Se você tiver veículo movido a gás pode estar abastecendo seu veículo com energia fruto de contrabando. Calma, se abastecer com biometano produzido a partir da seguinte parceria, você não estará cometendo nenhum crime.
A usina hidrelétrica de Itaipu Binacional lidera esta parceria com a Polícia Federal (PF) e a Receita Federal para converter mercadorias apreendidas em energia limpa. Juntamente com o CIBiogás e o Ministério da Agricultura e Pecuária, o projeto visa dar um destino sustentável a produtos de contrabando e descaminho, como cigarros, alimentos e bebidas, que, de outra forma, seriam incinerados ou descartados.
As mercadorias apreendidas são coletadas pela PF e pela Receita Federal e levadas a uma unidade de biogás. Lá, elas são trituradas e misturadas a outros resíduos orgânicos, como dejetos de animais e restos de alimentos. Essa mistura passa por um processo de digestão anaeróbia, onde microrganismos decompõem a matéria orgânica e produzem o biogás. Esse gás, composto principalmente de metano, pode ser usado para gerar energia elétrica, aquecer água ou até mesmo abastecer veículos após ser purificado para transformação em biometano.
Um ciclo virtuoso: do crime à sustentabilidade
A iniciativa não apenas resolve o problema do descarte de contrabando, mas também gera benefícios ambientais e econômicos significativos. Ao transformar lixo em energia, o projeto:
- Reduz a poluição: A incineração de cigarros e outros produtos libera gases poluentes na atmosfera. O biogás, por outro lado, é uma fonte de energia limpa e renovável.
- Diminui o desperdício: Produtos que seriam destruídos e descartados são reutilizados de forma produtiva, gerando valor.
- Promove a economia circular: O projeto cria um ciclo onde um resíduo é transformado em um novo produto, minimizando o impacto ambiental.
- Gera receita: A energia produzida pode ser vendida, gerando recursos para as instituições envolvidas e para a manutenção do projeto.
O papel de cada parceiro
A sinergia entre as instituições é fundamental para o sucesso do projeto.
- Itaipu Binacional: Atua como a principal articuladora e investidora do projeto. A usina, que é referência em geração de energia e sustentabilidade, fornece o conhecimento técnico e a infraestrutura para a produção de biogás.
- Polícia Federal e Receita Federal: São responsáveis pela apreensão, transporte e destinação segura do contrabando.
- CIBiogás: O Centro Internacional de Energias Renováveis, com sede em Foz do Iguaçu, fornece o conhecimento científico e tecnológico para a conversão de resíduos em biogás. A instituição é referência no desenvolvimento de tecnologias para a produção de energia a partir de resíduos orgânicos.
- Ministério da Agricultura e Pecuária: É responsável por autorizar o uso de resíduos de origem animal e vegetal na produção de biogás, garantindo a segurança sanitária do processo.
Atualmente, a planta da CINiogás processa cerca de 500 kg de resíduos por dia, podendo chegar até 1 tonelada diária. São produzidos em média 200 m³ de biogás e 100 m³ de biometano por dia, o suficiente para abastecer até dez veículos leves da frota interna de Itaipu, incluindo o ônibus turístico da hidrelétrica. Desde o início da operação, já foram gerados 41,3 mil m³ de biometano, utilizados em mais de 484 mil quilômetros rodados.
Perspectivas futuras
O projeto, que começou como um piloto, tem potencial para ser expandido para outras regiões do país e para outras parcerias. A iniciativa pode ser replicada em outras áreas de fronteira, onde a apreensão de contrabando é frequente. Além disso, a tecnologia pode ser usada para dar um destino sustentável a outros tipos de resíduos orgânicos, como lixo de restaurantes, resíduos agrícolas e esgoto. O projeto é um exemplo de como a inovação e a colaboração podem transformar problemas em soluções sustentáveis e economicamente viáveis.
O que você acha dessa iniciativa? Acredita que ela poderia ser implementada em outras áreas de fronteira do Brasil?


