sexta-feira, dezembro 5, 2025

Caminhão pesado ou extrapesado? Afinal, qual é a diferença?

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Quem entrou no site das marcas de caminhões ou já leu em sites de notícias: “Esse aqui é um caminhão extrapesado”. A palavra parece mágica. Carrega um ar de imponência, como se dissesse: “Este é o chefão da rodovia”. Mas… existe mesmo uma definição técnica do que é “extrapesado”? Quais são as diferenças entre um pesado e um extrapesado?

Pois é. Não existe.

Sim, você leu certo. “Extrapesado” é um rótulo muito mais publicitário do que técnico. Perguntei a todas as fabricantes de caminhões no Brasil e ninguém bateu o martelo sobre uma definição. Cada uma puxa a sardinha para o seu lado.

A Anfavea — a associação que representa as montadoras — tem uma tabela técnica: semileve, leve, médio, semipesado e pesado. E só. “Extrapesado”? Nem aparece na lista. O que não impede as marcas de carimbarem seus catálogos com o termo para dar aquele charme a mais, como quem classifica de SUV um carro hatch compacto dois centímetros mais alto, como é o caso do VW Tera em relação ao VW Polo.

extrapesados
As definições técnicas para classificação e segmentação dos caminhões, segundo a Anfavea

Para testar os limites da confusão, fui perguntar também ao ChatGPT. O robô respondeu, cheio de convicção: “Pesados vão de 15 a 45 toneladas; extrapesados, acima de 45 toneladas”. Soa plausível… até você ver a lista de exemplos que ele deu. Vamos dizer que nenhum deles passaria no “vestibular” da Anfavea. Quando cobrei as fontes, recebi um combo de normas do Contran, Carta da Anfavea e interpretações que pareciam debate de boteco, e, nenhuma delas tem alguma informação sobre extrapesados.

E no mundo real? Vamos a um exemplo prático. A Volkswagen Caminhões chama o Constellation 19.380 4×2 de extrapesado. Certo. Agora, coloque na balança um Volvo FMX 540 com capacidade de tracionar até 250 toneladas — ou seja, o equivalente a puxar cinco Constellation 19.380 de uma vez. Vamos chamá-lo de quê? Super extrapesado? Ultra extrapesado? Versão “Hulk”?

No fim das contas, “extrapesado” virou quase um apelido carinhoso que as marcas usam para deixar seus brutos mais brutos. Não é um conceito técnico, não está em nenhuma norma, mas funciona como argumento de venda.

E, cá entre nós, quem está na boleia pouco se importa com o nome. O que conta mesmo é a força que vem por trás do volante — seja ela pesada, extrapesada, ou digna de super-herói.

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Marcos Villela Hochreiter
Marcos Villela Hochreiterhttps://www.frotanews.com.br
Atuo como jornalista no setor da mobilidade desde 1989 em diversas redações. Também nas áreas de comunicação da Fiat e da TV Globo, e depois como editor da revista Transporte Mundial por 22 anos, e diretor de redação de núcleo da Motor Press Brasil. Desde 2018, represento o Brasil no grupo do International Truck of the Year (IToY), associação de jornalistas de transporte rodoviário de 34 países. Desde 2021, também atuo como colaborador na Fabet (Fundação Adolpho Bósio de Educação no Transporte, entidade educacional sem fins lucrativos). Em 2023, fundei a plataforma de notícias de transporte e logística Frota News, com objetivo de focar nos temas que desafiam as soluções para gestão de frotas.
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