicador | Valor/Projeção |
| Capacidade atual (2024) | 656 mil m³/dia |
| Capacidade prevista (2027) | 2,3 milhões m³/dia |
| Potencial de longo prazo | +100 milhões m³/dia |
| Redução de emissões | até 90% |
| Empregos gerados | +20 mil (curto prazo) |
| Investimentos estimados | R$ 120 bilhões |
| Redução potencial de CO₂ | 23 milhões t/ano |
| Participação paulista | 40% da produção nacional |
Emprego, renda e investimentos verdes
A expansão da cadeia do biometano deve gerar 20 mil empregos diretos e indiretos nos próximos anos e movimentar R$ 22,5 bilhões em investimentos. Considerando o biogás como um todo, o impacto chega a R$ 120 bilhões e 118 mil postos de trabalho.
Para viabilizar o avanço, serão necessários R$ 3 bilhões em infraestrutura e até R$ 46 bilhões para construir 181 novas plantas de produção em São Paulo. A geração de renda local e o fortalecimento das cadeias agrícolas e industriais prometem um ciclo virtuoso de desenvolvimento regional.
Desafios da transição
Apesar do otimismo, a transição para o biometano ainda enfrenta desafios. A frota de caminhões e ônibus a gás é pequena, a rede de abastecimento ainda é incipiente e o transporte do gás comprimido (GNC) precisa ser ampliado. A frota de caminhões movidos a gás já supera a 2 mil unidades, a maioria modelos Scania, pioneira no desenvolvimento. A Iveco já começa a oferecer dois modelos, e Volkswagen Caminhões e Mercedes-Benz estão desenvolvendo as suas opções.
Também há espaço para avanço em tecnologias de conversão e aumento da autonomia dos veículos. Um exemplo é o Grupo SADA, maior transportador de automóveis da América Latina que está fazendo a conversão de parte de sua frota de caminhões.
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A boa notícia é que os tempos de reabastecimento já se igualam aos do diesel, e novas soluções de alta vazão devem acelerar a adoção nas principais rotas logísticas do país. Ainda falta é uma rede de postos de abastecimento, o que começa a ocorrer, inicialmente, em garagens de frotistas e embarcadores, e alguns em importantes rodovias.
Um combustível para o futuro
Mais do que uma alternativa ao diesel, o biometano é um instrumento de política energética, ambiental e social. Com estímulos adequados e visão de longo prazo, o Brasil pode se tornar líder mundial em combustíveis de baixo carbono.
A Copersucar destaca que, além do transporte rodoviário, o biometano liquefeito (Bio-GNL) poderá, no futuro, abastecer navios e gerar e-combustíveis, ampliando sua relevância na transição energética global.
“O biometano é a chave para unir sustentabilidade, segurança energética e competitividade econômica. O Brasil tem matéria-prima, tecnologia e mercado para se tornar referência mundial.” — conclui o estudo da Copersucar
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