O roubo de cargas tem sido um dos maiores desafios enfrentados pelo segmento de transporte de carga, e o Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de São Paulo e Região (SETCESP) tem acompanhado de perto essa questão desde 1998, em parceria com a Associação Nacional de Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística). Segundo a última pesquisa divulgada pela NTC&Logística, referente ao ano passado, houve uma redução de 9,1% nos casos de roubo de cargas em todo o país em comparação ao ano anterior, totalizando 13.089 registros. No estado de São Paulo, foram concentradas 5.920 dessas ocorrências.
A região Sudeste se manteve como a mais afetada do Brasil, concentrando 85,18% das ocorrências nacionais, seguida das regiões Sul (6,12%), Nordeste (4,66%), Centro-Oeste (2,81%) e Norte (1,23%). Somente o estado de São Paulo representa 45,23% desses casos. Em termos monetários, as perdas causadas por cargas roubadas alcançaram cerca de R$ 1,2 bilhão em todo o país, sendo R$ 966,59 milhões apenas na região Sudeste.
Medidas preventivas
Adriano Depentor, presidente do conselho superior e de administração do SETCESP, ressalta a importância de adotar medidas adequadas para prevenir o roubo de cargas. “Temos orientado nossos associados sobre a necessidade de implementar medidas preventivas no gerenciamento de risco. E também manter uma atenção redobrada durante as paradas em trajetos realizados em horários de menor movimentação. Além disso, temos trabalhado em conjunto com os órgãos governamentais na busca por soluções efetivas para minimizar esse problema.”
A segurança das rodovias no estado de São Paulo enfrenta diversos obstáculos, sendo os principais a facilidade de venda de produtos roubados e a falta de fiscalização e investimentos para melhorar a infraestrutura dessas vias. Os assaltos ocorrem principalmente em paradas de descanso durante a noite, quando as ações policiais têm menor eficácia, e ocorrem predominantemente em áreas urbanas. Segundo Adriano, a condição precária das estradas é outro fator que facilita a ação das quadrilhas. Aliás, muitos criminosos se aproveitam da incapacidade dos motoristas de atingir uma velocidade de tráfego que iniba tais ações, o que facilita a prática do delito.
As cargas mais visadas
O Coronel Mauro Ricciarelli, assessor de segurança do SETCESP, destaca as principais medidas para reduzir os dados apresentados, que já estão em queda. “É necessário um maior engajamento da área de segurança pública. Além, da melhoria da infraestrutura viária. Ademais, o uso de novas tecnologias que impeçam o funcionamento dos ‘jammers’, aparelhos capazes de criar um sinal próprio com banda larga. No entanto, isso cria uma espécie de ‘bolha’ ao redor do dispositivo, prejudicando a frequência de sinal de outros emissores e neutralizando rastreadores que usam GPS e GSM. Dessa forma, tanto o sinal via satélite quanto o de telefonia móvel têm sua eficiência anulada.”
De acordo com a pesquisa, os tipos de cargas mais visadas são alimentos, cigarros, eletroeletrônicos, bebidas, medicamentos e perfumes. Além disso, os casos apresentam períodos mais críticos entre novembro e dezembro. Por fim, isso ocorre devido ao aumento significativo do consumo durante as celebrações de Natal. Além das promoções associadas à Black Friday e o pagamento do 13º salário.