sexta-feira, dezembro 5, 2025

O galho que elas mesmas serram: como algumas montadoras enfraquecem a imprensa do transporte

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Há montadoras de caminhões que despejam milhões em publicidade nas redes sociais, mas ignoram completamente os veículos especializados em transporte. Pagam para que suas mensagens apareçam entre vídeos de entretenimento, fake news e memes, mas não investem um centavo na imprensa que, diariamente, produz conteúdo qualificado, checa informações e mantém viva a memória do setor.

Os releases dessas empresas são enviados à mídia especializada com a expectativa de publicação gratuita — como se o trabalho jornalístico fosse um favor — enquanto os cofres se abrem generosamente para as big techs. As notícias relevantes são publicadas gratuitamente, pois são importantes para os leitores, mas promoções de venda de caminhãos são publicidade. Então, porque pagam para as redes sociais e querem que sejam divulgadas de graça na imprensa especializada?

A inspiração dos dois parágrafos acima veio a partir de um texto mais profundo da respeitada jornalista Rosangela Ribeiro, cofundadora da Printer Press, essa lógica é corrosiva: ao financiar plataformas e negligenciar a imprensa profissional, essas empresas ajudam a minar um dos pilares da liberdade de imprensa e da própria democracia. É como serrar o galho em que todos estamos sentados.

Leia o artigo da jornalista Rosângela Ribeiro na integra:

Se o jornalismo desaparecesse amanhã, o que aconteceria com a sua estratégia de comunicação? Essa pergunta parece extrema, mas os dados mostram que estamos mais próximos dessa realidade do que gostaríamos de admitir.

Mais de 80% dos profissionais de imprensa acreditam que a tecnologia pode ser uma aliada do jornalismo. Ainda assim, apenas 33% sentem que as marcas estão verdadeiramente comprometidas com seu fortalecimento.

O dado vem de um levantamento recente da MediaTalks e escancara uma urgência: sem apoio, muitos veículos, inclusive os tradicionais, estão em risco. E isso muda tudo para quem trabalha com comunicação.

O papel das agências, nesse contexto, precisa ir além da visibilidade de seus clientes. É também sobre sustentar o ecossistema da informação, abrir espaço para narrativas diversas e garantir que o público tenha acesso a conteúdos confiáveis. Sem jornalismo forte, não existe assessoria estratégica. E sem mídias vivas, o trabalho das marcas também perde potência, profundidade e conexão.

Como comunicadores, precisamos sair da zona de conforto e nos posicionar como pontes. É preciso sensibilizar os clientes sobre o valor de investir em jornalismo, especialmente no local, no independente e no segmentado. Aqueles que, muitas vezes, estão mais próximos das realidades que queremos transformar.

Isso exige visão, repertório e responsabilidade. Ao propor ações para veículos menores, com públicos específicos e engajados, a agência contribui para a pluralidade da mídia e para a construção de reputações sólidas. Também significa enxergar o todo: conversar com editores e repórteres, mas também com quem está no comercial, com quem garante que a roda continue girando. Não há jornalismo sem estrutura, sem recursos, sem condições reais de trabalho; e isso inclui pensar até na logística básica em eventos e coberturas.

Ampliar esse olhar também passa por valorizar os novos formatos. Muitos jornalistas, colunistas e creators construíram comunidades fiéis fora dos grandes portais. Conectar as marcas a essas vozes é uma forma de gerar relevância com propósito, e não apenas visibilidade de curto prazo.

No Grupo Printer, temos buscado esse caminho com consciência e diálogo. Sabemos que fortalecer a imprensa é também fomentar uma comunicação mais ética, mais estratégica e mais alinhada com o mundo que queremos ajudar a construir.

Porque se o jornalismo vai mal, todos perdem. Mas quando marcas, agências e veículos caminham juntos, quem ganha é a sociedade.

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Marcos Villela Hochreiter
Marcos Villela Hochreiterhttps://www.frotanews.com.br
Atuo como jornalista no setor da mobilidade desde 1989 em diversas redações. Também nas áreas de comunicação da Fiat e da TV Globo, e depois como editor da revista Transporte Mundial por 22 anos, e diretor de redação de núcleo da Motor Press Brasil. Desde 2018, represento o Brasil no grupo do International Truck of the Year (IToY), associação de jornalistas de transporte rodoviário de 34 países. Desde 2021, também atuo como colaborador na Fabet (Fundação Adolpho Bósio de Educação no Transporte, entidade educacional sem fins lucrativos). Em 2023, fundei a plataforma de notícias de transporte e logística Frota News, com objetivo de focar nos temas que desafiam as soluções para gestão de frotas.
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